Avançar para o conteúdo principal

O ensaio do regresso


 
Fez dois meses que vos comuniquei que ia fazer um interregno, na minha vida de bloguista, que me ia ausentar. Inicialmente não imaginava que ia estar tanto tempo sem comunicar, sem vos visitar mas, o tempo foi passando e eu continuava sem certezas quanto à data de regresso. 
Fez dois meses, por tal, porque dois meses é muito tempo sem dar notícias, voltei. Voltei mas, continuo quase na mesma, cansada. Cansada física e psicologicamente. Sei que não posso culpar a minha tireóide de todo este cansaço, apesar de ter a noção do grau de seriedade do seu mau funcionamento. Sei que a maior parte deste cansaço se deve ao reconhecimento da gravidade económica em que estamos imersos, à informação difundida pelos meios de comunicação social, matam a esperança, às medidas tomadas pelo governo, às previsões para o futuro, à decepção,
O bem-estar da sociedade a que pertencemos influencia o nosso estado de espírito que, por sua vez, influencia a nossa saúde.
Este tem sido um ano de perca, perca para todos os que tiveram uma vida de luta, perca para o ser humano que tem, de dia para dia, sentido serem anulados todos seus direitos. Hoje, não podemos esperar um aumento de ordenado, agradecemos, apenas, pelo facto de termos trabalho, de não engrossarmos a lista de desempregados.
Em pouco tempo roubaram-nos quase tudo, restando-nos, ainda, a vida. Uma vida incerta, uma vida que pode ser saqueada, quando a crise social explodir.
Este é o resultado de uma sociedade de consumo onde as necessidades criadas superam o rendimento mensal, onde as necessidades não são básicas, onde o ter desvaloriza o ser, onde o proveito vence o direito.
Onde está a felicidade e a perfeição? No parecer ou no ser? Na utopia ou na realidade? Na bondade ou na maldade? Na humildade ou na elevação? Na inferioridade ou na superioridade? No mérito, na capacidade ou na “cunha”? Na virtude ou no defeito?
Quem poderá ter certezas? Eu não as tenho. Não as posso ter quando vejo, diariamente, o ser humano, aqueles que considero humanos, a serem espezinhados, calcados, apunhalados, trucidados, mortos lentamente.
Qual o objectivo desta sociedade? O bem-estar do Homem? O lucro ou o poder? Mata-se o semelhante, sem arrependimento, sem consequências, sem hesitação, por dinheiro, por poder, para ter.
Vivi e vivo para viver, para ver viver. Dói-me, massacra-me, ver pessoas a serem anuladas, a serem utilizadas, a serem aniquiladas, a deixarem-se exterminar. Não compreendo como alguém se consegue imaginar superior ou inferior a outro. Como alguém consegue deitar comida fora sabendo que há milhões de pessoas a passar fome? Como alguma pessoa pode pôr alguém a poupar quando gasta sem limites? Como pode alguém querer que sigam um caminho quando, ele, nunca soube o que era uma estrada? Como pode alguém alvejar outrem quando é um poço de defeitos? Não pode mas, fá-lo. Fá-lo e parece que todos acham isto normal.
Normal, normalidade…… Alguém consegue esboçar a normalidade do século vinte e um? O que provocou a alteração do seu significado? O que levou à alteração das mentalidades ao ponto de aceitarmos o que antes apontávamos a dedo? Terá sido o poder? O egoísmo? A facilidade? Ou a imperfeição inata do ser humano?
Trabalho…Tenho saudades dos dias em que, no “trabalho”, se respeitava o trabalhador, se valorizavam as suas ideias, se incentivava a inovação e a criação. Saudades dos dias em que havia organização no trabalho. Hoje quanto mais desorganização, quanto mais perdido andar o trabalhador, quanto menos humanidade houver melhor. Máquinas, querem máquinas obedientes, sem cérebro, máquinas com a duração de seis meses, depois…Depois rua. Rua e entra o filho do “Soares” que nada sabe fazer mas, é filho do partido. Dão-lhe um alto ordenado (Crise? Onde?) e remendam os seus disparates. As alterações que se fazem têm em vista, apenas, um tacho para alguém, não o benefício do povo.
Acredito que, depois desta crise, todos tiraremos conclusões, todos descobriremos a importância e o objectivo da nossa vida. Essa, que podemos perder a qualquer momento mas, que nos permite usufruir de toda a maravilha que nos cerca. Essa mesma que ligaram a uma Comunidade Europeia que, afinal, tem servido para tudo menos para unir uma sociedade ou ligar uma irmandade.
O ser humano, esse que tem sido considerado um objecto, é o único por quem vale a pena lutar, o único que merece o nosso sacrifício, perpétuo, o único que nos premeia com atitudes inesquecíveis.
Inesquecíveis têm sido as vossas palavras, as vossas atitudes de afecto, a vossa preocupação, nestes dois meses. São estes os bens que quero preservar, são estes os bens que me acompanharão toda a vida, vá para onde for seguir-me-ão. Por estes bens aqui estou, tentando normalizar a minha presença na vossa vida, devagarinho, tentando conseguir agradecer-vos tudo que me têm dado, tentando continuar a merecer o vosso carinho. Colocarei e distribuirei, logo que possível, os vossos selos que, desde já, agradeço.
Eva, para ti, vai um beijinho especial e um muito obrigado. Obrigado por tudo o que és, por nos teres dado oportunidade de conhecermos uma Grande Mulher, uma mais-valia nesta blogosfera e, por isso, aguardamos o teu regresso. Não te esqueças que estamos fartos de perder.
Mais uma despedida, esta eterna, Saramago, uma pessoa que admiro muito, pela frontalidade, pela coragem, pela clareza e independência do seu pensamento, pela sua noção de verdade, que dizia ser questionável, sujeita a prova, pela sua bondade.
Como podem homens com Deus serem tão maus? Perguntou Saramago e eu acrescento:
Como podem homens com Deus gerarem tanta desigualdade e tanta infelicidade?
Brown Eyes

