Avançar para o conteúdo principal

O Fim do Silêncio

Um consentimento deve ser dado de forma livre e esclarecida. A autonomia, objectiva e subjectiva, pode ser prejudicada pela ignorância, medo, manipulações, sofrimento e qualquer coação que influencie a decisão pessoal. Por isso, um consentimento, só tem validade moral se a pessoa se aperceber dos riscos, limitações e benefícios que o mesmo traz. Deve, por conseguinte, ser fornecida informação ajustada para reflectir, ponderar, discernir e decidir sem indevidas pressões.
Lembro-me de, há quinze anos, termos, por imposição do Decreto-Lei 244/94, de fazer o registo de não dador caso não quiséssemos doar os nossos órgãos. Registo de "Não Dador", porque não registo de "Dador"? Pressupõe-se, nesta legislação, que todos os portugueses querem ser dadores, grave porque, num regime democrático,  o cidadão diz o que quer, não o que não quer. Quem desconhece a lei, muita gente, é, à partida, obrigado a ser dador sem saber que o é. A doação presumida viola o princípio da autonomia da vontade e da dignidade da pessoa humana. Presumindo-se que um individuo é dador roubasse-lhe a autonomia de decidir sobre o destino do seu corpo. Só este facto levou-me a contestar a lei.  Queriam, por inactividade, imporem-me uma decisão.
Sendo, esta, uma decisão de suma importância, estava sempre em jogo uma vida humana, tentei informar-me sobre o assunto, auscultando várias opiniões que me esclarecessem sobre o significado de "post mortem", após a qual seria feita a colheita dos órgãos e tecidos. O decreto-lei, referido, primava pela ausência deste esclarecimento o que limitava a tomada de uma decisão.  Feita uma pesquisa, não muito detalhada, conclui que  post mortem, morte cerebral, estado de coma profundo, era diagnosticada estando, ainda,  o coração a bater. A equipa de transplantadores não seria a mesma que faria os testes de morte cerebral, o que parecia deixar algumas pessoas descansadas. A mim nada me dizia esta referência. Seria possível os segundos verificarem se os primeiros cometeram algum erro? Não me parece.
Como se depreende, por tudo que aqui foi dito, a minha única dúvida permanecia no facto de os órgãos terem que ser retirados quando o dador ainda tinha o coração a bater o que, para mim, significava vida.  A morte cerebral seria morte? Não estarei eu viva enquanto o meu coração estiver a bater?
Acreditava e acredito que o milagre acontece com a força da vida. Assim sendo, como pode alguém, extrínseco a mim, medir a minha força de vida? Como pode alguém decidir matar-me quando eu ainda vivo e quero viver? Como pode alguém decidir, além de mim, o valor da minha vida?
Houve tanta gente que acordou no meio das frias pedras de mármore de uma morgue. Porquê? Como pode isso acontecer se houve um médico que passou a certidão de óbito? Como pode, ainda, alguém ser encontrado virado no caixão?  
Há algo não conhecido, algo que pode ser o culpado por se aniquilar  uma vida. Matar uma vida  para se salvar outra? Qual das duas tem mais importância? A do dador ou a do receptor? A do dador, a vida é dele.
Têm surgido várias notícias sobre pessoas que estiveram em coma e dizem ter ouvido e entendido o que se passava ao ser redor. Pessoas que estiveram, muitos anos, em coma e recuperaram.
Salvatore Crisafulli, italiano, agradece ao irmão o facto de ainda estar vivo. Os médicos diziam que tudo estava perdido, que tudo seria inútil, que ele morreria em três ou quatro meses. Não está morto.
Em Junho de 2007 surge a notícia de um polonês que permaneceu 19 anos em coma, depois de ter sido atropelado por um trem, surpreendeu os médicos ao retomar a consciência. Jan Grzebski, com 65 anos, ficou espantado com as mudanças na Polónia, no mundo e na sua família quando acordou. A Polónia vivia, agora, em democracia, abraçava o capitalismo, o muro de Berlim tinha caído, os telemóveis imperavam, os seus quatro filhos tinham casado e tinha onze netos. Deve a sua vida à mulher que acreditou na sua recuperação, durante dezanove anos. 
Mais recentemente surge a informação que um belga de 43 anos, em aparente estado de coma, durante vinte e três anos, via, ouvia e sentia tudo à sua volta. Um erro de diagnóstico fez com que  Rom Houben vivesse um autêntico martírio. Os médicos pensavam que ele estava num estado vegetativo e, ele, sabia tudo o que se estava a passar. Steven Laureys, neurologista da Universidade de Liége, Bélgica, após tantos anos, descobre, fazendo-lhe uma tomografia de última geração,  que, apesar de ele ter perdido todo o controle sobre o seu corpo, estava consciente.
Este mês surge a notícia:
Cientístas americanos conseguiram identificar sinais de consciência num paciente em estado vegetativo e descobriram que, este, mentalmente, respondia às perguntas que lhe faziam. 
Assim sendo, ser ou não dador não é um acto ou não de solidariedade, é um acto de confiança, ou não, na ciência e nos técnicos intervenientes na tomada de decisão.
Enquanto há vida há esperança e,  em ciência, o que hoje é certo amanhã poderá não sê-lo. Se nos lembrarmos, então, que errar é humano teremos, ainda, mais dúvidas no que se  relacionar com a vida humana. Não decidam desligar a máquina, deixem que a natureza decida por vós, que ela tome o seu curso normal, não esquecendo que o que pode salvar também pode matar.
Foi, sem dúvida, descoberta a voz do silêncio, compete-nos, agora, dar-lhe voz e ouvi-la.

Fotografia: Site photobucket
Brown Eyes

Comentários

Poetic Girl disse…
Sabes eu digo que se me acontecesse uma espécie de morte dessas, preferia que me deixassem ir. Já viste o que é acordar depois de tantos anos? a vida passou num frenesim constante, e nós ali... prolongando o sofrimento de quem nos ama. Acho que quereria partir, mas digo isso talvez porque não imagine o que é ter alguém nessas condições e desejar que essa pessoa volte a viver. Uma coisa sou eu, outra as pessoas que amo... bjs
Mulher a 1000/h disse…
Fiquei em pés de galinha ao ouvir-te relatar esses casos todos! Por um lado sempre me pareceu uma atitude bem altruísta da minha parte doar os meus orgão spost-mortem a alguém que deles precise, por outro sempre me pareceu algo macabro andar a brincar com orgãos humanos como com legos... mas não sei, acho que não tenho opinião formada, devidamente vincada em relação a este assunto e acho que vou deixar tudo nas mãos do destino! Afinal de contas, pouco o conseguirei controlar de qualquer das formas! ;)

