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Ser para Conhecer

Finalmente chegaram as mudanças! Mudanças que só o tempo nos dirá como classifica-las mas, há coisas que nunca mudam, diz até o ditado que “quem torto nasce tarde ou nunca se endireita”.  
Torto, quem poderá ter nascido torto? Os “Chico Espertos”. Eles levaram este povo a imaginar-se num paraíso qualquer à beira-mar plantado. Paraíso havia mas não era para o povo, era para uma minoria que gastava mais que a maioria e culpabilizava os mais indefesos, os funcionários públicos.
Quem não odeia os funcionários públicos? Quem não os acusa desta crise? Quem não os julga pessoas super protegidas pelo estado? Quem não os imagina repletos de benefícios? Quem?
Todos aqueles que “nunca” foram funcionários públicos.
Para a comunicação social até os fins-de-semana viram férias quando se fala de funcionários públicos e dias de férias são, convictamente, pontes. Pontes? Que é uma ponte?
Não interessa saber como são feitas as contas de quanto o país perde numa ponte mas, era bom que as aprendessem a fazer. Nenhuma instituição fecha numa ponte, continua a funcionar, não deixa de se produzir, não se deixa de vender serviços e, por sinal, tem menos gastos. Difícil? Uma ponte não é uma tolerância. Quanto perde uma instituição quando os funcionários estão de férias? Fecha?
Qualquer trabalhador, de uma firma privada, desconta 11% para a Segurança Social, o resto são descontos feitos pelo patrão, tem, assim, direito à reforma e a benefícios de saúde e afins nos quais se inclui o abono de família. O funcionário público desconta 11% para a Caixa Geral de Aposentações que só lhe dá direito à reforma e desconta para a saúde, a chamada ADSE, mais 1,5% para ter benefícios na saúde, abono de família e afins. Para o IRS há uma tabela geral, como devem saber. Vamos então imaginar um trabalhador da privada que cumpre com os seus deveres fiscais e declara os seus rendimentos na totalidade, tantos há que não o fazem, procedimento que um F.P. não pode ter, que ganha 923,42 euros, solteiro, e um funcionário público com o mesmo vencimento, teremos:

Privada:
Segurança Social:     101,57 euros
IRS:                               73,00  euros
Total descontos:       174,57 euros
Receberá:                  748.85  euros

Funcionário Público:
ADSE:                            13,85  euros
CGA:                             101,58  euros
IRS:                                 73.00  euros
Total descontos:        188,43  euros
Receberá:                    734,99  euros