Comentários

Johnny disse…
Guess who's back?

Esquece essas tretas e aprovita só o bom... nomeadamente na blogosfera, na vida em geral :) CUMPS
Anónimo disse…
Ao menos aqui podes expressar-te livremente, sem problemas! Eu sabia que ias acabar por voltar e tive saudades tuas :)

Quanto ao que escreveste, não sei se tenho muito a dizer visto que sou estudante... Mas numa sociedade capitalista raramente se valoriza o trabalhador, e mesmo assim, nas firmas recentes e modernas estão a tentar mudar essa perspectiva...

De qualquer forma, o capitalismo é assim, uma roda... Se durante 50 anos vivemos em prosperidade, nos outros 30 temos crise... Para isso ainda não há solução. Só podemos fazer o nosso melhor, para nós e para os que amamos. Tentar a nossa sorte, nunca desistir e não ter medo :)

Beijo*
mz disse…
Bem vinda Brown Eyes... Que saudades!

O teu regresso dá-me alegria e também tristeza, pois vejo que estás com problemas de saúde e revoltada com o rumo que toca a nossa sociedade.
A maioria está no mesmo barco, amiga...
Agora toca a arrebitar se faz favor!

Um beijinho com muitas saudades.
su disse…
tiraram-nos muito, mas não nos tiraram o milagre da vida, o acordar todos os dias, o sol quente ou a chuva fresquinha, o sorriso de uma criança ou o olhar terno de um velho.

ouço as noticias, sinto na "carteira" o que eles nos fazem... e eu pouco posso fazer para alterar a situação. tento remediar-me, tento ajudar naquilo que posso...

e, principalmente, deleito-me com cada amanhecer, com as minhas pombas que todos os dias me vêm pedir de comer, na janela da sala... e com outros pequenos nadas (que na realidade são gigantes).

no início da crise eu também me senti perdida, até ao dia em que me apercebi que se não desse um basta, eu desabaria. isso já aconteceu uma vez, não permito que aconteça novamente.

vivo um dia de cada vez...

fico muito contente com o teu regresso. espero, sinceramente, que fiques por aqui (fazes falta)... e não permitas que tapem o teu sol (aquele que habita no teu coração). se a vida fosse sempre fácil... que vitórias celebraríamos?

um beijinho solarengo...
By Me disse…
OLÁ ...GOSTEI DE TE VER LÁ...DEPOIS VIREI CÁ...COM MAIS CALMA