Texto poderoso este teu... fico sempre sem fôlego! :D BJS
Su m disse…
Olha, eu tenho uma ideia um pouco diferente em relação a isso - em relação a mim.
Agora, confesso que, depois de ler isto mudei de opinião em relação a situações de pessoas que não eu...
lutaria por elas definitivamente.
Eva Gonçalves disse…
Não sei muito sobre o assunto, mas penso que o coração é mantido a bater artificialmente, precisamente até ser possível retirar os orgãos...não é nos casos em que o coração bate e os pulmões respiram por si, e em que se declaram em coma, que se decidem retirar orgãos. O coma e a morte cerebral são coisas diferentes. Não concordo contigo sobre a legislação. penso que Portugal tem uma legislação muito à frente e civilizada em relação a este tema. Nem consigo conceber alguém em vida decidir que não quer doar os seus orgãos, mas toda a gente tem o direito de o fazer. A lei permite que o façam. E ao contrário do que julgas, penso que a maioria das pessoas está ao corrente disto. Não penso que a minha família tem direito a decidir por mim, nem a decidir o que fazer com o meu corpo. Na práctica, decide como é o funeral, se o próprio não tiver deixado instrucções, porque é ela que vai tratar e visitar se quiser... Penso que a lei é como deve ser... e já devem ser tão poucos os casos, em que isso acontece, que se não fosse assim, não havia orgãos que chegassem. Eu percebo onde queres chegar, da imposição... mas talvez seja uma lição de civismo e de ética humana a lei, que a sociedade tanto precisa...porque se pressupõe que as pessoas, têm bom coração no fundo e nunca se negariam a possibilidade da dádiva... e prefiro acreditar que é assim, de facto. Espero que nunca mudem a lei, assumindo o inverso, o egoísmo como sendo o mais natural, sendo preciso ser benemérito ou altruísta para se lembrar de se registar... Quero acreditar que a maioria das pessoas, concorda com a Lei neste momento, mesmo se parece que não temos voto na matéria... porque temos, se discordamos, registamo-nos como não dadores e agora com o testamento vital que dentro em breve vamos poder fazer, já deixamos os procedimentos que queremos e não queremos que nos façam.... É preciso lembrar que os orgãos para transplante só existem com dadores que morrem cerebralmente... em que os outros orgãos estão em perfeito estado para colheita e serão escassos... os próximos a precisar de orgãos compatíveis, podemos também ser nós... :) beijinho
Não concordo em nenhum ponto colocado por ti neste post.
Alias,minto. Acho que é louvável a fé dos parentes de pessoas que estão em coma em sua volta a consciencia.

Existe o outro lado da moeda, sabe?
E posso compartilhar esse lado porque o senti e sinto na pele.

Minha mãe, em 1978, descobriu que tinha fígado/rins/ovários policísticos. De acordo com os médicos, somente depois de uns 20 anos ela sentiria os efeitos desta doença.
Não deu outra. Em 98, ela começou a fazer diálise porque seus rins pararam de funcionar.

Logo suas irmas foram fazer teste de compatibilidade para ver quem seria capaz de fazer a doação. Das 5 irmas, nenhuma compatível.
Nós, somos 4 filhos. Queríamos fazer os testes também. Mas soubemos então que 2 de nós temos a mesma doença.
Ou seja, daqui a um tempo, meus 2 irmãos precisaraão de um de meus rins e do de outra irma.

Por causa disto, minha mãe nem deixou fazermos testes para ver se poderíamos ser doadores dela. Ela queria ter a certeza d euqe teríamos rins para doar a nossos irmãos.

Ela fez diálise por 2 anos, e em 2000 um dos cistos do fígado se rompeu. Teve hemorragia interna e foi internada. Precisava de um novo fígado.
De acordo com o hospital, haviam 3 pessoas que tinham condições de fazer a doação para ela. Mas os parentes não o quiseram. Ela faleceu 7 dias apos sua entrada no hospital.

Nós não somos nada. Somos casca , e pó.
Nunca pensei sequer por um segundo em não ser doadora de órgão porque "enquanto o coração bate há vida" e outros.

Se há chance maior de eu poder ajudar alguém com mais chance de sobreviver do que eu, porque não o faze-lo? Egoísmo demais, a meu ver.