Não vou aqui falar nas obrigações que tem um patrão para com um funcionário, que os particulares cumprem e o estado foge. Exemplo disso são as formações anuais obrigatórias e a Segurança e higiene no trabalho que obriga a consulta médica anual, com exames de rotina, pagos pelo patrão, procedimentos inexistentes na função pública. O funcionário público que queira adquirir mais formação paga-a e o mesmo acontece na saúde. Quer fazer um check-up? Paga-o e muitas vezes nem o direito de ir a uma consulta lhe é dado.  No estado nem sempre se cumpre a lei.
Maravilhas? Onde elas estão?
Alguma vez na privada se louva um chefe incompetente, que não incentiva os funcionários, que os desmoraliza? Não. Querem é que se produza, tudo fazem para incentivar a produção. Quem produz? O trabalhador. Ele é que tem que ser incentivado. Na função pública louva-se o chefe que deixa os funcionários desmoralizados, sem condições de trabalho, sem material. A eles pouco interessa a produção, interessa  o que se consegue poupar, nem que para isso a imagem da instituição seja posta em risco. Esta é a verdade e quem, como eu, já trabalhou na privada e teve o azar de concorrer e ficar aprovada num concurso para a função pública conhece esta realidade. Pagam-se prémios anuais aos trabalhadores no fim do ano quando há lucros e na função pública? Se há prémios é para as chefias e apenas para esses. Os funcionários públicos tinham apenas um benefício, trabalho certo, privilégio perdido. Se há que fazer cortes em quem se fazem? Funcionários públicos.
Quanto aumentaram os vencimentos dos funcionários públicos de há vinte anos para cá? Diminuíram. Diminuíram a olhos vistos. Como é aumentado um vencimento de um funcionário público? Com concurso, faz-se concurso para a categoria a seguir. Como aumenta o vencimento de um trabalhador privado? Pela demonstração das suas capacidades de trabalho. Há desigualdade e esta desigualdade não me parece que seja a favor dos funcionários públicos, parece?
Sinceramente, estou FARTA,  FARTA de sentir a ignorância de um povo sobre a pele dos funcionários do estado. Nós não somos políticos, sabiam? Não viemos para a função pública porque andámos a colar cartazes, muito menos temos direito a subsídios de reinserção ou outro qualquer. Virem o vosso ódio para os políticos e lembrem-se que muitos há, como eu, que estão lá por mérito, não meteram cunha nem compraram mobílias de sala de jantar ou de visitas para oferecerem ao júri do concurso.
Peçam contas a quem vos endividou, a quem roubou os bens do vosso país, responsabilizem os políticos e deixem-nos em paz. A nós já nos chega vermos o nosso vencimento diminuir de dia para dia. Nós não recebemos subsídios nenhuns, não vamos comer a cantinas da cruz vermelha nem tão pouco andamos a polir esquinas.  Não teremos nós direito ao respeito? Afinal produzimos e pagamos impostos, coisa de que muitos neste país não se podem gabar.
Querem odiar? Comecem a odiar o Mário Soares e vão por aí adiante, esse mesmo que agora dá palpites sobre tudo e todos mas parece que, enquanto governante, pouco sabia e nada acertava. Lembrem-se que a ele devemos o facto de estarmos a ser mandados por estranhos. Estranhos que querem aumentar tudo, menos o vencimento, que querem à força anular-nos,  que se julgam donos e senhores deste dito rectângulo.
Tantos iluminados neste país, que se julgam capazes de resolver tudo, capazes de julgar tudo e todos e não conseguem perceber que os funcionários públicos são o bode expiatório dos políticos, os escravos da má governação?
Tanta coisa que não se sabe mas, sabe-se agredir. Agradece-se que os senhores comentadores, televisivos ou não, se informem antes de abrirem a boca, estão sujeitos a que entre mosca e saia asneira.
Ao contrário do que foi dito na comunicação social,  não foram só os vencimentos acima de  1 500 euros que diminuíram. Que acontece a um vencimento quando os descontos aumentam? Diminui. Não diminui apenas quando o vencimento reduz, diminui, também, quando os descontos aumentam. não será? Esta é mais uma que circula.
Não é por acaso que os funcionários públicos estão a reformar-se,  perdendo dinheiro, aos magotes ou é? 
Perguntam vocês:
Se é assim tão mau porque não saem?
Pergunto eu:
Se a Função Publica é assim tão boa porque não concorrem e entram?
Há um mar de rosas neste país, há, mas nele não navegam funcionários públicos, navegam “Chico Espertos”, que derrubam quem se aproximar e a arma é, imensas vezes, o boato. 
Para vincar o que aqui foi escrito visitem este blog, leiam e decidam a quem devem atirar pedras e a quem devem lançar uma jangada. 
Nunca se esqueçam que é a nossa vida que devemos viver, que a inveja é destrutiva, que a solidariedade é a arma dos capazes e que destruir nada constrói.
(Aqui não incluo nem o pessoal do ministério da justiça, nem o das finanças. Esses são mundos à parte, cuja realidade pouco conhecimentos tenho.)
Brown Eyes

