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A Paixão de Maria

Maria, 89 anos, natural de Penedones, de onde nunca saiu. Não conhecia nada mais do que aquela aldeia e a Barragem de Pisões.
Era a décima e última filha do tio Manuel Fonseca e da ti Maria das Ovelhas. Maria foi bafejada pela sorte, era linda, uns olhos profundos, uma pele branca, cabelos negros, ondulados, 1,70 m, um corpo ondulante e um coração de ouro.
Maria teve vários pretendentes, até o sobrinho do prior lhe fez a corte mas, Maria não queria partir, não queria sair daquele paraíso que a tinha visto nascer. Não conseguiria viver sem olhar para aquela paisagem inóspita, de uma beleza agreste. Ela pertencia ali e ali iria morrer.
Viu partir todas as suas amigas de infância, os seus irmãos e irmãs e ela ficou. Ficou  a tratar das terras, dos animais e dos seus progenitores.
Vivia numa casa de pedra, que já pertencia há séculos à família. No rés-do-chão era a adega e a corte dos animais. Havia uma escada exterior, em pedra, que desembocava na cozinha, uma varanda que corria toda a fachada e que dava acesso aos quartos, quatro, agora vazios. Apenas ela continuava a habitar aquele casarão, ela e o Estrela, um Serra da Estrela, que a irmã, Maria das Dores, lhe tinha trazido dos lados de Gouveia para lhe fazer companhia.
Maria passava os serões sentada no escano, à lareira, aquecida pelos cepos de carvalho ou torgo de urzeira, com o Estrela a seus pés. Era, nesses momentos, que as saudades do passado lhe batiam à porta. Devagarinho levantava-se e dava-lhes passagem. Lá vinha o Joaquim, o seu Joaquim, com quem tinha casado aos trinta anos, após a partida de seus pais. O filho da tia Laura, viúva, que apareceu ali depois de não ter dado nada para as letras.
O Joaquim que a amou, lhe ensinou a escrever e a ler, lhe deu dois filhos, também emigrados, a Laura e o Manuel, cujos nomes herdaram dos avós, como era hábito da terra. O Joaquim tinha vivido em Lisboa, para onde tinha ido tirar o curso de engenharia mas, a álgebra e a geometria, tinham-no vencido. Voltou. Voltou para realizar o seu sonho, viver no campo.
Conheceu a Maria, vizinha da sua Mãe, uma moçoila linda, traços finos, uns olhos negros, límpidos, um passo firme. Depois de seis meses, casaram. Foram felizes mas, ele  já tinha partido, há nove anos.
Encontrou-o caído na vinha. Um ataque cardíaco. Morte santa.
Há vinte anos que viviam sozinhos, a Laura e o Manuel tinham ido para França com a madrinha, fazerem-se à vida, ali não havia futuro. No natal e no verão gastavam os dias de férias com os pais, a mimá-los, a ajudá-los na lida da terra. Teve sorte com os rebentos, nunca esqueceram as origens.
Ela ali passava as noites, acompanhada pelas recordações.
O seu Joaquim era o seu anjo da guarda, o que lhe dava ânimo para continuar a enfrentar o amanhecer de sorriso nos lábios.
Levantava-se, vestia-se, penteava-se, dava de comer ao Estrela, aos animais da corte e partia, de sacho às costas, para as terras. Não podia faltar nada aos seus meninos quando chegassem do estrangeiro. As batatas, o vinho, os enchidos, Maria tratava de tudo como se eles ali estivessem. Quiseram leva-la, já tinham por lá formado família mas, Maria, faleceria se a tirassem dali. Não,  ela nunca partiria. A alegria dela dependia dos animais, das árvores, dos arbustos, daquele ar puro, daqueles vales. Ficaria, nem que fosse a única habitante de Penedones.
A aldeia estava quase deserta. Os velhos tinham morrido e os novos partido. Ela e a tia Joaquina das Couves eram as únicas que resistiram à morte e à civilização. A tia Joaquina tinha 92 anos, não tardaria a partir para o pé do senhor, andava muito cabisbaixa, com uma tosse muito produtiva que lhe arrancava as entranhas.
A solidão caminhava a passos largos mas, Maria não apunhalaria a sua paixão, enquanto tivesse tino. Sempre tinha o Estrela, que lhe lambia a mãos como gritando-lhe a sua presença, fiel ao seu trabalho e a si e o telefone. Tocava todos os dias às 20.00 horas. Eram os filhos a querem saber noticias dela. Coitadinhos, temiam que lhe acontecesse alguma coisa. Ela bem os descansava, estava bem, não queria que eles gastassem dinheiro, todos os dias a telefonarem mas, eles, não a ouviam.
Assim viveu Maria, feliz, nas terras de Barroso até aos 98 anos, com aquele olhar puro, de quem não sabe o que é a civilização, pensando no seu Joaquim, a paixão da sua vida e nos seus rebentos, em companhia do Estrela.
A  20 de Agosto de 2004, Laura acorda, às três da manhã, com o Estrela a latir, aflito à porta do quarto. Levanta-se, corre em direcção ao quarto de sua Mãe, onde já está o Estrela, olhando tristemente para Maria, com os olhos rasos de água.
Maria estava morta. Morta com um sorriso rasgado nos lábios.
Tinha acabado a paixão de uma vida. Uma vida vivida felizmente, entre a pureza, a simplicidade e a naturalidade.