Fica na paz.
Juana disse…
Brown Eyes eu não acredito em coincidências... a propósito deste assunto que colocas: eu ouvi ainda esta semana, notícias de uma colega que súbitamente se sentiu bastante mal e foi para o hospital. Após diagnóstico correctíssimo de um médico especialista foi imediatamente transferida de helicóptero para Lx. Recebeu transplante hepático de um jovem de 39 anos, que faleceu por não resistir a problemas cardíacos, enquanto aguardava por um doador! Ela está a recuperar! A vida dá-nos oportunidades ou não, mas tu também podes decidir em consciência, aquilo que queres fazer do teu corpo!
Brown Eyes disse…
Bela tu tocaste um aspecto importante: será que quem está em coma quererá estar? É algo que agora, tendo os cientistas descoberto como interrogar essas pessoas lhe poderá perguntar. Depois surge outra discussão: a eutanásia. Tudo que tem a ver com a vida humana leva a muita controvérsia. As pessoas que nos amam e nos vêem em coma, quererão que partamos ou querem continuar a cuidar de nós e a ter-nos a seu lado? Será que uns e outros têm o direito de ter a decisão de uma vida nas mãos?
Beijinhos
Brown Eyes disse…
Sílvia a melhor conclusão de um tema destes, a vida humana, penso que será mesmo deixar a decisão nas mãos do destino, da natureza. Confiar na decisão de um médico, que, afinal, nada sabe sobre o que é a morte, se alguém está ou não morto, será uma má opção. Lembro-me daqueles que são autopsiados, fico preocupada. Não sei quantos estavam vivos quando esta lhe foi feita. Está visto que as verdades, em relação à vida humana, têm vindo a modificar-se o que nos levanta muitas dúvidas. Conheço pessoalmente pessoas que decidiram que queriam ser cremadas para evitar que pudessem ter o azar de serem enterradas vidas. Não estamos sequer a abordar o tema sob o ponto de vista religioso porque, isso, daria pano para mangas. Tentei aborda-lo, só, sob o ponto de vista do dador que poderá ter ainda hipóteses de vida como estes exemplos nos confirmam.
Beijinhos
Brown Eyes disse…
Su este tema sugere muitas ideias, muitas interrogações. O que pretendi com este post foi mesmo fazer as pessoas pensarem sobre o assunto. À partida todos somos solidários, todos queremos salvar vidas mas será que alguém quererá salvar uma vida perdendo outra? Então se a vida em causa é alguém que amamos muito, se o dador for alguém por quem éramos capazes de tudo, estaremos dispostos a dar a vida dele por outra? O que é a morte afinal? Descobriu-se que afinal a morte cerebral pode não existir, que o doente em coma pode comunicar se for utilizado o aparelho adequado. Há demasiadas dúvidas que terão que ser aprofundadas, conhecimentos que temos que adquirir para podermos tomar decisões conscientemente. Beijinhos
Eva Gonçalves disse…
Já tinha escrito um comentário a este post de tarde, mas por algum motivo, não ficou. Era enorme... e agora resumidamente, vou apenas dizer, que, primeiro, estar em coma não é o mesmo que morte cerebral. São apenas em casos de morte cerebral e bom funcionamento de orgãos que se fazem recolhas de ogãos e neste caso, o coração e pulmões são mantidos a funcionar artificialmente até à recolha. Estar em coma, é diferente. E segundo, concordo com a legislação tal como está. Aliás, penso que é uma lição de ética e de civismo que damos aos outros países, porque se assume que as pessoas, são naturalmente civilizadas e altruístas e não o contrário, obrigando-as a se registar como dadores, como acontece lá fora. Prefiro acreditar que a maioria dos portugueses pensa como eu, está informada,e está de acordo com a lei. Isto é a versão resumida...imagina! :) beijinho
Brown Eyes disse…
Querida Ana Cristina este tema é doloroso para ti, tens na família quem necessitou e quem vai necessitar de órgãos mas, este post está dirigido ao outro lado, dador, que acaba por estar interligado ao do receptor. Pretendia apenas alertar as pessoas para, não só para a verdade que a ciência nos transmite ser mutável, como, ainda, que ao se estar a retirar órgãos a alguém se pode estar a acabar com a esperança de vida que poderia haver. Todos sabemos que o facto de um receptor receber um órgão ou tecido, pode não estar a ser salva a vida dele. Pode haver rejeição. Imagina estarmos a tirar a vida a um dador, morte cerebral afinal não é morte, para salvarmos alguém que, no fim acaba por morrer? Já pensaste nisto? São duas mortes por nenhuma vida. Não estou aqui a falar de doações em vida, apenas doações de pessoas que estão em coma. O que será egoísmo, o do dador que quer manter a vida ou o do receptor que quer viver? Na vida não podemos ser radicais, o que para mim é uma vida a vegetar para quem a vive pode ser uma vida de felicidade. Egoísmo é quando nós queremos ver apenas o nosso ponto de vista e não é isso que faço aqui. Aqui chamo a atenção para a vida de alguém que não tem tido até agora voz, que arca com as consequências das decisões dos outros. Se estivesses em coma não gostarias que ouvissem a tua voz? Que te perguntassem afinal o que querias? É isso que não tem sido feito. Todos temos os mesmos direitos. Sabemos que a ciência também se desenvolve com as nossas doações. Sabes que utilizam corpos humanos para experiências,não só para salvar vidas. A que preço se desenvolve a ciência? Os indigitados não terão os mesmos direitos que todos os outros? Ana acredita que neste mundo nem tudo o que se passa tu conheces, há por aí tantas experiências que nunca te chegarão aos ouvidos. Se chegassem talvez deixasses de acreditar na ciência e na medicina. Desculpa ter-te feito recordar momentos menos bons mas, quem sabe, daqui a uns anos não sejam precisos mais dadores? Já há um coração artificial, que permite manter o receptor vivo até que apareça um coração de um dador. É um princípio para se chegar lá. Até porque a necessidade de órgãos tem gerado um negócio e isso acabaria com as nossas dúvidas e com esses negócios que levam muitas pessoas necessitadas à morte. São retirados órgãos, principalmente rins, na cadonga sem o mínimo de limpeza e de conhecimentos técnicos a troco de uma miséria.
Beijinhos e obrigado por teres deixado a tua opinião, de alguém, que viveu e vive parte deste problema.
Brown Eyes disse…
Eva chegaram os dois agora, porquê não sei. Já estive para pôr os comentários abertos porque logo que escrevesses poderias vê-lo mas, ainda bem que não o fiz. Outro dia, alguém, de um blog duvidoso, resolveu vir para aqui fazer publicidade, ao mesmo, com palavras menos próprias daí estarem os comentários sujeitos a prévia análise. Eva não me parece que sejam coisas diferentes. O que é o coma? Como é mantida a pessoa que está em coma? Artificialmente. Foi precisamente verificado que as pessoas em coma não tinham morte cerebral como se pensava. O estado de coma tem é uma classificação internacional por uma escala, chamada escala de Glasgow, onde o coma mais profundo equivale a Glasgow 3. Se as coisas são assim tão fáceis porque em alguns países a decisão tem que ser tomada por vários profissionais? Porque há então várias etapas a serem analisadas antes de se decidir retirar um órgão a um dador? Dadores que morrem cerebralmente, dizes tu, pois descobriram agora que esses dadores não estão mortos cerebralmente, não utilizavam era o instrumento certo para lhes diagnosticar a morte cerebral. Pois o problema está mesmo nessa morte cerebral que estes cientistas descobriram que não existe. Egoísmo tem muito que se diga Eva, tu sabes disso. Tanto posso ser considerada egoísta quem não quer dar como ser considerada egoísta quem quer receber a todo o custo. Não será? Não acredito que tu agora, sabendo o risco que pode estar a ser a retirada de um órgão queiras a todo o custo ter um dador. Querias? Diz lá? Eu não. Por mais que eu ame viver não queria um órgão que matasse outra pessoa. Depois eu não acredito nos cientistas, nem nos médicos, ao ponto de achar que está tudo a ser feito correctamente. Eles, dentro do que conheciam, ou até do que diziam conhecer, descobriram a salvação de algumas vidas, com os transplantes, mas será que tinham conhecimentos suficientes para decidirem sobre a vida do dador? Os cientistas não conhecem na totalidade a mente humana, apenas conhecem de 8 a 14% do cérebro, e muito menos a consciência humana. Esta é a verdade. Nenhum cientista conhece todas as potencialidades do cérebro humano. Não as conhecendo como podem então decidir sobre a vida humana? Há dias, vinte e tal dias depois, foi descoberta uma criança viva no Haiti. Quantos dias dizem que consegues sobreviver sem beber? Três e sem comer quinze. Como esta criança sobreviveu tantos dias? Porque nós temos capacidades desconhecidas ou porque afinal não temos necessidade de água e comida mas sim de outro tipo de energia? Eva quanto mais nos debruçamos sobre o ser humano mais dúvidas temos. Há quem diga que precisamos de energia para vivermos mas que essa energia pode não ser liquida nem sólida. Há quem diga e tenha inclusive comprovado que nós precisamos de energia para vivermos, energia que vem do ar que respiras, do sol que apanhas e que os alimentos sólidos e líquidos que ingeres te obrigam a despender mais energia quando os expulsas do que a energia que consegues extrair dessas substâncias. Jasmuheen que escreveu o livro Viver da luz levantou essa polémica chegando, até, a afirmar que esta verdade não interessa ser conhecida porque a sociedade de consumo perderia muito dinheiro já que gastamos mais em alimentação que em tudo o resto. Ela inclusive diz que a alimentação sólida nos cria problemas de saúde. E agora onde está a verdade? No que te transmitem os médicos ou o que esta senhora te diz? Só experimentando. Quem está disposto a pôr a vida em risco para experimentar? Não tenho dúvidas que a vida humana é uma incógnita que ninguém conhece na totalidade e por isso surgem os ditos milagres. Quanto à lei expliquei porque penso que ela não está correcta. Se tu nunca escolhes nada que não queres porque aqui te obrigam a fazer um registo quando não queres? Por algum motivo será não? É mesmo por saberem que a pessoa é por natureza preguiçosa, nem todos conhecem a lei o que trará um número superior de dadores do que se fosse o inverso.
Beijinhos grande.
Helga Piçarra disse…
É um assunto delicado, que confesso me deixou com um nó na garganta. Onde há duas partes envolvidas, neste caso doador/receptor, há sempre dois lados da questão e nenhum desses lados é de fácil decisão.

Se eu tivesse alguém querido, cujo coração ainda batesse e alguém precisasse dos seus órgãos para sobreviver, os meus sentimentos provavelmente não me deixariam decidir com clareza, pois queremos fazer tudo para salvar esse alguém. Acreditamos na esperança e nos milagres que referes, raros mas que acontecem.

Por outro lado, se eu tivesse um ente querido a precisar de um órgão de alguém clinicamente dado como morto, eu iria implorar pelos seus órgãos para o salvar.

Mas acho que a questão levantada, nem é tanto esta, a da escolha, e sim a de podermos decidir o que queremos fazer com o nosso corpo depois da vida o abandonar. Desconhecia essa lei, que somos todos dadores até manifestarmos vontade de não o sermos. Pensei que fosse precisamente o contrário, mas neste momento se me perguntassem o que quero fazer, creio que diria que sim.

Se os meus órgãos podem salvar alguém, com uma hipótese de vida de melhor qualidade do que aquela a que estarei reservada, porque não? Afinal somos todos familiares de alguém.