Comentários

João Roque disse…
Tudo que dizes é correcto; mas no imediato pós 25 de Abril e até há poucos tempos um funcionário público era um "senhor" comparado com um trabalhador por conta de outrem...
Eva Gonçalves disse…
Sinceramente, perante a tua enorme frustração e raiva que se sente, não me apetece tecer comentários... mas apenas mandar-te um beijo muito, muito grande.
Brown Eyes disse…
pinguim era mas, há muitos anos que não é como deves saber. Na altura do Salazar eles eram mesmo uns senhores e essa ideia manteve-se, apesar de termos passado de senhores a escravos. Não se esqueçam que nós nem direito a subsídio de desemprego temos. Exigências são muitas mas benefícios nenhuns. Eu já disse isso por aí, nunca quis ser F.P. cai aqui por acaso. Sempre achei que o funcionalismo público só me prejudicaria mas, naquela altura, tinha a mania de concorrer e desafiar a mentalidade que existia: Só entrava quem tinha cunha e acabei por ficar em primeiro lugar no concurso. Concorrer era um desafio para mim, adorava pôr-me à prova, fiz muitos concursos (na Função Pública) que acabei por não aceitar. Há sensivelmente 7 anos concorri para três, fiquei aprovada nos três e não aceitei nenhum e foi com este espírito que vim cá parar. Depois de estar aprovada estive dias a pensar que fazer e sofri tanta pressão familiar que acabei por aceitar. Diziam eles que se eu não aceitasse seria “doida”, tanta gente a querer entrar e eu não aceitava? Aceitei mas sem nenhum entusiasmo e se há coisa que me arrependo na vida foi esta. Nunca mais dei ouvidos a ninguém. Afinal quem terá mais razão que o nosso coração? Nos primeiros anos encontrei gente a chefiar maravilhosa que me fizeram esquecer a minha vontade de trabalhar na privada onde eu achava que seria mais apreciada mas, ultimamente, ultimamente é para esquecer. Além de não terem nada para ensinar, de não saberem nada, ainda querem aniquilar quem sabe. Duvido que alguma vez mais os F.P. que já cá andam há uns anos consigam ter algum incentivo. Antigamente trabalhávamos por amor à camisola, fazíamos horas a fio de horas extras, não pagas mas, com vontade. Hoje, hoje trabalhar é uma obrigação insuportável. Infelizmente a crise e a minha idade não me permite arriscar mas espero que venha aí alguma medida que me permita dar um pontapé nisto. Eu ou gosto ou não gosto e habituei-me a mudar-me quando não gosto e era isso que eu queria continuar a fazer sem, claro, pôr em risco a minha velhice. Pinguim a partir de uma certa idade começados a ser mais ponderados porque as maleitas lembram-nos que não somos mais os mesmos, que a idade, como ouvíamos, pesa e não quero acabar no lixo, quando for velha. Por isso tenho que ser mais ponderada e em vez de arriscar adquirir paciência para tentar ter um futuro onde tenha, pelo menos, dinheiro para comer. Tu entendes, de certeza, o que este coraçãozinho tem passado. Fazer o que não gosto é um martírio e perdi a vontade de concorrer. Esforcei-me demais, hoje não quero mexer nem mais um pau, não fui recompensada e com tal…
Beijinhos
Brown Eyes disse…
Eva mas sabes que os podes fazer, nem que sejam contra o que aqui foi dito. Muita raiva, acredita. Raiva e sensação de tempo perdido.
Beijinhos
Fê blue bird disse…
Querida amiga:
Sei o que sentes, a tua raiva a tua frustração é exactamente igual à do meu marido e consequentemente à minha.
Agora está em casa, pois não aguentou mais ser alvo de desrespeito dos dois lados.
Dos colegas que pensam que estão acima e nada sabem como bem dizes, e dos que sem saberem do que falam, deitam literalmente abaixo os funcionários públicos.
Todos os meses vemos encolher o ordenado e as poucas regalias a que temos direito, porque para elas descontamos, são cada vez menores.
O pior mesmo é vencerem-nos pelo cansaço!
Tanta coisa haveria mais a acrescentar ao seu excelente post, mas neste momento só te dou um beijinho amigo e um grande abraço solidário.