Para Fábrica de Letras.Tema do mês: Velhice
Foto tirada do site Olhares de Luís Geres
Brown Eyes

Comentários

Poetic Girl disse…
Lindo! Não será a forma mais pura de se viver? longe da dita civilização que ás vezes só nos traz coisas más? beijocas
Brown Eyes disse…
Bela para mim é. Beijinhos
Paulinha disse…
Que texto lindo, que faz despertar inveja (da boa)...

Um abraço!
meldevespas disse…
Consigo perceber a paixão desta Maria.Já tenho dito aos meus filhos que quando vejo os campos do meu Alentejo, todos os dias, sempre, sinto-os como um prolongamento de mim, como se fosse eu que me estendo ao sol, e às intempéries e aos frios e aos bichos, eles acham muita graça, e dizem que "lá está a tua alma de poeta a vir ao de cima", se calhar é isso....mas é verdade.
Beijinhos
Ginger disse…
Antes de mais, deixa-me que te diga que adorei a nova decoração. :p
Muito bonito e sóbrio.

Quanto à Maria, como a compreendo. Se bem que a solidão assuste, ainda assusta mais afastarmo-nos das nossas raízes, pelo menos para alguns.
E quantos há que nenhuma afinidade sentem pela vida do campo... mal sabem eles o quanto perdem.


bjs*
Eva Gonçalves disse…
Também gostei muito do texto E da simplicidade e da felicidade na vida do campo, que não é sempre fácil, não nos iludamos, mas que pode conduzir a uma grande sensação de satisfação e comunhão com a natureza. Também não me importava de acabar assim os meus dias :)Beijo
El Matador disse…
Muito bom texto. Realista e comovente. Parabéns.
Comoveu-me, este texto!
As palavras levaram-me a viajar pela vida de Maria, vida cheia, feliz, de realização do seu sonho belo e simples.
Gostei muito, Brown!
BJS
Juana disse…
gostei do texto. A velhice, a solidão, a rotina, os espaços rurais assustam-me... um pouco!
chica disse…
Maravilhosa história da Maria que viveu bem sua velhice...Linda participção!beijos,chica
free_soul disse…
Linda história de Maria...que olhos puros viam o Mundo..nele viveram até que luz se fechou...em paz...Bonito como a velhice bem vivida!
Um beijo
By Me disse…
ESTA HISTÓRIA É TÃO REAL...EU CONSIGO VISUALIZAR A MARIA...RODEADA DE NATUREZA AGARRADA ÀS SUAS RAÍZES...FIEL ÀS SUAS CRENÇAS...E TRADIÇÕES...É BEM PORTUGUESA...
GRANDE SENHORA DO CAMPO...E DAS ÁRVORES E DOS VALES E DAS MONTANHAS E DO TRABALHO ÁRDUO DA TERRA...E COM UM SORRISO A ILUMINAR-LHE A ALMA...

UM QUADRO POÉTICO E VIVO.