Excelente post! Beijinho :)
Brown Eyes disse…
Helga como eu dizia à Eva há muita gente que desconhece esta lei e que não sabe que é dador à força, porque para terem mais dadores modificaram o que é normal: normal é registares-te quando queres e nada fazeres quando não queres. Impuseram-te uma decisão sem teres sequer conhecimento. Não é justo como explico no post. Tu resumiste, claramente, o conteúdo deste post e além disso, resumiste também a natureza humana. Natureza humana que acaba por ser sempre egoísta dependendo das suas necessidades, como tu deixaste explicado. Que mais te hei-de dizer? Disseste tudo. Beijinhos e obrigada pela tua participação neste cantinho.
Lala disse…
O único caso que conheço de "desligar de máquina" foi o do "meu sogro". Escrevo entre aspas porque a máquina que mantinha o seu coração a bater foi desligada quando o pai da minha filha ainda tinha 8 meses... Mas "adoptei-o" como sogro assim mesmo! Sei, pelo que me foi contado, que aparentemente só mesmo o coração batia... e também sei que o sofrimento dos seus era atroz. No entanto, acredito, tal como tu que enquanto há vida, há esperança. Ninguém me diz que ele não acordaria daquele dia para a frente. Não sei, sinceramente, se concordo com o "desligar da máquina", nem mesmo para doar orgãos! E, deixa-me que te diga, essa lei (que eu desconhecia) é de loucos!! Assim como acho um absurdo um doente ter que assinar um termo de responsabilidade em caso de operação... Em situações mais drásticas, se o cirurgião cometer um erro a "responsabilidade" é do doente que está anestesiado...? Bem... existem decisões que não se podem tomar de ânimo leve,nem de forma a "brincar" com a vida das pessoas... essa lei é um exemplo vivo disso! Cristo!
enquanto estou de perfeita saúde e vivinha, até posso ponderar numa situação dessas, é muito gratificante poder ajudar os outros... mas só se a minha vida não depender disso... claro!! E pulmões é para esquecer... fumo que nem um cavalo...
Mas se o problema é a lei, que se assinem termos de responsabilidade... se a pessoa não o puder fazer... uma impressão digital é uma assinatura... por outro lado, uma máquina só poderá ser desligada com autorização de alguém próximo (muito próximo): marido/mulher, filhos ou pais... aliás a isso chama-se eutanásia, que julgo, é proibida em Portugal.

Beijinho grande*** e Força!
Brown Eyes disse…
Lala se tu não conhecias o zé povinho que vive na aldeia também não conhece. Acho esta lei uma armadilha. A eutanásia não existe mas faz-se, desligam-se as máquinas e como dizes quem sabe se amanhã a pessoa não reagiria? Ainda bem que falaste nos termos de responsabilidade que são outra armadilha que põem na mão do doente. Como dizes e bem que sabe o doente, que participação tem ele numa operação para assinar um termo de responsabilidade? Nenhuma. Serve para desresponsabilizar o médico que devia ser responsável pelo que faz. Outra, muito na moda, são os termos de responsabilidades que se assinam nas clínicas de estética. Até para te bronzeares artificialmente te dão para a mão um termo para assinares. Quem é que te informa sobre os perigos do bronzeamento por raios lazer, quem tem a máquina que bronzeia e quem manipula a máquina? Será o cliente? É importante que as pessoas tenham a noção certa do que as rodeia e do que engloba cada decisão. Beijinhos Linda.
Brown Eyes disse…
Juana estava agora a comentar o teu blog quando me apercebi que ainda não tinha comentado o teu comentário. Sorry rsss.
É isso apenas que pretendo: decidir em consciência mas para tal tenho que ser correctamente informada de todos os prós e contras e, até, das lacunas existentes. O que não é feito. Juana quem seria a tua colega para ser tão prontamente atendida? Pois é que também há esse problema na saúde, se és conhecida tudo corre sobre rodas se não és, como o caracol. Beijinhos
Brown Eyes disse…
Juana estive alguns anos a trabalhar num hospital, sei como as coisas funcionam, na saúde, sei como são tratados uns e outros. Sabes que neste país não há "nós", há uns e outros que se tratam de maneira diferente. Pena mas esta é a verdade e entre a classe médica também há muitas diferenças. Beijinhos
Olhos Dourados disse…
Essas coisas têm muito que se lhe diga. Eu tenho um medo que seja enterrada viva!!
Brown Eyes disse…
Olhos Dourados é verdade, têm mesmo muito que se diga. São assuntos delicados, nos quais nos recusamos até a pensar. Beijinhos
Eva Gonçalves disse…
Eu percebo a tua perspectiva... de que a vida do possível doador, não vale menos do que as cinco ou seis pessoas que vão receber orgãos. É verdade. E também é verdade, que os médicos não sabem tudo, e também é verdade que até pode ser que essas pessoas nem estejam "mortas", mas repara, qual é a alternativa? Nunca fazer colheita de orgãos e deixar morrer tantas pessoas bem vivas, que precisam dos orgãos? Eu percebo perfeitamente aa tuas dúvidas, é como ver que afinal se calhar poderia haver montes de sobreviventes ainda no Haiti, se não decidissem acabar tão cedo com as buscas... sempre me impressiona isso... saber que é possível sobreviver, encontrar um caso ou outro... e numa próxima vez, deixar de procurar cedo na mesma... enfim... mas é assim...o equilíbrio entre as probabilidades ínfimas, os recursos económicos,e a necessidade de avançar para outras necessidades. Mas doi na mesma. Por princípio, nunca ninguém deveria decidir sobre o momento de morte de outro ser humano, mas perder-se-iam muitas vidas...muitas muitas... que poderiam ser salvas. No meu caso, se houver dúvidas que eu esteja viva.. e se podem ser salvas com certeza, 5 ou 6, prefiro que as salvem, percebes? E preferia que ninguém se sentisse culpado por isso. Ah, penso que mais pessoas estão informadas sobre a lei, do que pensas, eu própria já falei com os meus filhos sobre isso, mas posso estar enganada, talvez devesse haver regularmente, para as novas gerações, mais informação. É difícl a questão, mas continuo a dizer, que cada um pode escolher ainda assim. Beijinho
Brown Eyes disse…
Eva preocupa-me o facto de alguém estar a ser morto e ainda, para cumulo, ouvir o que lhe vai acontecer sem ter meios para contactar, preocupam-me os erros médicos que levam pessoas à morte, preocupa-me, resumindo, tudo que não respeite a vida humana. Quanto ao Haiti sabes que senti uma enorme dor quando ouvi dizer que iam parar as buscas? Foi um choque para mim. Parar as buscas quando há pouco tempo tinham tirado ainda dois miúdos vivos? Imagina o que sentirá uma pessoa debaixo dos escombros à espera, dia após dia, para ser salva e acabar por morrer sem ninguém a ter ido ajudar? Preocupa-me o desinteresse que noto pelo ser humano nesta sociedade de consumo, onde quem tem dinheiro tudo consegue e quem não o tem é tratado como um objecto. Gostava de ver todos bem cuidados e com a máxima atenção, principalmente quando estão doentes, não vejo isso. Gostava que todos tivessem oportunidades de se fazerem ouvir, não é assim. Eva assusta-me a precipitação com que certas decisões são tomadas, decisões que jogam vidas humanas. Se puder alertar fa-lo-ei, quem sabe não consigo fazer as pessoas ponderarem, o que já é bom. Dar a conhecer a última descoberta sobre as pessoas em coma talvez contribua para que os familiares deles tenham isso em conta e os mimem mais, lhes deem a atenção que eles precisam, por saberem que afinal eles estão a ouvi-los.
Eva lê os comentários e verás que muita gente não sabe da existência dessa legislação. A alternativa está a ser estudada, órgãos arteficiais. Aí sim está a alternativa. Lógico que não sou contra a retirada de órgãos de uma pessoas decapitada, percebes? Só que neste caso não são retirados porque a pessoa está morta. Agora de uma pessoa viva NÃO, por amor de deus. É UMA VIDA. Eu posso estar a precisar de órgãos mas jamais quereria viver sabendo que outro morreu para eu viver. NUNCA. Se alguém tinha que morrer que fosse eu. É uma questão de princípio. Mesmo que esse alguém tivesse uma vida a vegetar, a vida dele é sempre mais importante que a minha. Beijinhos
Olga Mendes disse…
Querida amiga, é só para te dizer que li a tua publicação ontém à noite, é um tema de muito respeito, principalmente para quem é humano, e para quem é filha e mãe, e o assunto está a ser processado aqui na cabeça porque não devo falar dele sem ter conseguido alinhar as minhas ideias todas. Sou assim deixo os pensamentos voarem livremente até a ideia se formar. Mas volto para dar a minha opinião. Beijinhos grandes.
Brown Eyes disse…
Olga este é um dos assuntos mais complicados por estar em causa a vida humana. Por mais que pensemos sobre o assunto continuamos a ter muitas dúvidas. Podemos opinar mas não implica que amanhã possamos ter modificado a nossa opinião por termos conhecimento de dados novos. Beijinhos
Unknown disse…
Olá! É um tema demasiado complicado para expressar aqui a minha opinião. Mas, posso dizer que não me importo de ser doadora caso fique num estado vegetativo...porque a minha ideia de vida abrange outras capacidades, só o coração a bater não chega...kisses
Brown Eyes disse…
Tulipa obrigada pela tua opinião, deve ser muito complicado viver nesse estado. Beijinhos
João Roque disse…
Este assunto é mesmo muito delicado e logo surge hoje, dia em que faleceu minha irmã depois de mais de um mês antes, a médica me ter informado que mais nada havia a fazer e apenas se esperava o tempo que o seu organismo iria resistir; perguntei-lhe, naturalmente, quanto tempo? e ela respondeu que podia ser daí a horas, a dias, no máximo, uma semana.
Passámos 38 dias a saber informações e a mesma resposta, sempre: estado sem alteração!
O que se passava na minha cabeça era terrível: não sabia o que era melhor, que morresse o mais breve possível, já que NADA havia a fazer ou continuar a esperar, sem sequer saber ao certo, se estava a sofrer ou não (a ciência parece ainda não ter resposta para isso).
Portanto o coma, e a morte cerebral em que ela esteve uns dias antes, tudo isso é muito complicado e doloroso para mim.
Compreendo o teu ponto de vista, mas também sei que, não havendo absolutamente nada a fazer, talvez uma vida seja salva e nada me diz se amanhã, eu ou algum familiar não esteja nessa situação.
É um problema de consciência.
Beijinho.
Patricia Silva disse…
Olá Brown, eu tinha uma opinião formada a respeito deste assunto, mas vieste tu e acabaste com ela.
Tenho de pensar bem no que escreveste e no que foi dito aqui.
Foi uma boa ideia este post,fiquei mais esclarecida, e colocaste aqui algumas questões que me fazem pensar.
Bjocas
Patty
Brown Eyes disse…
Pinguim a tua opinião é importante, viveste esta situação. Mas como viste no fim do post está a resposta para uma das tuas dúvidas, saber o que ela pensava. Já há, é natural que em Portugal ainda não haja, oportunidade de se saber o que pensa uma pessoa que está em estado de coma. Haverá pessoas que se negam a viver assim, que se negam a esperar melhores dias e outras não. É complicadissimo para quem vive de perto estas situações. Sei que mais fácil é nós estarmos aqui a discutir, como hipótese, do que falarmos sobre o assunto e tomarmos decisões porque está a acontecer na nossa vida. Pinguim obrigado pela tua participação e recebe os meus sentidos pêsames. A tua vida a nível familiar não tem sido fácil, ultimamente. Beijinho grande
Brown Eyes disse…
Patty o que eu pretendia era mesmo isso, uma discussão aberta que nos deixasse a todas informadas e que alargasse os nossos conhecimentos. Já houve, como leste, participantes que viveram esta situação e ninguém melhor que eles para nos darem a sua opinião. O bom disto tudo é mesmo que essas pessoas, que estão em coma, tenham voz e possam transmitir-nos o que pensam e sentem. Isso deixou-me felicíssima, há muitos anos que me preocupava essa situação porque nunca acreditei que estivessem mortos cerebralmente. Beijinhos
By Me disse…
ESTE TEMA É DELICADO PORQUE TAMBÉM MEXE COM A IDEIA QUE VEM DOS ANTEPASSADOS...MORRER E VIAJAR COM TUDO NO DEVIDO LUGAR PARA CHEGAR AO CÉU INCÓLUME...MAS QUANDO SE MORRE...O CORPO MORRE TAMBÉM...
O ÚNICO PORMENOR QUE SEI É TEMOS VOTO NA MATÉRIA...PODEMOS DEIXAR UMA NOTA A DIZER A NOSSA VONTADE...MAS NÃO SEI SE NA PRÁTICA É ASSIM...