BEIJINHOS
Poetic Girl disse…
Oh minha querida que feliz fiquei por te ver por aqui. Compreendo perfeitamente a que te referes, também eu tento não desanimar, não pensar demasiado, mas a verade é que enquanto nos fôr permitido levantar no dia seguinte esta vida já vale a pena! beijo grande
Eu mesma... disse…
ainda bem que voltaste.
sei que te deixas afectar por tudo aquilo que descreveste. não és a única e se calhar ainda bem. se todos pensassem como tu se calhar o mundo seria bem melhor. mas não deixes que isso te roube a felicidade e principalmente a esperança num futuro melhor.
em alturas como esta é o que nos resta...
já tinha saudades... =D =D =D
Eu mesma... disse…
a melhor resposta que podemos dar aos que lutam contra nós é olharmos a vida com a cabeça erguida e aceitá-la de braços abertos. boa ou menos boa... =D
Brown Eyes disse…
johnny parece que voltei. Eu vou tentando mas não é fácil esquecer o que mina a felicidade do ser humano, não é fácil olhar para os semblantes daqueles que estão mal e esquecer as suas preocupações. Beijinhos
Brown Eyes disse…
Di claro que voltaria, este mundo faz parte de mim, não conseguiria viver sem ler os vossos blogs. A chave está em não ter medo mas, andam todos amedrontados o que lhes vai permitir avançar. Esta é a minha preocupação. Quanto mais avançarem maior será a destruição. Beijinhos
Brown Eyes disse…
MZ também estava com saudade. imensas. Eu sou uma idealista e enquanto a realidade não for como a sonhei andarei sempre revoltada. Cada vez ela se afasta mais do meu ideal.
Beijinhos
Brown Eyes disse…
Suzana o milagre da vida, o milagre da vida natural, o milagre do amor. Sabes que são essas pequeninas coisas que enumeraste que me fazem feliz? O sol, as plantas, os pássaros, os animais, a natureza.Imaginas as vezes que já pensei em viver apenas com ela? A civilização não serve o bem-estar do homem, apenas o de alguns homens. Não estou habituada à vida fácil, como disseste a vitória celebra-se com a dificuldade mas há quem esteja e vá sofrer muito com esta crise. São esses que me preocupam. Beijinhos
Brown Eyes disse…
Oi Pedras. Ok. Tu sabes que aqui podes estar à vontade, vai, vem quando quiseres. Beijinhos
Brown Eyes disse…
Bela aqui estou eu. Poder ajudar alguém a encontrar o seu caminho já compensa. Beijinhos
meldevespas disse…
Os regressos são sempre calorosos. Eu gosto de regressos.
Eu estou com o Jóni (devo estar maludo ou assim...)já dizia a minha avó, tristezas não pagam dividas, e pode ser já um assomo de senilidade minha, mas acho que o pessimismo, o desalento, a tristeza instituida não vai levar-nos a lado nenhum. Desabafa, porque desabafar alivia, mas jamais te esqueças que o caminho de faz caminhando e de preferência com aquela máxima sempre a bater: alaways look to the brigh side of life!
Beijo grande grande
Ginger disse…
Até que enfim!
Estava a ver que tinha de me chatear. -.-'

Anyways, glad to have you back. ;)


Quanto ao teu post, entendo-o 100%, porque também eu ando um pouco assim.
A incerteza está a dar comigo em doida, e nem uma luzinha ao fim do túnel aparece para nos dar algum alento.

E o que fazer? O povo está catatónico. Eu por mim falo.

Abraço*
Brown Eyes disse…
Olá Mel. Estou de acordo contigo, tristezas não pagam dívidas, nem o pessimismo leva a lado nenhum mas estar alegre e ser optimista será que vai resolver o problema de milhões de pessoas? Acho que o povo português, nomeadamente o Português, ainda não se apercebeu do que se está a passar. Os gregos têm reclamado por muito menos. Nós parece estarmos debruçados sobre o nosso umbigo e não vemos o que se passa ao lado e o que se passar ao lado cairá sobre nós. Isto não é um probleminha e podes ter a certeza que a nossa segurança se irá ressentir. Depois do caldo entornado já não há solução. Fingir não resolve como, também, não resolve fechar os olhos. Mesmo que nos queiramos esquecer estamos a ser bombardeados, diariamente, com más notícias. O que me preocupa são as pessoas com necessidades, sem emprego, e, também, o facto de haver muita gente a aproveitar-se desta crise para dar o golpe do baú. Tudo o que estamos a viver não é só crise é, também, aproveitamento. Enfim…ao ponto que isto chegou o estoiro está próximo, aguardemos. Beijinho grande e obrigada pelo apoio
Brown Eyes disse…
Ginger tocaste no ponto certo: a incerteza. Por mais optimista que seja, porque sou, quando deixo de ter certezas, quando começo a viver sem saber o que vai acontecer amanhã, neste caso, o que vou perder e ver perder amanhã, começo a preocupar-me. O futuro é sempre incerto mas podemos, no presente, prepara-lo de maneira a que as certezas aumentem e neste caso é impossível. Tudo deixou de ser certo, as pessoas, até essas, estão tão inconstantes como a economia. Na altura da chamada ditadura havia a dita música de intervenção, não era? Vês alguma manifestação de insatisfação? O medo instalou-se com tanta força que as pessoas parecem caracóis, metidos nas suas casas, à espera que o perigo desapareça. Está-se a aceitar tudo com um medo terrível. Conheço gente que tem medo de ter personalidade e quando tem alguma atitude marcante fica a tremer, com medo de sofrer represálias. Deixámos de nos defender quando somos atacados e passámos a agradecer as migalhas que nos dão. Pode? Somos ou não humanos? Como dizes o povo está catatónico, a euforia é dada pelo futebol. O 7 a zero pôs este pessoal louco de alegria. Esquece-se tão depressa o que nos revolta e facilmente se passa de demónio a santo. Memória portuguesa é mesmo curta.
Beijinhos
A.S. disse…
Vem! Recebo-te com um terno abraço!

