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A mostrar mensagens de outubro, 2008

Herança

Meditando sobre ela atingiu-me a dúvida sobre a origem da sua vida exterior, da sua ascendência. Um dia, após análise ponderadamente exaustiva, não encontrou um elo de ligação hereditário com os seus antepassados. Nenhuma influência, nenhuma comparação, nenhuma herança material ou espiritual. A sua alma meditava reflectidamente no ser, na vida, no objectivo da existência. A deles, perdia-se constantemente, na aparência do poder e do ter. Para Ela o querer era poder e ela queria, queria mostrar a possibilidade de conseguir querendo, queria que o seu "EU" brilhasse com luz própria. Para eles o poder estava nos outros a quem deviam obedecer sem vontade, sem opinião, com sujeição e submissão tendo, somente, como objectivo o aspecto exterior do ser. O antagonismo, entre eles, crescia à medida que ela se tornava mulher. Não queria viver presa a ideias preconcebidas, tinha uma enorme sede de liberdade de pensamento. Não aprendeu a pensar como eles, em ajuntamento. O pensamento

Ela

Ondulava, deambulante entre a multidão silenciosa, captando debilidades alheias, com um ar humilde e piedoso. Era a amiga, posicionada na primeira fila, disposta a ver, ouvir e ajudar. Defeitos? Talvez a neurose. Sempre ao dispôr com aquele sorriso contangiante. Esperava o momento certo. Pacientemente aguardava a sua vez para trincar quem escorregasse, com aquela pureza estampada no rosto. Esse era o seu poder, único, a virtude que a destacava. Não tinha mais nenhuma. Só nunca nada conseguira, mas conseguia calcular como, quando e onde atacar e...de um salto, envenenava a vítima que caía prostrada a seus pés. Lentamente rastejava pelo capim, acumulando poder.Escondia as vítimas e roubava-lhes a imagem. Era aquela que sabia, únicamente, serpentear, matar, devorar, exibindo um ar angelical. Um dia reflectiu-se e derrubou-se. A divida foi cobrada. Brown Eyes