DEPOIS..NÃO SEI QUAL A UTILIDADE DE ALGUÉM FICAR UMA CAMA,EM ESTADO COMA PROFUNDO OU VEGETATIVO, SEM PODER FAZER RIGOROSAMENTE NADA ...JÁ QUE ALGUÉM DECIDIU LIGAR UMA MÁQUINA...É VIDA ARTIFICIAL...NÃO É A VONTADE DE DEUS...
MUITAS VEZES A DECISÃO É A EUTANÁSIA...OUTRO TEMA COMPLEXO...MAS CADA UM DEVIA TER O LIVRE ARBÍTRIO DE DECIDIR PELA SUA VIDA...E SE AS PESSOAS ACHAM QUE DEVEM DOAR OS SEUS ORGÃOS PORQUE NÃO?EM PROLE DE UMA VIDA QUE JÁ UMA ESTÁ PRESTES A IR... RENASCE OUTRA...
ISTO É SER SOLIDÁRIO...É ÓBVIO QUE DEPENDE DOS CASOS...
NA MINHA OPINIÃO O ESTADO VEGETATIVO É DEPRIMENTE PARA UM PACIENTE ..A NÃO SER QUE ELE MANIFESTE QUERER VIVER...AÍ TEM TODO O DIREITO...
LEMBREI-ME AGORA QUE HÁ ALGUNS ANOS ATRÁS...EU VI UM PROGRAMA NO ODISSEIA QUE ME FEZ ESTREMECER...RELATAVA CASOS DE PESSOAS QUE TINHAM VIDAS DIFERENTES...HAVIA UM CIENTISTA QUE ERA MAIS PEQUENO QUE UM ANÃO,MUITO INTELIGENTE, E QUE TINHA TESES BEM ELABORADAS E CONCEITUADAS E A CABEÇA DELE ERA MONSTRUOSA...OUTRO CASO ERA UMA SENHORA SÓ COM TRONCO...SEM BRAÇOS,SEM PERNAS ...ERA CASADA COM UM HOMEM PERFEITAMENTE "NORMAL" E TINHAM RELAÇÕES SEXUAIS SAUDAVÉIS E ELE PRÓPRIO DIZIA-SE MUITO SATISFEITO...

EU PESSOALMENTE SEI POUCO PARA ME PRONUNCIAR MAS GOSTEI MUITO DE TE LER...É A TUA OPINIÃO E COMO TAL TAMBÉM DEVE SER RESPEITADA...