Também estive uns dias ausente.

Beijosss
AL
AC disse…
O seu relato é bem o retrato deste país, onde a esperança virou um sem abrigo a viver num qualquer beco, aparentemente sem saída. Mas há que encontrá-la, cuidar dela, estimulá-la...
Manuela Santos disse…
Brown Eyes, 2 meses é muito tempo! Gostei de te ler, foi um desabafo, que poderia ser meu também, tudo isto anda muito complicado e muita força temos que exercer sobre nós mesmas, para coabitar com a situação e ainda divagar sobre outros assuntos, talvez para esquecer, esquecer lembrando também!
Fique por aqui, nada é pior do que ficar na concha!...
Beijinhos,
Manuela
By Me disse…
ISTO É O QUE SE CHAMA VOLTAR EM GRANDE,CONSCIENTE E PREOCUPADA COM OS PROBLEMAS QUE NOS AFECTAM A TODOS... BELO TEXTO...COM TODOS OS PONTOS NOS (IIISSSSS) E SÃO MUITOS...TANTA VERDADE,TANTA REFLEXÃO PARA UM SÓ TEXTO. O MEU APLAUSO...QUANTO AO VÍDEO ,ÀS PALAVRAS DE SARAMAGO...ADOREI,SIMPLESMENTE ADOREI...MAS ...VI NAS NOTÍCIAS QUE ESTE SENHOR ...TÃO ADMIRÁVEL EM TUDO O QUE FEZ...OUTRORA QUANDO DIRECTOR DE UM JORNAL,DESPEDIU TODOS OS JORNALISTAS QUE NÃO PARTILHAVAM DA SUA IDEOLOGIA POLÍTICA. TEREI ESCUTADO BEM?! PENSO QUE SE TRATA DE UM EQUÍVOCO MEU,COM CERTEZA...NÃO PODE SER...SENÃO É CASO PARA DIZER QUE OS CARGOS CORROMPEM QUALQUER HOMEM SEJA BOM OU MAU...O PODER É EFECTIVAMENTE PERIGOSO...

FOI MUITO BOM TERES VOLTADO...JÁ FAZIAS FALTA...NÃO TE DEIXES ABATER ... PRECISAMOS DE TI SEMPRE SAUDÁVEL...E EM FORMA PARA CONTESTARES...