BEIJINHOS
lunatiK disse…
Viva
e será que por viver em comunhão com a Natureza não terá tido uma vida muito mais preenchida do que quem vive nas selvas de betão?
Cumps,
Johnny disse…
Antes de mais, é a primeira vez que chego aqui e não ouço: "beautiful Brown Eyes". Quanto ao texto, irrepreensível, como sempre, particularmente na parte dos nomes, que a mim me confunde sempre. Talvez seja real, o que torna mais fácil, não sei, mas, por acaso, ao nível da simplicidade de vida, é uma coisa que não me toca muito... a não ser que estivesse muito bem acompanhado de muito boa gente e... cenas.
Brown Eyes disse…
Paulinha no teu cantinho há tantos textos lindos. Beijinho e obrigada.
Brown Eyes disse…
Mel só quem já viveu no campo consegue compreender esta paixão. Mas que há aí uma alma de poeta há, eles têm razão. Beijinho grande
Brown Eyes disse…
Ginger a solidão assusta mas viver longe do que amamos assusta mais ainda. Não há vida como a dela, principalmente para quem ama a natureza. Custa tanto viver sem o contacto com a natureza que chegamos a sentir-nos amputados. Não é?
Beijinho grande amiga
Brown Eyes disse…
Eva tens razão é dura a vida no campo, principalmente para quem trabalha no campo, quem cultiva a terra, quem cuida dos animais mas, no fim, esta dureza é compensada pela calma e pela beleza que os envolve. Beijinhos
Brown Eyes disse…
El Matador obrigada pelo teu comentário. Beijinhos
Brown Eyes disse…
Carlos obrigada. A Maria foi uma velhinha com sorte, morreu acompanhada. Quantas velhinhas há que morrem sós por esses campos fora? Beijinhos
Brown Eyes disse…
Juana no campo não há rotina apesar das tarefas serem rotineiras. Parece impossível mas é verdade. Há em cada dia algo novo que surge, nem que seja um ninho no beiral da casa. Isto são coisas que enchem a vida de alguém que gosta do campo e da natureza.
Beijinhos
Brown Eyes disse…
Chica obrigada pelo teu comentário e visita. Era bom que todos tivéssemos uma velhice feliz e uma morte santa como ela. Beijinhos
Brown Eyes disse…
free-soul hoje é tão raro vermos uma velhice bem vivida, não é? São os bancos do jardim que acolhem aqueles que esperavam um fim feliz e risonho e lhes fazem companhia. Beijinhos
Brown Eyes disse…
Pedrasnuas esta é a história, embelezada, de muitas velhinhas que vivem no campo. Embelezada porquê? A diferença está na morte. Esta velhinha morreu acompanhada, teve uns filhos que, apesar de longe, nunca a abandonaram, que estavam presentes no dia da sua morte. Quantas há que tenham esta sorte? Beijinhos
Brown Eyes disse…
lunatik claro que sim. A vida na cidade não se compara à vida no campo. Não falando no sentimento das pessoas, até aqui há diferenças, falando apenas no envelhecimento. Na cidade os velhos apodrecem nos bancos de jardim,inactivos, mortos em vida, na aldeia gozam, até ao fim, o que a natureza lhes dá, com o prazer de quem tem vinte anos. Continuam a viver até ao último suspiro.
Brown Eyes disse…
johnny se eu já andava farta de ouvir sempre a mesma musica depreendi que tu também. Estava errada? rssss Acho que a musica num blog cansa. No fim do blog, se tens saudades, podes ouvi-la, é só clicares.
Os nomes...Nas aldeias as pessoas ganham os alcunhas como nomes, daí, sempre que falo de gente simples, atribuir-lhes nomes que lá se utilizam. Como há por lá muitas Marias acrescentam-se alcunhas para serem mais facilmente identificados. Naquele caso acabou por ficar só a Maria. Este conto tenta chamar a atenção para o que se passa nas nossas aldeias, estão a ficar desertificadas e é pena porque, ali vivesse uma vida feliz que parece que deixou de cativar. johnny quanto ao não te cativar a vida simples, acredito e aceito, nem todos temos o mesmo ponto de vista. Mas eu que vivo as duas vidas, por imposição do dever, se pudesse deixaria tudo para viver essa vida simples onde o natural é liberdade. Onde se pode ainda ser livre? No campo. Aí só te podem vigiar de satélite ou avioneta. Na cidade estás a ser vigiado e a deixar pegadas constantemente. Até conseguem descobrir o que tu consomes. Verdade? rsss Eu como sou fanática pela liberdade, pela beleza e pela simplicidade adoro o campo e as pessoas que lá vivem.
Beijinhos
Beijinhos
Johnny disse…
Tentei pôr a dar a música e não consegui, até fui procurar pela letra no google e no youtube, mas não encontrei. Normalmente não gosto de autoplays nos blogues, até porque nunca se sabe se estamos no trabalho ou se as colunas estão com o volume muito alto, mas aqui nem me importava... como também não era muito ruidosa. eu não queria dizer que não gostava, queria apenas dizer que essa vida simples exige alguma complicação, se não de veículos e edifícios, de pessoas amigas e familiares, porque a vida simples não existe :)
Brown Eyes disse…
johnny ainda não tinha dado conta que não funcionava. Tenho que ir lá ver que se passa. Tenho que arranjar um tempito. Mas a mim começou a incomodar-me e pensei que também vos poderia incomodar,principalmente se o blog é aberto no trabalho e tentei silencia-lo, com a opção de se poder ligar mas, parece que tem que levar uma revisão. Existe. Eu vivo-a, só aos fins de semana mas vivo e nada me incomoda, nem ninguém. As pessoas amigas e familiares também te podem incomodar na cidade. Há que aprender a saber dizer às pessoas que tu gostas muito deles mas gostas mais de teres o teu espaço. Os outros acabam por perceber. Os anos vão ensinando muita coisa até a simplificar a vida. Beijinhos e logo que possa trato do autoplay.
Brown Eyes disse…
johnny agora está tocar. rsss
Olga Mendes disse…
Digo muito vez que galinha do campo não quer capoeira. Uma bela mulher que viveu a vida como escolheu, e com a plenitude que idealizou, as decisões tomou-as com o coração. Levou a vida que quiz, talvez daí o respeito dos filhos, morreu com um sorriso nos lábios porque foi feliz. O teu texto passa-nos essa mensagem, palavra a palavra, vamos bebendo da sabedoria desta linda mulher. E se este fosse o teu primeiro conto de um livro sobre grandes e sábias mulheres? Beijinhos grandes. Adorei!
Patricia Silva disse…
Olá, que belo texto, há muitas Marias por aí. Eu tenho uma avozinha que quando ficou viuvá, teve de ir para a casa da minha mãe em Setúbal, porque teve de ser operada ao coração ( aos 73 anos, felizmente correu tudo bem e está boa), ela passava o tempo toda a dizer que queria ir para a casa dela. Ela preferia morar na casa dela e e num sitio afastado de tudo( mas lindo), do que em Setúbal na casa da minha mãe. Felizmente hoje está na casa dela e a minha mãe está com ela, e estão felizes.
Bjocas
Patty
Mulher a 1000/h disse…
Brown Eyes: Esta Maria fez-me lembrar a minha avó! Gostei muito do texto, mas devo dizer que eu de Maria assim tenho muito pouco! Sou bastante apegada às minhas raízes e origens, mas tenho uma curiosidade em mim, que me impele para conhecer sempre coisas novas! e... não fosse a pequenina ter aparecido na minha vida, tenho a certeza que por esta altura já teria viajado muito mais! O que acontece é que sempre que saio da minha casa, cada vez a sinto mais minha! Por muito estranho que isso possa parecer! :)