BOM FIM DE SEMANA

BOM CARNAVAL

BJOKAS
Brown Eyes disse…
Pedrasnuas cada um deve fazer o que quer do seu corpo, daí a importância da descoberta feita. O que para um é vida para outro pode não ser. Há quem tenha uma noção de vida tão diferente que lhe basta viver, mesmo não tendo condições nenhumas, no nosso ponto de vista. Esse programa de que falas relatava vidas de pessoas diferentes que eram felizes? Já vi uma reportagem sobre uma mulher sem pernas que vivia feliz. Olhando para ela tu perguntar-te-ias como é possível alguém com tantas limitações ser feliz? Era feliz e transbordava felicidade. A força dela era um ensinamento para nós que nos queixamos com um simples empecilho no nosso caminho.
O que eu sei não é muito mas é enorme a minha vontade de que a vida seja respeitada.Como já disse há anos que me preocupava a vida das pessoas em coma, desde que comecei a investigar sobre o coma por causa da saída da legislação de que falo. Achava que eles eram pessoas vivas e bem vivas. Quando começaram a aparecer estes casos de pessoas que despertavam e contavam que ouviam o que se passava ao seu redor fiquei com a certeza que essa gente estava a sofrer enquanto estavam em coma porque ninguém os ouvia. Engraçado que estas pessoas agradecem, sempre, a quem acreditou que havia alguma coisa a fazer, o que significa que estão contentes por estarem vivas ainda, apesar de terem estado anos em coma.
No aspecto religioso a discussão deste tema depende da religião que o debater. Há religiões que são contra o desmantelamento do corpo e há aquelas que aceitam a doação dos órgãos. Os testemunhas de jeová, por exemplo, que são contra as transfusões de sangue são a favor da dádiva de órgãos. O cristianismo, budismo e a igreja anglicana são a favor.
Beijinhos e bom Carnaval, diverte-te.
Anónimo disse…
Respeito a tua opinião, mas não concordo. Para mim existe vida, pelo menos a terrestre, até o nosso corpo querer - e nesse caso morte cerebral é o mesmo que morte. Nós já partimos há muito, mas o nosso corpo continua "vivo" (falta uma palavra que descreva melhor esse estado e escrevo vivo entre aspas porque sem cérebro (literalmente) não somos nada). Em relação à doação de órgãos, sinceramente, ainda bem que só temos que dizer que não queremos. Se tivessemos de dizer que queriamos doar os nossos órgãos e tecidos, então com a falta de informação e com a típica atitude "faço isso amanhã", ninguém se daria ao trabalho de assinar um pedaço de papel a dizer que queria doar os seus órgãos. Tal como quase ninguém dá sangue ou medula ossea.
E sinceramente, mais vale salvar alguém que possa viver mais 15 anos, do que deixar alguém a vegetar numa cama por 15 anos.

Eu tive uma conversa muito séria com as pessoas que me são próximas e frizei que, se me acontecer algo que me deixe presa a uma cama, prefiro morrer. Para mim viver não é só pensar, não é apenas ter consciencia do que se passa à minha volta e do que os outros dizem. É poder comunicar, escrever, sentir, cheirar, pensar, beijar, tocar... Se eu tive uma vida completa, não me vou contentar com um terço disso ao qual nem sequer posso chamar de vida.
É por isso que eu dou tanto valor à vida. E é também por isso que para mim um dos piores sofrimentos deve ser ter consciência de que estamos dentro de um corpo inútil que não nos deixa viver. Sinceramente, preferia deixar esse corpo para trás.

Mas como já disse no inicio, respeito a tua opinião e ainda bem que, tal como eu mas à tua maneira, dás tanto valor à vida humana :)

Beijinhos**
mz disse…
Li atentamente o teu post. O tema é delicado pois aqui fala-se de "VIDA", de orgãos vitais,de pessoas que necessitam deles para continuar a viver.
Até que ponto somos donos do nosso corpo?
A legislação portuguesa diz que a partir do momento em que uma pessoa nasce essa mesma pessoa é dadora de orgãos.

Quem não quiser doar os seus orgãos, por lei, ninguém lhes pode tocar.
Para isso, terá que por sua iniciativa ou através de alguém de direito que o represente (pais no caso de menores) fazer um registo.

Esse registo será feito através de um impresso disponível em qualquer Serviço de Saúde (REGISTO NACIONAL DE NÃO DADORES)
É só pedir o impresso e preenchê-lo.

Em Portugal temos esse direito.
Nascemos dadores mas podemos recusar (ou alguém por nós enquanto menores).
É um tema de que pouco se fala e que é tão importante.
Eu serei dadora até morrer!

Quanto a deixar que a natureza decida por nós... morreríamos todos cedo e as máquinas não seriam necessárias.

Gostei muito do teu post obrigaste-me a pesquisar e a ficar mais elucidada sobre o assunto.

Já é muito tarde... estou com insónias :)

Um beijinho e bom carnaval!
Unknown disse…
A questão que levantas é uma das que se inscrevem, sem a mínima dúvida, nos direitos, liberdades e garantias individuais.

Essa ideia de que, à partida todos dirão que sim, os que não desejarem terão de, escrevendo, dizer que não, é o modelo das companhias de seguros.

O que irrita solenemente.

O estabelecimento do rigor mortis para qualquer pessoa é muito sério.
A partir do seu estabelecimento, alguém decidir uniletaralmente que pode extrair o orgão tal e tal, terá muito que se lhe diga.

Então para aceitar e cumprir os pedidod de eutanásia, os conselhos de ética reunem-se excitad´ssimos para raramente darem o seu acordo, já na recolha de órgãos a etica passa a pesar menos?

Um humilde cidado que deseje entregar o corpo à medicina antes de morrer, tem de fazer testes de sanidade mental para obter autorização, quase é esmagado pela burocracia; morrendo, quem sabe do que poderá ser espoliadao!

Saudações
Brown Eyes disse…
Di explicaste muito bem a tua visão de vida e, depois do que disseste, todos terão que concordar porque para ti vida não é só estar viva, precisas de te sentir activa. Um beijinho.
Brown Eyes disse…
MZ obrigada pela tua contribuição para o enriquecimento deste post e por teres deixado a tua opinião sobre o assunto. Beijinho grande.
Brown Eyes disse…
JPD não é fácil entender o porquê de diferentes atitudes sobre assuntos equivalentes.Lembro-me de Ramón Sampedro, um espanhol, tetraplégico desde os 26 anos, que solicitou à justiça espanhola o direito de morrer, por não suportar viver assim. Ramón Sampedro permaneceu tetraplégico por 29 anos. A sua luta judicial demorou cinco anos. O direito à eutanásia activa voluntária não lhe foi concedido, pois a lei espanhola caracterizaria este tipo de acção como homicídio. Com o auxílio de amigos planeou a sua morte de maneira a não incriminar a sua família ou seus amigos. Em Novembro de 1997, mudou-se de sua cidade, Porto do Son para La Coruña, 30 km distante. Tinha a assistência diária de seus amigos, pois não era capaz de realizar qualquer actividade devido a tetraplegia. No dia 15 de Janeiro de 1998 foi encontrado morto, de manhã, por uma das amigas que o auxiliava. A autopsia indicou que a sua morte foi causada por ingestão de cianeto. Ele gravou em vídeo os seus últimos minutos de vida. Nesta fita fica evidente que os amigos colaboraram colocando o copo com um canudo ao alcance da sua boca, porém fica igualmente documentado que foi ele quem fez a acção de colocar o canudo na boca e sugar o conteúdo do copo. Lembro-me de ter visto várias reportagens dele ou se via a angústia estampada no rosto. Ele não queria viver assim mas também não queria que ninguém fosse responsabilizado pela sua morte, daí ter pedido autorização ao estado espanhol para que lhe fosse dado o direito a poder morrer, direito que nunca lhe deram e que ele tinha. Afinal se a vida é nossa, aqui não haverá dúvidas, porque não temos o direito a fazer dela o que queremos? Aquele Homem não era feliz, não tinha o mínimo de independência, não queria viver assim, porque não deixarem-no decidir sobre a sua vida? Parece que o juízo que é feito de bem e mal, de correcto e incorrecto é diferente se se trata de eutanásia ou distanásia. Beijinho e obrigada.
Ginger disse…
Este assunto anda há dois dias a criar alvoroço cá em casa e muita pesquisa Google.