BEIJINHOS MEUS
Patricia Silva disse…
Bem vinda de volta, já estava com saudades tuas.
Patty
Fê blue bird disse…
Minha amiga fico muito feliz por ter regressado.
Partilho todas as suas preocupações, dúvidas e anseios, também vivo frustrada e triste por ver o meu país perdido, os nossos jovens sem futuro e o nosso futuro comprometido.
Mas preciso sobreviver, preciso de ter um brilho de esperança no meu olhar para não me perder.
Esse brilho vou buscá-lo às coisas que me fazem feliz, ao sorriso dos meus filhos, ao amor pela minha família, ao abraço dos amigos, ao tempo que disponibilizo para o que me dá prazer.
Tudo isto para lhe dizer, que não nos podemos abater, que precisamos de todas as nossas energias para lutar, para andar para a frente.
Não podemos alimentar a tristeza e a depressão, pois elas são traiçoeiras.
Um beijinho grande
Brown Eyes disse…
A.S. obrigada pelas tuas palavras. Beijinhos
Brown Eyes disse…
AC a saída não está neste país, disso tenho a certeza. Quando alguém escolhe a corrupção, quando alguém se habitua a culpar outrem pelos seus actos jamais voltará atrás. O futuro será pior. Não acredito na reinserção. A vida fácil vicia mais que o tabaco e o nosso problema está nesse tipo de gente que conta, com antecedência, na inexistência de justiça. A percentagem de parasitas está a crescer, de dia para dia, é impossível que os trabalhadores consigam sustentá-los porque, estes, estão a diminuir, estão a ser despedidos.
Brown Eyes disse…
Manuela temos tanta coisa para dizer e, infelizmente, nenhuma é agradável. Estou a evitar ouvir ou ler noticias, cheguei a um ponto que não suporto mais más noticias. Não sei como é possível os governantes não conhecerem o significado de justiça. Quem paga a crise? Os trabalhadores e só eles. Ser vigarista neste país compensa mas, o pior é que os trabalhadores já não podem pagar mais, estão tesos e fartos. Que se segue? Uma crise social. Quem paga? O povo porque os outros já têm o dinheiro no Dubai. Estão preparados para fugir logo que isto pegue fogo.
Brown Eyes disse…
Pedras também ouvi e, como aconteceu contigo, depois de ter lido e ouvido tantas reflexões de Saramago fiquei incrédula. O poder corrompe quem tem que corromper, quem já é corrupto, disso não tenho dúvidas. Aliás até te digo mais, quem não é corrupto não aceita cargos desses. Não é por acaso que a nossa classe política tem a qualidade que tem. Há quem diga que só vai para a política quem não sabe fazer mais nada portanto…Isto é o que penso. Passou-se realmente o que dizem? Não sei, nós sabemos que neste país quando se gosta de alguém eleva-se essa pessoa ao máximo, nem que ela nada faça, quando não se gosta enterra-se. Saramago não era amado apesar de agora, depois de morrer, ter começado a ser adorado. Neste país isto acontece, é preciso morrer-se para se dar valor às pessoas. Parece até que aumentaram as vendas dos livros dele. Descobriram-no agora. Bem voltando ao despedimento se foi verdade ele tinha uma característica bem portuguesa: má memória.
Beijinhos e obrigada.
Brown Eyes disse…
Fê quanto aos jovens esses então…Que futuro terão? Tanta coisa que eles não sabem, vivem na ignorância completa. A vida para eles é só facilidades. Esses são os que vão sofrer mais porque não lhes ensinaram a viver com sacrifícios, não têm exemplos para seguir, não conseguem, sequer, distinguir o mal e o bem porque há muito que o mal virou bem e o bem virou mal. UF, aí sim está a confusão implantada. Beijinhos e obrigada
Helga Piçarra disse…
Mary, infelizmente faço minhas todas, mas todas as tuas palavras. Também ando arredada de tudo, agoniada pela hipocrisia que nos cerca, que nos consome lentamente. Lutámos pela liberdade, mas tudo o que conseguimos é-nos lentamente retirado sem darmos conta. Vivemos de aparências e falsa modéstia. A corrupção impera e a ditadura instala-se, cheia de charme e de medidas de austeridade. Há que pagar a crise agora, para um amanhã melhor. A questão é - melhor para quem? Para quem paga ou para quem usufrui da miséria dos outros?

Já estou como diz o johnny, o melhor é esquecer tudo e tentar tirar partido só das coisas boas, que vão sendo cada vez menos. Já pagamos a crise com a carteira, não podemos permitir que nos roubem também a nossa sanidade.