Beijinhos
Brown Eyes disse…
Fê só mesmo quem passa por elas sabe o que nós aqui passamos. Acredita que o ambiente que se vive no trabalho contribui para o nosso cansaço. Quem não nasceu F.P., que se preocupa com o que se passa no trabalho, mesmo que não queira acaba por ser influenciada por tudo isto. Tento que tudo isto passe ao lado mas, nem sempre consigo. Vive-se num ninho de cobras, incentivado pelo chefe. Isto não se via antigamente e pior que tudo cada vez ganhamos menos e cada vez pagamos mais impostos.
Beijinhos
Nunca fui funcionária pública, mas
comecei a trabalhar com 9 anos(sim,
não estou a mentir) e trabalhei até
aos 51 na altura em que de um momento
para o outro me puseram um papel na
mão e disseram acabou, a mim e a
mais duas colegas.Os outros/as não
tiveram uma palavra de solidariedade
connosco(pensavam que éramos só nós...)depois lentamente eles também foram mandados embora...
Estive no desemprego até atingir
o fim do tempo e depois aos 55
anos, reformei-me com perca de
10 anos.Uma mísera reforma, para
quem trabalhou dos 9 anos 51 anos,
sem qualquer interrupção.
Sinto-me, também revoltada com o
que aconteceu no meu país após o
25 de Abril de 1974, e respeito os
F.P. e não tenho inveja deles, nunca tive.Pertenci a Sindicato,
fui autarca, estive em partidos
políticos, conheço "algumas coisas
por dentro" e acreditem que é bem
pior do que aquilo que as pessoas
pensam. De facto este 25/Abril
foi bom para algumas pessoas, que
conseguiram enriquecer de uma forma
escandalosa...e era tão fácil saber
como conseguiram ter o que têm, bastava multiplicar o ganho/mêsx
anos de serviço, mas isso nunca
será feito. Eu compreendo(penso)
o que a amiga sente. E o futuro será cada vez mais deprimente e
mais revolta causará.
Beijinho
Irene
Brown Eyes disse…
Minha Querida nunca se deve invejar ninguém muito menos quando não conhecemos a realidade da pessoa. Hoje ninguém conhece a realidade dos F.P. e tudo o que se diz deles não corresponde à realidade. Claro que há excepções e todos sabem quais elas são, as criadas pelos partidos. Sabemos que há muitos F.P. colocados lá pelos partidos políticos para pagar favores. Todos os que estão lá por mérito também desejavam que isso não acontecesse já que são esses que têm os louvores, as subidas na carreira, etc. Ultimamente os concursos públicos eram todos manipulados, nós sabemos disso e isso revolta-nos porque por mais que nos esforcemos não saímos da cepa torta. Era bom que isso tudo acabasse e que as pessoas consigam distinguir uns e outros e não generalizem porque nós também não generalizamos e sabemos as fugas aos impostos que há na privada. Irene compreendo o que sentiu e sente, dói dar tudo e sair sem nos darem o devido valor. É uma dor sem fim, a mesma que nós,F.P., sentimos ao sermos tratos indevidamente. Mesmo continuando a trabalhar sentimo-nos completamente aniquilados pelos impostos, pela falta de respeito e pela fama injusta.
Beijinhos e obrigada
By Me disse…
O teu texto ilustra verdadeiramente a realidade...a tua raiva, a tua frustração é também a minha e a de muita gente... Subscrevo o que tens escrito!!!

Bem vinda e obrigada pelo assalto :))) Gostei muito!!!