A minha opinião é no entanto muito simples... para mim um coma não é o mesmo que morte cerebral. Num coma há sempre a esperança que uma pessoa "volte"... na morte cerebral, o cérebro não mostra qualquer actividade. Está morto... apesar do corpo continuar vivo.
Isso não é viver... ser um vegetal não é viver.
Levanta-se a questão destes últimos casos que surgiram, em que pessoas estiveram dezenas de anos em coma, completamente conscientes do que as rodeava. No entanto isso, para mim, é o mais atroz dos Infernos. Preferia morrer que ser apenas um cérebro vivo. Não poder mexer-me, não poder sequer falar... durante anos e anos e anos e anos. Não. Preferia morrer.
Ficaria extremamente chateada com os meus familiares, caso estes fossem coniventes com essa minha vida de zombie, e podes crer que voltaria do além para os assombrar em forma de umas valentes verdascadas durante o sono. :D

Falar disto é quase como falar de eutanásia.


bjinhos*
Brown Eyes disse…
ahahahah faltavas mesmo tu para dares um ar ligeiro e cómico ao assunto. Ginger dizes que não gostarias de viver vegetando durante anos e anos e há muita gente que pensa assim. Eu penso nisso em relação aos velhinhos que vivem alheios a tudo e sem ter autonomia para agir, tendo, inevitavelmente, que esperar que alguém lhes faça o que necessitam. Não gostaria de viver assim mas daí a gostar ou querer ser morta vai um quilómetro. Não quero viver assim mas amo demais a vida para permitir que ma tirem, muito menos apercebendo-me do que ia acontecer. São as tais contradições que existem dentro de nós. Talvez conseguisse descobrir o que resolver se tivesse o poder de saber o futuro. Sabendo a situação exacta tomaria decerto uma resolução e por isso fiquei tão feliz quando soube que nos podiam entender, mesmo em coma. Há coisas que não consigo resolver não estando a passar pela situação. Adoro a minha liberdade mas também sou apaixonada pela vida. Não sei mesmo o que pesa mais.Falando de Eutanásia, surgiu um caso muito interessante no Reino Unido, Ray Gosling, ex-jornalista confessou te-la praticado. Beijinho grande
Johnny disse…
Para acabar com a discussão, depende!

Tudo é relativo e nestas coisas só se pode falar caso a caso.

(quando as pessoas dizem alguma destas coisas, torna-se impossível continuar a discussão)

Agora a sério, é complicado discutir isto, porque para além da discussão de facto, que é a de saber se somos ou não a favor da cedência de orgãos, existe a outra discussão jurídica, se é que podemos chamá-la assim, de ser ou não ser determinado automaticamente se alguém é ou não dador. Haverá argumentos a favor de um lado, nomeadamente o do respeito religioso, das dúvidas científicas relativamente aos estados de coma, morte cerebral, etc, e do outro, da necessidade de salvar vidas e de melhorar a qualidade de vida das pessoas que necessitam esses orgãos, mas nenhuma decisão relativamente a este tema conseguirá sobrepor-se às conversas que todos temos de ter em família a prever estas situações e outras ainda mais macabras para se respeitar sempre a vontade do dono dos orgãos.


Ou seja, depende.
Brown Eyes disse…
johnny aí está um resumo deste tema tão polémico. Depende, até depende se estamos ou não nesta situação. Quantas vezes tomamos decisões que, na hora certa, pomos de lado? Como dizes só se pode falar,com certeza, caso a caso e no momento do acontecimento.
Beijinho
Eyes

Li o teu texto. Muito bom o tema
escolhido e verdadeiro, nas opiniões dadas.

Quem sabe quando se está, realmente, morto? Ninguém pode garantir.

Morrer é deixar de respirar? E depois? Como será?

Mas isto que digo foge ao tema, eu
sei, mas os poetas são assim -
fogem e voltam sempre...

Escrevi "Sem Rumo" no Sapo. Ninguém sabe, mas me lembrei de ti.
Continuo interdita, mas de vez em quando fujo às normas.

O texto está um espetáculo de descernimento neste "mundo frio".

Beijos,

M. Luísa
Brown Eyes disse…
Maria Luisa obrigada pela tua visita. Passarei no teu cantinho. Beijinho Grande e espero que tudo esteja a correr bem contigo.
Melga disse…
com mil demónios...este assunto dá que pensar, falar e actuar.
Estou na área da saúde, área cirurgica, enfermeiro de reabilitação...cada caso é um caso, por isso se diz que não há doenças há doentes, em virtude do comportamento de cada um de nós perante um determinado estadio de doença...
Quando nos toca na pele, a forma de ver as coisas pode mudar na forma como as vemos para os outros...
Porque sou a favor da doação ou não,
porque sou a favor da eutanásia ou não,
tudo tem de ser bem analisado, caso a caso...
Brown Eyes, talvez compreende as tuas dúvidas, mais no que se refere ao facto de "sermos" dadores por obrigação e recordo-me ainda há dias ter sido tecnicamente e humanamente impossivel reconstruir determinado orgão vital de um jovem politraunmatizado a quem foram recuperados alguns orgãos para alguem que deles necessitava.
Regresso atrás e volto a dizer, sou da reabilitação e há tanta gente que pode recuperar mas desiste de o fazer de o fazer porque não tem sequer o apoio da família.
Tema pertinente, com comentários válidos que permitem se dúvida o debate de ideias....parabéns.


Bjo e bom fim de semana***
Brown Eyes disse…
Melga estava à espera da tua opinião. Sabia que eras enfermeiro e como tal deves ter uma opinião baseada em vários casos reais e, claro, no conhecimento. A experiência pode derrubar a melhor teoria. Como dizes, cada caso é um caso e é sempre arriscado tomar uma decisão antecipadamente, sem estar na posse de todos os dados. Ainda hoje ouvi uma noticia de uma mulher que tinha morrido de ataque cardiaco mas, já na morgue, descobriram que afinal ela não morreu. Não tenho os conhecimentos que tu tens, tenho umas luzinhas mas, parece-me que há muito por descobrir e por isso tem que haver muito cuidado quando se trata da vida. A força de viver faz milagres não é? Desistir é o pior que se pode fazer. Beijinhos e obrigada. Fazias aqui muita falta.
By Me disse…
GRACIAS POR SUS COMENTÁRIOS SENHORITA..RSRS