Um beijinho grande e sê bem-vinda!
Fê blue bird disse…
Passei só para lhe dar um beijinho e lhe desejar uma boa semana.
Brown Eyes disse…
Helga é precisamente por essa sanidade que estou a pensar, seriamente, deixar este trabalho que muitos invejam, de funcionária publica, licenciada em Secretariado e Assessoria de Direcção há mais de 10 anos, a ganhar, limpos, à volta de 800 euros, com 25 anos de serviço, para todos os que invejam a situação dos funcionários públicos. Estou farta de ver fulanos entrarem a ganharem 1400 e tal euros, farta de ver abrir concursos para priminhos e outros, farta de ver subidas vertiginosas de escalão, enquanto outros marcam passo, só porque são honestos, tão honestos que não se colam a partidos nem a outras coisas similares. Se nunca me deixei pisar por dinheiro vou agora deixar que me manipulem por um trabalho miserável? Que me ponham os pés e que além de nos ameaçarem nos tragam dentro de uma insegurança total, sujeita a tudo, inclusive a ser mandada por um fulano que sabe menos que eu mas, é do partido e ganha umas 4 vezes mais que eu? Eu estou aqui por mérito, fiz concurso, não meti cunha e não estou inscrita em partidos, ao contrário dele. Se sempre quis viver porque me sujeito a vegetar? Por dinheiro? Andei tantos anos a estudar para ganhar menos que uma empregada de limpeza à hora, pagar mais impostos que ela, ela pode fugir, pode não declarar o que recebe, a mim declaram-me tudo. Tanto sacrifício para sustentar chulos? Vale a pena? Só quero viver feliz portanto...vou ter que mudar de vida, sei o valor que tenho e não estou disposta a que me anulem. É assim que ando Helga, farta, como tu deste país corrupto, farta de ajudar quem não precisa de ajuda, farta de oportunistas e derivados, farta de sacrifícios. Isto, para nós, trabalhadores honestos nunca vai melhorar, melhora sim para quem usufrui da miséria dos outros, como tu dizes, para quem tem olho, não para nós. Será que se eu vivesse do que produzo, como se fazia no passado, da agricultura, não viveria melhor, seria mais feliz, mais saudável e não permitia que os parasitas crescessem? Ando há anos demais a contribuir para um país que, até hoje só me tem prejudicado. Para os trabalhadores há muitos anos que estamos em crise, não somos aumentados, não nos põem na nossa carreira porque estamos em crise e para pagarem ordenados chorudos a fulanos nulos e altas reformas a senhores que às vezes apenas passaram pelo ali, como os políticos a quem lhe bastavam uns míseros anitos para se reformarem não estamos? Chegou a hora deles contribuírem, não será? Já vomito impostos e mentiras por todos os poros.
Beijinhos e obrigada
Brown Eyes disse…
Fê obrigada pelo beijinho, que bem me soube! Numa segunda-feira, depois de ter saído do paraíso em que passo os fins-de-semana, por obrigação, para cumprir um dever, trabalhar, um beijinho anima e dá-nos alento.
Um grande para ti.
Fê blue bird disse…
Querida:
Li o seu comovente testemunho (no comentário que aqui escreveu à Helga) e não posso ficar indiferente a tanta dor e injustiça.
Não fico indiferente porque vivo, embora de outro modo, a dor de ver um filho a ser espezinhado por um data de incompetentes que governam este país.
Temos que nos unir, temos que dizer basta a tanta humilhação, porque temo que acabemos por nos calar devido ao cansaço.
Um beijinho comovido
Fê blue bird disse…
Este comentário foi removido pelo autor.
Brown Eyes disse…
Fê e ainda não contei a pior injustiça que me foi feita há uns nove anos atrás. Concorri para um concurso como técnica superior, por azar, com a secretária de um presidente de uma Câmara, um presidente que ia fazer o seu último mandato e queria deixar a fulana bem colocada. Claro que o concurso foi aberto para ela. Sabia que tinha boas provas o que não invalidou porem a fulana em primeiro lugar mas, antes fizeram-me uma proposta para jantar, para correcção das provas, que recusei. Fiz queixa ao provedor e levei o caso a tribunal, todos me deram razão eu tinha a melhor prova, mas, não podem obrigar o presidente a aceitar a concorrente já que este pode alegar, depois, falta de orçamento. Foi o que ele fez. Ganhei mas fiquei sem o lugar. Imagina quanto me roubaram, a partir daí mensalmente? Isto é justiça? Os lugares são para quem luta por eles, para quem tem mérito? E ainda me pedem sacrifícios? Agora falando nos jovens, são os novos escravos, dão-lhes um estágio, aos licenciados, e, no fim, só ficam aqueles que nós sabemos. Para esses há sempre lugar e dinheiro. Que vida pode um jovem ter quando vive rodeado de incertezas? Fê nunca imaginei ver o ser humano a ser trato como um objecto, nunca imaginei que o dinheiro tivesse tanta importância a ponto de se pisar alguém, um irmão, ao ponto de se venderem. Há aí gente que se vende, se vendeu e se voltará a vender por dinheiro mas, eu pergunto que valor tem essa gente que à partida já se estão a anular? Que pode um dia essa gente dizer se lhe quiserem passar por cima? Nada. Não é por acaso que a maioria dos portugueses andam calados: venderam-se por isso têm medo. Fê nunca me calarei, medo nunca tive, cansada nunca estarei para gritar injustiças. Continuarei a alertar as pessoas apesar de saber que poucos me ouvem. Faz falta gente honesta capaz de dar a vida pelos valores que defende. O que deixarmos fazer hoje serão os nossos filhos a pagar amanhã. Espero que todos se lembrem dos filhos que têm. Um beijinho e conta comigo para fazer o que puder pelos nossos filhos que, tão mal tratados têm sido, para abrir os olhos ao pessoal que se deixou iludir, que vive num mundo irreal que, infelizmente, nõ reconhece os inuteis.
João Roque disse…
Tens razão em tudo o que dizes, mas o mais importante é o teu regresso que saúdo com sinceridade.
Brown Eyes disse…
Olá Pinguim, há tanto tempo!!! Obrigada pelas palavras que aqui deixaste. Regressei mas, o 100% ainda está longe..... Beijinhos
mz disse…
Eu tenho um presentinho para ti Brown Eyes... é um "Sunshine"

bj
Brown Eyes disse…
Obrigada MZ. As tuas palavras aquecem-nos.Beijinhos
Fê blue bird disse…
Minha querida:
Com está? Tenho saudades suas, não se deixe abater, não lhes dê esse prazer!
Beijinhos
su disse…
...passei para deixar uma joquinha fresquinha :)
art.soul disse…
sabes, também eu questiono, também eu ainda acredito e sonho com um mundo ideal e de ideais. e quando às vezes esqueço o meu praticamente constante positivismo, não me sinto bem. nada bem.
porque no meio desta loucura toda, acho que é quando perdemos a nossa sanidade a favor desses doidos engravatados que perdemos tudo.
por isso, cada vez mais, chego a casa e respiro fundo, respiro o sorriso da minha filha, os mimos do meu marido e o meu estirador cheio de cores e folhas brancas...
e aí, sinto, que sou capaz de conquistar o mundo.