Beijinho grande
Manuela Freitas disse…
Olá minha querida,
O teu silêncio por aqui já estava a pesar!
Nunca considerei que a crise fosse motivada pelos funcionários públicos, que tu abrevias com FP, mas abreviando também num outro sentido, eu sei os FP, que nos tramaram e tramam, o bando de charlatões… a escumalha que só faz asneira e muito se orienta!
Considero que a tua exposição está de facto excelente, para quem não esteja dentro dessa realidade ou tenha sido envenenado pelos fazedores de imagens fictícias!
Eu sempre trabalhei no privado e poderia dizer noutra perspectiva os «podres» que vivi, que foram muitos e com um final tão absurdo que me levou ao psiquiatra!
É impressionante ouvir as experiências das pessoas que trabalham…depois do imobilismo com que se vivia antes do 25 de Abril…onde pelos menos parece que existiam mais valores…e que depois se tornou num desenfreado querer trepar de qualquer maneira…até à situação que hoje vivemos!
Sei que a indignação e raiva que sentes terá grandes consequências em ti…mas aprecio esse teu grito…e fico com vontade de gritar!...
Beijinhos
Manuela
Brown Eyes disse…
Pedras há mesmo muita gente descontente, tanta que os que podem, mesmo perdendo dinheiro, têm-se reformado. Coitados é dos que ainda têm muitos anos à frente. A insegurança é o nosso dia a dia, apesar de as pessoas pensarem o contrário.
Beijinhos
Brown Eyes disse…
Manuela acredito que estivesse. Esta semana como me senti um pouco melhor vou tentar fazer-te uma visita. Imagino a quantidade de publicações que tens. Tenho saudades do tempo em que tinha oportunidade de vos seguir de publicação a publicação. O privado também tem as suas histórias, se tem! Muitos de nós sabe o porquê de muitas empresas fecharem mas os donos continuam a andar com carros de alta gama, enormes e luxuosas vivendas, férias de sonho, etc. O que eu penso é que há um aproveitamento da crise que serve apenas para prejudicar os trabalhadores, para os tornar escravos que vendem o trabalho a troco de uns trocos. O mundo do trabalho está cada vez mais complicado e como referiste serve apenas para criar problemas psicológicos. Vivemos numa sociedade de consumo onde tudo se consome até o ser humano depois, depois de o rebentarem vai para o lixo. Já lá vai o tempo em que nos levantávamos felizes porque íamos trabalhar. Hoje limitamo-nos a marcar passo. Esses charlatães de que falas deviam ser culpabilizados e as suas chorudas contas bancárias eram as que deviam pagar todas as asneiras e roubos que eles causaram mas...parece ninguém estar interessado nessa solução e como não estão vai-se estudar filosofia para Paris.
Beijinhos
Zé Rainho disse…
Querida Brown Eyes.
Como eu estou em sintonia, total, absoluta e completamente com o texto texto de raiva e de revolta genuína? Como gostaria de ter sido eu a escrever o texto que nos apresentaste? Sim. Porque s´´o quem passa pelas coisas as sente com profundidade e sinceridade, sem panunhos quentes. Disseste que não te pronunciavas sobre os FP das finanças e da justiça por não conheceres bem. É verdade que estes funcionários têm mais umas pequenas regalias do que os outros mas não queiras saber o que acontece aos que, por profissionalismo, têm de trabalhar. Posso-te garantir que não é pera doce. Há uma classe de funcionários privilegiada, são os da Assembleia da República que ganham mais 80% acima do vencimento base. Mas estes compreende-se: têm de calar as malfeitorias dos políticos que servem.
Um beijinho grande e parabéns pelo excelente texto.
Caldeira
By Me disse…
Não há como colocar o dedo na ferida!!! Haja coragem para se dizer a VERDADE nada mais do que a VERDADE e sempre a VERDADE!!!e é mesmo muito revoltante ...mas a Manuela tem razão...isto está tudo tão contaminado...mas tão podre e quem vai ao psiquiatra ...somos nós...

Beijinho e bom fim de semana...
Ouvem-se clamores de revolta
Clamores conhecidos
por mim sentidos
Ouvem-se palavras (ainda tímidas)de saudade
a tempos de um passado
em que fui soldado
em que fui calado
em que fui escravizado
Existem escravos agora?
Digam-me onde colocaram o vosso voto
dir-vos-ei (ou não)se de tal me importo...