BEIJOKAS E BOM SÁBADO E UM DOMINGO RADIANTE
Brown Eyes disse…
Pedrasnuas sabes que o faço com gosto e entusiasmo. Beijinho grande para ti e retribuo os teus votos.
Patricia Silva disse…
Olá Mary, tens um presente no meu blog, espero que gostes.
Bjocas
Patty
Alexandra disse…
Olá!! Obrigado por todos os comentários.
Tenho uma prenda para si no meu blog
Brown Eyes disse…
Patty já passei no teu cantinho e adorei a tua prendinha. Beijinho Grande e bom fim de semana
Brown Eyes disse…
Xana obrigada por te lembrares de mim. É um prazer visitar-te e comentar os teus posts. Beijinho Grande
Olá minha Amiga,Mary Brow,
É sempre agradável ver o que tão bem escreves, sempre assuntos com uma grande amplitude. Parabéns!
Venho também informar-te que tenho no meu blog um desafio que será uma boa surpresa para TI!
Passa um bom Domingo,
Carlos Alberto Borges
Olga Mendes disse…
Olá Linda, recebi um senhor desafio e venho desafiar-te... vai lá ver ao meu blogue. Beijinhos carinhosos para ti.
Minha das mais recentes conselheiras :) deixo-te um miminho no meu blog :) beijinho e um muito obrigada
Brown Eyes disse…
Carlos obrigada pelo teu carinho. Passarei por lá. Beijinhos
Brown Eyes disse…
Olga finalmente consegui postar o teu desafio. Espero que tenhas gostado. Beijinhos
Brown Eyes disse…
Eternamente Incansável obrigada pelas palavrinhas. Beijinho grande
Olga Mendes disse…
Obrigada Mary por teres aceitado o desafio, mais o do meu Pete do que o meu, porque a atenção que tu dás aos jovens é uma coisa fora da realidade dos dias de hoje e quando recebem uma mensagem tua vão logo a correr lê-la todos felizes, até os olhos brilham. O Pedro sabe que assim que publica eu vou logo comentar então diz logo mãe já publiquei e assim que me vê vir para o computador vem logo atrás de mim para ler o que eu escrevo. Gostam de miminhos! Beijinhos carinhosos para ti.
Olga Mendes disse…
Agora estou aqui para cumprir o prometido, porque sou uma mulher de palavra. Acho que abordas temas, sempre com interesse, e que tocas sempre em feridas profundas da nossa alma. Eu acho fundamental a doação de orgãos, mas vou ser absolutamente sincera, morro de medo que mexam em mim sem estar devidamente morta, por exemplo num estado vegatitivo em que me apercebesse o que me iriam fazer, acho que terá de ser realmente bem observado o estado em que a pessoa se encontra e isso assusta-me. No que diz respeito aos meus filhos nem quero pensar, acho que (egoistamente)não sei se premitiria que lhes tocassem. Quanto a mim se entrasse em coma, nunca desejaria e a minha família sabe disso que me mantessem ligada a máquinas, queria que me deixassem ir como acontece aos povos que vivem nas florestas e quero ser cremada portanto não à perigo de acordar debaixo da terra que é o meu pavor maior. Quanto aos meus filhos acho que já não decidia assim, sou egoísta com eles, quero-os cá... No entanto este assunto ficou aqui mesmo a bater e irei ainda pesquisar bem acerca deste assunto. Beijinhos grandes.
Olga Mendes disse…
Agora fui dar uma olhada pelos comentários todos, parabéns conseguiste mesmo mexer com um tema deveras interessante. Cada cabeça sua sentença como dizia a minha Avó, mas o mais importante está feito, colocas-te o pessoal a pensar, a pensar mesmo. Beijinhos.
Brown Eyes disse…
Olga imagino o quanto ficam felizes quando têm um comentário. Para os jovens é importante terem incentivos, que as pessoas acreditem do trabalho deles, isso cria-lhes autoconfiança. A autoconfiança é o pilar da felicidade. Olga quem não gosta de miminhos? Há melhor pagamento que esse? Para mim não há dinheiro que pague o carinho e a confiança que as pessoas têm em nós.
Quanto ao tema pretendia informar e que as pessoas depois tirassem conclusões do que aqui foi dito. Beijinhos e obrigada por tudo o que me tens dado, tu e a tua familia maravilhosa, que tu amas tanto.
El Matador disse…
Boa dissertação. O segredo está em poder-se escolher o não.
Por entre o luar disse…
Gostei.. tema muito bem abordado*
Catsone disse…
Olá Brown, controverso este teu texto.
Sabes que na medicina existe uma frase que é dita logo na 1ª aula da faculdade e que reza assim:
Na medicina não existe "sempre" nem "nunca".
A morte cerebral baseia-se na ausência de determinados parâmetros e na maior parte das vezes é inequívoca. Os exemplos que deste são extraordinários mas extremamente raros. É muito difícil que a pessoa recupere após o "diagnóstico" de morte cerebral, há que ter esperança, mas também bom senso, certo?
Quanto à lei ser a de que todos se assumem dadores, penso não ser tão má assim. Como poderia eu pedir consentimento a alguém que estivesse em coma? Podes dizer que a pessoa deveria ir à junta declarar-se dadora mas sabes o quão comodistas nós, portugueses, somos, não é? Não me parece que as pessoas se deslocassem à entidade responsável para isso.
Mas é a minha opinião ;)
E gostei mesmo muito da forma como abordaste este tema deveras complicado.
Bj
Brown Eyes disse…
Catsone realmente nós somos comodistas mas quando convêm as coisas funcionam ao contrário, não é?
Quero agradecer-te o facto de teres dado a tua opinião até porque, segundo entendi, tu pertences à área da Medicina. Uma opinião que de certo será útil a quem ler este post.
Beijinhos

Mensagens populares deste blogue

A droga da fama

Ao longo da minha vida fui tirando conclusões que vou comparando com os acontecimentos do dia a dia. Muito cedo descobri que ser famoso, ser conhecido, ou até mesmo ter a infelicidade de dar nas vistas, mesmo sem nada fazer para e por isso, era prejudicial, despertava inveja e esta, por sua vez, tecia as mais incríveis teias. Todos, algum dia, foram vítimas de um boato. Todos descobrimos a dificuldade em o desfazer, em detectar a sua origem mas, todos, sabemos qual o seu objectivo: ceifar alguém. Porque surge ? Alguém está com medo, medo de que alguém, que considera superior, se o visse igual ou inferior não se sentiria barricado, lhe possa, de alguma maneira, fazer sombra. Como a frontalidade é apanágio apenas de alguns e porque, a maior parte das vezes, tudo não passa de imaginação, não se podendo interpelar ninguém com base nela, não havendo indícios de nada apenas inveja parte-se, de imediato, para o boato. Assim, tendo como culpado ninguém, porque é sempre alguém que ouviu

Carnaval de Vermes

Vermes, quem são? Aqueles que jogam sujo, aqueles que não medem meios para chegarem a um fim, aqueles que prejudicam deliberadamente, aqueles a quem eu afogaria à nascença e sou contra à justiça feita pelas próprias mãos mas, afogava-os, com todo o prazer.  Não merecem viver,  muito menos relacionarem-se com gente. Vocês acham que sou condescendente só porque o verme é vizinho, conhecido, amigo ou familiar? Não. É verme e  como tal não lhe permito sequer que respire o mesmo ar que eu.  Se todos pensam assim? Não. Há quem pense que temos que aceitar certo tipo de vermes, que há vermes especiais,  os   do mesmo sangue, porque fica bem haver harmonia no lar ou até porque … sei lá porquê, não interessa.   Não sei? Não será porque têm medo de serem avaliados negativamente, pela sociedade, se houver um verme na família, se tomarem uma decisão radical para com esse verme? Se for filho têm medo que o seu papel como progenitores seja posto em causa, que isso demonstre que falharam, que  

Surpreendida com rosas

Um dia, há uns anos largos, anos cinzentos, daqueles em que tudo se encrespa, entra pelo meu gabinete uma florista, que eu conhecia de vista, com um ramo enorme de rosas vermelhas e uma caixa com um laçarote dourado. Ela: Mary Brown? São para si. Eu: Sim, mas,… deve, deve haver aí um engano. Não faço anos hoje, nem conheço ninguém capaz de me fazer tal surpresa. Ela: Não há não. Ligaram-me, deram-me o seu nome, local de trabalho, pediram-me que lhe trouxesse este ramos de flores, que lhe comprasse esta prenda e que não dissesse quem lhe fazia esta surpresa. Aliás, acrescentaram, ainda, que a Mary nem o conhece mas, ele conhece-a a si. Eu: O quê? Está a brincar comigo, não? Não, não posso aceitar. Fiquei tão surpreendida que nem sabia como agir, aliás, eu estava a gaguejar e, acreditem, não sou gaga. Ela: Como? Eu: Não posso aceitar. Não gosto muito de ser presenteada, prefiro presentear, muito menos por alguém que não conheço. Imagine!  Era só o que me faltava. Obrigada mas não