ah e gosto de dar... é tão bom dar!
beijinhos e bem vinda:P
Brown Eyes disse…
Fê estou mais viva, menos cansada e mais alerta. Quanto ao prazer,queria ter o prazer de os ver no nosso papel mas, sinceramente, não queria o papel deles. Nós não perdemos a sensibilidade nem deixamos de sentir. Continuamos a acreditar no ser humano como ser capaz de amar. Beijinhos e obrigada pelo carinho.
Brown Eyes disse…
caminhante obrigada. Que coração lindo vive aí! Um beijinho grande para ti também.
Brown Eyes disse…
art é mesmo muito bom dar, dar a quem nada tem. Esses agradecem e valorizam os teus actos, por mais pequeninos que sejam. Mas, nós, os habitantes deste mundo, damos tão pouco. Estamos tão saturados de sermos roubados e enganados que, antes de dar, já estamos a duvidar da verdade que nos pretendem incutir: de necessidade e pobreza e, então.... não damos. Mudámos tanto, tanto que a solidariedade é quase nula. Fico feliz quando encontro alguém com essa capacidade. Beijinhos e obrigada por repartires o que tens.
art.soul disse…
sabes, eu fiz parte de um clube ONG, que organizava vários tipos de eventos para ajudar uma família, uma pessoa ou uma instituição do concelho. era tão gratificante. nessa altura fui também voluntária do Banco Alimentar Contra a Fome. infelizmente o clube era para pessoal até aos 30...:P
mas ficaram memórias de momentos bons demais, nas Aldeias SOS, e contacto com famílias que pedem o que a nós parece banal e gratuito no dia a dia... como ter uma caixa de cereais para dar aos filhos, e eles verem aquilo com a mesma alegria que outros têm ao receber uma Playstation:P
Brown Eyes disse…
art.soul imagino o quanto foram gratificantes para ti essas experiências. O que fizeste é algo que me fascina, houve uma altura da vida que pensei em deixar tudo e ir como missionária para um país que necessitasse de ajuda, ainda me ofereci para Timor mas, a vida mudou e tudo isto não passou à prática. Trabalhei vários anos num hospital, onde podia ajudar as pessoas que precisavam e foi muito gratificante. Ajudar os que precisam fascina-me e se não ajudamos mais é porque somos comodista porque, tempo quando queremos arranjamos sempre. Obrigada por me teres contado este bocadinho da tua vida que diz muito de ti. Um beijinho grande.
Nada sabia de ti e que tinhas estado ausente por tanto tempo.
Parece que apareci no tempo certo na hora exacta.

Fazes muitas perguntas cheias de verdade e não te posso responder,
pelo tempo, pela saúde, pela vida.

Mas amei teu texto. Nunca culpo Deus, pois o homem trouxe com ele o chamado "livre arbitrio" para se
comportar como entender, enquanto caminha na terra até ao final.

Um dia, tarde , vai reconhecer ainda nesta vida, o mal que praticou e não pode voltar atrás.

Mas descobre o mal que fez, cedo ou tarde. Disso eu tenho a certeza!

Estamos a atravessar uma época má.
Todas as épocas tiveram dor, sofrimento e maldade.
Isto é a continuação da falta de Amor no mundo.
Por estas e outras razões eu escrevo sobre toda a espécie de Amor.

