Assaltada, mais uma vez. Há quem diga que certas medidas são necessárias, que temos que ajudar na recuperação, que se está a fazer o que se deve. Ora, isto para mim é tudo conversa fiada, não tenho inabilidade de aprendizagem. Posso não ser genial mas lerda é que não sou. Não será esta prosa, nem os assaltos sucessivos à minha retribuição que me paralisarão, pelo contrário, lutarei mais afincadamente.
Quinta-feira estarei, mais uma vez, a fazer greve. Serei a única a fazê-lo naquele lamaçal gélido de toscos, gerido, ainda, pelo mesmo néscio mas, eu, não sou da laia dos que arranjam desculpa para não agir. Muitos há que se andam já a justificar. Para quê? Todos nós já conhecemos os oportunistas e os falhados, ou não? Não fazem? Eu no lugar deles também não faria. Se lhes deram o lugarzinho de mão beijada para quê lutar? O dinheiro faz falta? Se faz, a mim também, imensa mas, tudo o que consegui foi com sacrifício, é mais um. Eles, governo, ainda se ficam a rir, são uns milhões que metem ao bolso? Ficam? Ficariam se sentissem que me tinham paralisado, que os seus roubos sucessivos e as suas injustas medidas me tinham imobilizado. Há várias maneiras de ver a mesma situação, cada um escolhe a que lhe convêm.
Onde meteram eles o dinheiro que me têm roubado? Dói pagar impostos sobre o que não recebemos, ou não? Já receberam o recibo de Novembro, aquele que menciona o subsídio de Natal? Pagar ADSE, Caixa Geral de Aposentações, IRS, sobre um montante que não se recebe. Todos os descontos foram feitos sobre o que o estado recebeu, não eu. Não me admira nada que para o ano vá pagar impostos sobre o subsídio de Férias e Natal, que não vou receber, que me subtraiam ao vencimento os descontos relativos aos ditos. Não se riram eles de, num curto espaço de tempo, nos terem furtado o que levou anos a conseguir? Com isso não se preocupam? Deviam. Solidariedade não é apenas uma palavra, determina acção. Quem não age está impedido de criticar, portanto, comece a comer e a calar porque já não há paciência para ouvir troca-tintas. Há anos que estamos rodeados deles.
Acham que eu sou o quê? Santa? Não sou não! Escrevam, não sou santa! Nem santa nem parva, muito menos cagarolas.
Pensem nisto e actuem, não esperem que os outros dêem a cara e vocês colham os frutos.
A união faz a força mas para que a força germine tem que haver união. Lógico, não?
Brown Eyes
Comentários
És uma louca!! Bem... a contar comigo, somos dois... ainda assim somos muito poucos, e o resultado de tentarmos fazer algo radical seria irmos para um qualquer "manicómio"!!!
Temos que angariar mais loucos para que a dada altura os loucos sejam no mínimo uma massa que meta respeito... aí sim, já não terão ideias parvas de nos enfiar em "manicómios", e aí teremos a hipótese de tentar alterar o rumo desta absoluta MISÉRIA CIVILIZACIONAL.
Admiro-te porque és capaz de escrever tantas palavras... eu fiz copia/cola de um pequeno comentário que fiz noutro blogue e aqui deixei agora também... não sou muito dado a escrever muito!
Muitos bjhs... e vamos lá iniciar o BOICOTE para que o FUTURO seja diferente...
o meu total apoio a cada uma delas!
A união é algo que os portugueses têm esquecido e agora estamos todos a pagar por esse esquecimento.
Como fui trabalhadora por conta própria durante muitos anos, quando deixei de o ser, não tive direito a nada. E agora nem a baixa tenho direito ( como sabes a minha doença impede-me de exercer a minha profissão).
Portanto o estado a mim nunca me deu nada.
Ao meu marido, funcionário público, ontem ao ver o recibo de vencimento ficou de tal modo revoltado que até as lágrimas lhe vieram aos olhos.
Estamos a pagar a uma data de incompetentes e a alimentar esta canalha por quanto tempo mais?
`Não sei se ainda vamos a tempo, mas a mim também não me calam!
Infelizmente fisicamente amanhã não poderei estar presente, mas estou solidária de alma e coração com todos os indignados e injustiçados deste país.
Como forma de protesto vou colocar uma bandeira portuguesa na minha janela.
beijinhos solidários
Como isto me diz tanto...
Sou reformado. Sou solidário. Estarei no Rossio.
Mas apoio incondicionalmente as pessoas como tu, que aderem à greve, apesar de eventuais consequências.
Beijinhos
Beijinhos
Beijinhos
Tinha a certeza absoluta que que gostaria do teu texto, como sempre, mas este, assim escrito, em forma de bala, encheu-me as medidas, amiga.