(conheço bem a situação dos FP)
Brown Eyes disse…
Zé obrigada por mais um comentário e muito obrigada por falares, nos da A.R., que têm regalias muito especiais e ainda há pouco tempo, no fim da governação do PS tiveram aumentos. Tinha-me esquecido dessas excepções. A vossa participação é essencial neste blog, há sempre algo que fica por dizer, importante, que é dito por vós.
Beijinhos
Brown Eyes disse…
Pedras temos que evitar o psiquiatra ou outras especialidades, temos que nos manter sãos porque euros já não há nem para o pão. Há tantos anos tudo a subir e os ordenados a baixar...já não há sobras para nos tratarmos.
Há muito que ando com vontade de falar das facilidades que certas pessoas têm recebido, pessoas que nunca vi fazer nada mas que têm tudo de mão beijada. Haja tempo e virá um post sobre o assunto.
Beijinhos e obrigada.
Brown Eyes disse…
Rogério obrigada pelo comentário e pela visita. Se existem escravos agora? Eu acho que sim. Não só existem escravos como se perdeu a liberdade. Quem são os escravos? Todos, inclusivé os que têm o poder na mão. Muitos são escravos do dinheiro e do poder outros são escravizados por estes para que eles possa obter mais e mais poder, mais e mais dinheiro. Resumidamente é o que eu penso da escravidão actual.
mz disse…
Concordo com algumas questões e discordo com outras.
É um texto pesado, extenuante.

São tempo de muitos sacrifícios.Tempos conturbados estes que vivemos. Por tudo o que todos sabemos, maus políticos, más políticas, ninguém está impune. Nós pagamos, pois pagamos, nem sabemos ainda o que mais virá. Muito serenamente te digo Brown Eyes, nem tudo é mau na função pública, nem tudo são rosas na privada.

Para além de tudo o que escreveste e que é o que sentes, respeito como é obvio.

Bjnhs
Brown Eyes disse…
MZ acredita que o texto não é tão pesado nem tão extenuante como a vida que nós temos. Como disse no texto conheço os dois lados, já trabalhei na privada. MZ a vida também não é um mar de rosas para alguns, para outros é um oceano delas e ainda arranjam motivo para se queixarem.
Obrigada.
Beijinhos
Desta vez senti o quanto estás azeda, amiga Brown Eyes!
Sabemos que a tendência geral das pessoas é generalizar e deitar abaixo.
O meu pai foi toda a vida funcionário público e nós vivemos remediadamente do seu suor.
Tenho familiares no Ensino e no Ministério da Justiça.
Em ambos os casos, eles tinham bons ordenados, progressão nas carreiras e férias longas, muito mais longas do que os outros trabalhadores, mas isso era dantes... já foi! Ardeu!

Dizem o mesmo dos bancários. O meu marido trabalhou desde os 14 anos sempre para o mesmo banco. Com 35 anos de casa foi-lhe proposto ficar ou sair...Ele saiu, estava farto de trabalhar horas sem fim e sem ser pago.
Se tem agora 58 anos e já está reformado há quase 10 anos, que têm as pessoas a ver com isso? Foi sua opção e não pensem que trouxe uma reforma anormal!
Nada disso.
Desde que está reformado tem sido penalizado com mais e mais impostos e a pensão naturalmente a baixar, já lá foram 300€ e com que direito lhe cortam assim na reforma???

A situação é mesmo revoltante, mas as pessoas tendem a pedir igualdade por baixo ... se a maioria tem reformas miseráveis, então que todos tenhamos a mesmo porcaria...
Não é assim que se consegue melhorar. Devemos exigir que nivelem por cima, não por baixo.

" para pior já basta assim, para melhor está bem..."