Gostei do texto, gostei do novo look e gosto de passar por aqui! :)

Bjinhos
Brown Eyes disse…
Olga quem conhece o campo não consegue limitar-se a uma capoeira. Poder correr em liberdade é tudo que essas pessoas querem. Podia ser o primeiro conto de um livro qualquer mas vou confessar-te uma coisa: a realidade exerce um grande fascínio em mim, essa realidade com que cruzamos todos os dias. Se escrevesse um livro era de comportamento. Prefiro ler os contos dos outros mas, desta vez saiu. Precisava de dar um ar fresco aqui no blog, daí ter surgido esta Maria que me apaixonou. Beijinho grande Olga
Brown Eyes disse…
Patty eu vou ser uma dessas avozinhas, se lá chegar. Quem me tira a minha casa tira-me tudo. Não gostaria de incomodar ninguém nem tão pouco ser aprisionada num lar. Espero ter a lucidez suficiente, até ao fim, para poder fazer opções. A tua avó teve muita sorte, uma filha que a ama até ao fim e valoriza os seu últimos dias. Nem todas têm essa sorte. Um beijinho para ti e para a tua mãe, merece-o. Para a vovó vai um grande xi-coração.
Brown Eyes disse…
Sílvia a mim quem me tira o campo tira-me tudo mas como gosto de conhecer outras realidades, apreciar toda a beleza que este mundo tem, conhece-la, dou largos passeios por ele fora. A esta Maria bastava-lhe o espaço que a rodeava e o facto de poder cuidar dos outros. A exigência dela era diferente da nossa, apenas exigia que a deixassem viver a vida com que sonhou. Hoje a nossa perspectiva é mais alargada, afinal vivemos vidas diferentes, temos mais sede de conhecimento. Beijinho
Su m disse…
É assim que a velhice deve ser para todos... é assim que desejo que a minha seja. Poder olhar para trás da mesma forma que Maria olhou.