Pois é, tens toda a razão.
Dá raiva mesmo, ver o bando de covardes que ficam agarrados à cadeira, ou ao tacho, até o perderem.
Quando a tacanhez é muita, até dá pena. Mas quando se trata de "gente" que fica à espera que os outros façam por eles, aí também me sai o pé do chinelo.
Não estou empregada, portanto não fiz greve, mas estou sempre do lado da justiça e da razão.
Não fui a Lisboa, vivo a mais de 500 kms, mas irei quando for mesmo necessário, se bem que o é sempre, tenho plena consciência disso.
Hoje era dia de Greve Geral e eu não sai de casa, mesmo!
Gostei, amiga, do teu tom sarcástico e da forte indignação contra todos os mentecaptos que ainda por cima ocupam lugares de chefia, eles e os seus lacaios.
Beijinho
Ná
Bj
Acho que somos é...idealistas...
Te abraço
BShell
Espero ver-te activa, brevemente.
Beijo
Ná
texto. Minha amiga muito antes
da greve escrevi às duas Centrais
Sindicais e apena uma me respondeu
a CGTP. Sugeri que pedissem para
se colocar uma bandeira negra
em casa janela ou varanda. Se
se colocou pela Seleção Nacional
porque não agora. Não teve qualquer
eco.Estou reformada(uma miséria,para
quem descontou 40 anos(porque foi
com antecipação e perdi bastante)
e no dia da greve estive na manifestação, assim como estive na
dos militares(meu marido até foi
roubado directamente na sua bolsa-
documentos,óculos,dinheiro,enfim...) e não tenho filhos, estou muito
avançada na vida e ainda luto,
mas também me impressiona ver
tanta gente adormecida, com filhos
para criar.
Não percebo muito os portugueses
"no geral"...
Beijinhos amiga.
Irene
Espero que esteja tudo bem contigo.
Sinto a tua falta ! :(
o melhor Natal possível, com
saúde.
Um grande beijinho da amiga
Irene Alves
Vim saber de ti.
Espero que estejas bem.
Se não nos falarmos antes, Bom Natal.
Beijo
Ná
Beijinhos
Sou uma árvore de Natal diferente
Um dia senti,
Que a terra ardia.
Pensei, ser eu
Que estava febril,
Delirante,
Ou tinha mesmo acordado
Atordoada,
De uma noite mal dormida.
O tempo era de Verão,
O vento que soprava
E a gente que passava.
Grande era o alarido
Que num instante
Virou clamor e fundiu o espanto
Em pranto de dor.
Não estava febril, afinal,
Nem mesmo mal acordada.
Tudo ardia em meu redor
Ao som de gemidos e estalidos
Em tom de sinfonia gritada,
E logo em cinzas eu via
A minha terra,
A minha gente,
O meu adro
E o meu terreiro…
Holocausto em nome de nada.
A dor foi passando
Como a água do ribeiro
Ao encontro da outra margem.
Do meu chão,
Erva verde, frágil e mansa
Foi crescendo,
Relembrando a cada instante
A minha solidão,
A negrura,
Que em tom de amargura
Se havia instalado
Em todo o canto de mim.
Sem ramos, nem folhas,
Sem filhos, nem amigos
Desistia da vida,
Mesmo,
Que o vento me açoitasse
E as lágrimas teimassem
Em saltar porta fora.
O tempo foi passando
Estirada naquele chão,
Espreitava o dia acontecer,
No desejo de me arrastar
Para além do mar.
Um dia,
Um outro dia…
O chão estremeceu.
Do céu, uma fresta de luz
Incandesceu,
E não sei mesmo
O que me aconteceu.
Senti mãos,
Escutei vozes,
E fiz viagem até esta paragem.
E aqui estou eu!
Nesta sala iluminada,
Neste sítio ajeitado no abraço,
Neste canto todo feito de ternura.
Continuo feia e queimada,
Ressequida e enquistada,
Não mo lembrem, …sei bem.
Mesmo sem ramos, nem folhas,
Mesmo tendo perdido o vigor
E a robustez doutros tempos,
Neste espaço tão mimado
E com laços brancos enfeitada,
Sinto-me noiva, amante
Deste tempo de Natal.
Saibam de mim!
Escutem a voz do meu coração,
Olhem bem em meu redor…
E mesmo que a noite seja fria
Não há maior alegria
Do que aquela
Que a minha alma canta.
De braços queimados,
E toda vestida de branco,
Oh gente de Campos,
Oh gente desta terra
Bem-haja!
Obrigada.
Natal de 2011
Poema de Maria José Areal
Beijinhos e Obrigada
Beijinhos
Beijinhos