Muito bom teu texto!Felicidades,

Maria Luísa Adães
Olga Mendes disse…
Sinto cada palavra do que tu aqui disses-te. Sinto-me traída pelos meus "patrões", sinto-me triste por ter escolhido ser funcionária publica e por ter acreditado um dia que poderia fazer a diferença. Hoje penso que não quero ter outra solução porque como já gastei as minhas energias aqui, vou acalmar-me e viver 7 horas aqui a fazer o que fôr possível. Depois saío à porta fora e saio para o mundo, saio para a minha família, saio para respirar, saio para ler, saio para ver um bom filme, saio para viver... Não estou a trair ninguém, não estou a roubar ninguém, porque dei de mim o que foi possível, o que o estado merece, sem prejudicar ninguém, porque o utente está em primeiro lugar e ele nunca deve ser prejudicado, mas gastar a minha energia em inovar, em trazer benefícios a um serviço que não me respeita? Não quero! Quanto à situação económica, acredito porque sou positiva que tudo vai melhorar, acredito na força do pensamento positivo, acredito que se pensarmos positivo algo de bom vaia contecer, mas se pensarmos negativo tudo vem a nós igualmente sem dó nem piedade. Temos de acreditar que tudo é possível Mary, para nosso bem e dos nossos filhos!!(Muito difícil, mas temos de acreditar!). Beijinhos doces.
Brown Eyes disse…
Olga desculpa só agora te responder mas, não é fácil estar a trabalhar e ter a blogsfera em ordem."... mas gastar a minha energia em inovar, em trazer benefícios a um serviço que não me respeita? Não quero!" Olga o que nos traz assim é mesmo a falta de respeito que sinto, que sentimos, em relação a nós, ao nosso trabalho e à nossa experiência. Pessoal que entrou na F.P. há dois ou três anos e quer saber mais, quer desacreditar gente que sempre foi e teve responsabilidades? Sabes o que eles querem Olga? Que nos fartemos e nos vamos embora por livre vontade, percebes? É isso, para meterem cá os primos e afilhados. Sou como tu mal saio daqui e esqueci isto, é a minha sorte. Se não fosse o tratamento que temos até aguentavamos melhor as percas no ordenado mas, assim...que trabalhem os fulanos. Faço o que tenho que fazer e mais nada. Beijinhos e obrigada

Mensagens populares deste blogue

A droga da fama

Ao longo da minha vida fui tirando conclusões que vou comparando com os acontecimentos do dia a dia. Muito cedo descobri que ser famoso, ser conhecido, ou até mesmo ter a infelicidade de dar nas vistas, mesmo sem nada fazer para e por isso, era prejudicial, despertava inveja e esta, por sua vez, tecia as mais incríveis teias. Todos, algum dia, foram vítimas de um boato. Todos descobrimos a dificuldade em o desfazer, em detectar a sua origem mas, todos, sabemos qual o seu objectivo: ceifar alguém. Porque surge ? Alguém está com medo, medo de que alguém, que considera superior, se o visse igual ou inferior não se sentiria barricado, lhe possa, de alguma maneira, fazer sombra. Como a frontalidade é apanágio apenas de alguns e porque, a maior parte das vezes, tudo não passa de imaginação, não se podendo interpelar ninguém com base nela, não havendo indícios de nada apenas inveja parte-se, de imediato, para o boato. Assim, tendo como culpado ninguém, porque é sempre alguém que ouviu

Carnaval de Vermes

Vermes, quem são? Aqueles que jogam sujo, aqueles que não medem meios para chegarem a um fim, aqueles que prejudicam deliberadamente, aqueles a quem eu afogaria à nascença e sou contra à justiça feita pelas próprias mãos mas, afogava-os, com todo o prazer.  Não merecem viver,  muito menos relacionarem-se com gente. Vocês acham que sou condescendente só porque o verme é vizinho, conhecido, amigo ou familiar? Não. É verme e  como tal não lhe permito sequer que respire o mesmo ar que eu.  Se todos pensam assim? Não. Há quem pense que temos que aceitar certo tipo de vermes, que há vermes especiais,  os   do mesmo sangue, porque fica bem haver harmonia no lar ou até porque … sei lá porquê, não interessa.   Não sei? Não será porque têm medo de serem avaliados negativamente, pela sociedade, se houver um verme na família, se tomarem uma decisão radical para com esse verme? Se for filho têm medo que o seu papel como progenitores seja posto em causa, que isso demonstre que falharam, que  

Surpreendida com rosas

Um dia, há uns anos largos, anos cinzentos, daqueles em que tudo se encrespa, entra pelo meu gabinete uma florista, que eu conhecia de vista, com um ramo enorme de rosas vermelhas e uma caixa com um laçarote dourado. Ela: Mary Brown? São para si. Eu: Sim, mas,… deve, deve haver aí um engano. Não faço anos hoje, nem conheço ninguém capaz de me fazer tal surpresa. Ela: Não há não. Ligaram-me, deram-me o seu nome, local de trabalho, pediram-me que lhe trouxesse este ramos de flores, que lhe comprasse esta prenda e que não dissesse quem lhe fazia esta surpresa. Aliás, acrescentaram, ainda, que a Mary nem o conhece mas, ele conhece-a a si. Eu: O quê? Está a brincar comigo, não? Não, não posso aceitar. Fiquei tão surpreendida que nem sabia como agir, aliás, eu estava a gaguejar e, acreditem, não sou gaga. Ela: Como? Eu: Não posso aceitar. Não gosto muito de ser presenteada, prefiro presentear, muito menos por alguém que não conheço. Imagine!  Era só o que me faltava. Obrigada mas não