Beijinhos
Brown Eyes disse…
Ná conheço a realidade do Ministério de Educação e aí as férias eram grandes já que os colegas combinavam, depois dos miúdos estarem de férias e enquanto uns asseguravam o serviço outros estavam de férias. Tinham o mesmo direito que nós mas como havia união gozavam mais. No ministério da justiça todos sabemos como era, entravam as férias judiciais e começavam as férias. Quanto aos bancários também conheço a situação deles, foi boa, tão boa que foram lá parar muitos professores mas, há algum tempo, que a situação piorou e as horas extraordinárias, diárias, deixaram de ser pagas. Só eram apontadas se temessem a inspecção. Enerva abrir um jornal online ou ouvir um telejornal com informações completamente erradas sobre nós que servem apenas para criar um ódio e uma inveja sem razão de ser. A realidade é que os impostos pagamos nós e a boa vida é feita pelos outros. Quem são os outros? Todos os conhecem.
Beijinhos Ná. Obrigada
By Me disse…
Mary...estou à espera do próximo post!!!
"A realidade é que os impostos pagamos nós e a boa vida é feita pelos outros. Quem são os outros? Todos os conhecem."

CORRECTO!!! Beijinho grande
Brown Eyes disse…
Minha Querida já saiu um. Talvez não seja agradável para muita gente mas, é o que penso. Estou farta de chulos, sejam eles quem forem. Beijinhos
João Roque disse…
Tenho algum receio que as minhas palavras sejam mal interpretadas.
Ao fim e ao cabo é a velha história do "oito ou oitenta".
Não retiro o que disse, mas acrescento que nos últimos anos tem sido o funcionalismo público quem tem pago as favas todas.
Brown Eyes disse…
pinguim as tuas palavras nunca são mal interpretadas porque és uma pessoa que baseias as tuas ideias em factos. Eu aceito todas as opiniões e sei que também há muitas pessoas que abusam na função pública, há, não sou cega nem olho só em frente mas daí a generalizar-se. O pessoal que trabalha no Ministério da justiça tem regalias com as quais não concordo, como o facto dos juízes terem direito a habitação, quem mais ganha mas, não são todos, há que distinguir. Muita coisa se passará por aí que eu não conheço mas quero conhecer e é falando abertamente que nós sabemos a verdade deste país. Pois isso é que dói, nós pagamos e não podemos fugir, ao contrário de muitos que fogem daí encontrarmos gente a ganhar o ordenado mínimo, declarado, e a ter uma vida muito mais desafogada que quem ganha mil.
pinguim beijinho e obrigada, obrigada por dizeres sempre o que pensas.
Johnny disse…
Mesmo assim, têm um grande seguro de saúde por 13,85 :)

Não se pode generalizar o problema das coisas nos funcionários públicos, como também não se pode desculpabilizar as ingerências que se praticam no sector público. É claro que tanto mais mal existe quanto mais desperdício existe desde a redundância de funções, ao excesso de funcionários, ao controlo da produtividade, ao salário desses funcionários de acordo com o trabalho que (não) fazem. Contudo, a grande diferença, é que no privado, as ingerências tem consequências mais práticas e visíveis enquanto que no público as ingerências são perpetuadas e mantidas a custo do público.

No entanto, não critico nem posso criticar nenhum funcionário público apenas pelo facto de o ser... porque a ingerência e o mau profissionalismo são males que extravasam o público e o privado. Critique-se e resolva-se o que está mal e mantenha-se o que está bem. Parece mais fácil dizer do que fazer, mas a nível de opinião ninguém pode ser proibido de ter uma opinião simples e até utópica. Essa é a minha opinião.
Brown Eyes disse…
Johnny seguro de saúde por 13,85? Essa é boa! Nós tínhamos apenas a mais a comparticipação nos óculos, as restantes comparticipações são iguais.
Estás no direito de a ter e maus trabalhadores há-os até no privado apesar de muitos deles não terem razão para o serem. Quem conhece os dois lados sabe que no privado o trabalhador é recompensado quer monetariamente quer com reconhecimento do seu mérito o que não acontece no público. Interessa ao patrão reconhecer pois sabe que assim obterá maior produção. No público interessa reconhecer o mérito do Boy que a ele sim interessa dar um louvor, ou algo que se pareça, para que ele possa ganhar mais. Blá, Blá, Blá há tanto para saber sobre o público que como eu disse só vivendo essa realidade se pode dar valor. Há coisas que por mais que se expliquem nunca se percebem porque não se vivem. No nosso caso vive-mo-la e pagamos para a viver.
Beijinhos

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