Muito bonito.
Brown Eyes disse…
Merecíamos ter todos uma assim, não é? Esperemos que assim esteja previsto. Beijinhos e obrigada Su
Teresa Diniz disse…
Olá Brown
Belo texto para retratar uma bela vida, uma vida cheia. Nem sempre a velhice tem de ser triste.
Bjs
Brown Eyes disse…
Teresa pelo menos eu gostaria que ela nunca fosse triste. Os velhos merecem terem tudo no fim da vida. Trabalharam, contribuíram tanto que mereciam terem a velhice com que sonharam. Beijinhos
Catsone disse…
Quantas Penedones este país ainda tem? Lugares quase esquecidos, parados no tempo. Lugares onde se faz o que se fazia há quase 100 anos atrás. Mantém-se com gente pura e simples grudadas por raízes profundas.
Esse Portugal tão típico...
João Roque disse…
Talvez o teu texto mais real, mais puro e naturalmente mais belo.
Acho que não é preciso dizer mais nada...
Beijinho.
Brown Eyes disse…
Pinguim obrigada. Beijinhos
Numa só palavra: Lindo!!!

Uma história de vida, como, infelizmente, tantas outras. Gente que no seu anonimato deu razão e simplicidade à vida que tantos ignoram. Parabéns pelo post.
Bea. disse…
Lindo e comovente =)
Arisca disse…
As tuas palavras transportaram-me a esta aldeia, vi a casa de Maria, vi-a à lareira, com o Estrela enroscado nos pés. Obrigada! Quem vive assim, nunca está realmente sozinho...

*beijinho
Helga Piçarra disse…
Este texto, ainda que imaginário como diz na descrição do blog, é uma realidade para muita gente. Gente que se recusa a deixar a felicidade, que muitos têm sem saber. Maria soube envelhecer e valorizar cada dia da sua vida. Nunca deixou de ser fiel a si mesma e àquilo que a fazia feliz; contemplar aquela paisagem inóspita e agreste.

Cheguei ao fim do texto com um nó na garganta e os olhos humedecidos, talvez pela inveja da velha Maria, que morreu com um sorriso nos lábios.

Helga
Brown Eyes disse…
João obrigado por mais uma visita e pelo comentário.
Brown Eyes disse…
Bea obrigada por teres passado e deixado a tua opinião neste espaço. Beijinhos
Lala disse…
Em primeiro lugar: Este teu cantinho está LINDO!
Em segundo lugar: esta minha ausência deveu-se mesmo atrabalho, trabalho, trabalho (esse bicho do mato)!

Em terceiro lugar: a Maria!! É linda esta Maria que aqui conheci. É simples, viva e real! Acho que existe uma Maria dessas dentro de mim... Adoro o campo... seja no Alentejo, seja no Norte,,, seja lá onde for.
Quando vivemos em concordância com a Natureza a logevidade reside dentro de nós... Não imortam os vincos deixados pelo tempo e pelo trabalho, não importa a partida sem volta de outros... Importa sim a qualidade da vivência. A qualidade da nossa passagem. O amor que dediicamos a tudo o que fazemos e a longa e serena espera por aqueles que amamos... e que no final... sempre vêm.

Fantástico este teu texto!

Ps - a filha da Maria tem um nome fantástico!!! :D
Brown Eyes disse…
Arisca a Maria teve a sorte de viver e acabar os seus dias naquele paraíso, como tanto queria. Se todos os velhinhos tivessem a mesma oportunidade era excelente mas....nem todos acabam como sonharam. Beijinhos
Brown Eyes disse…
Helga obrigada pelo teu comentário e pela visita. Quem não tem inveja da Maria? De uma vida pura só se pode esperar uma morte pura mas, a realidade, nem sempre recompensa quem merece. Beijinhos
Brown Eyes disse…
Lala lindo o nome da filha da Maria não é? Imagina de onde veio a inspiração!! Tens muito desta Maria claro que sim, todas as pessoas lindas, as que eu considero e que tu já deves saber quais são, têm muito de Maria. Como dizes o que interessa é a qualidade e o amor que depositamos no que fazemos. Beijinho grande.
Anónimo disse…
Foi assim que a minha avó quis viver a vida toda, e em parte conseguiu. Ironicamente o nome dela também era Maria.
Este texto tocou-me bastante...
**
mz disse…
O apego à terra e às suas raízes fizeram com que maria vivesse uma vida simples agarrada aos seus únicos amores.
Bastante real esta história... lembra aquelas pequenas aldeias envelhecidas e quase esquecidas do interior do nosso Portugal.

Eu, por muito que goste de sossego e da natureza, era incapaz de viver como a tua Maria.

Um beijinho
Brown Eyes disse…
Di esta é a história da tua avó e de muitas avós que viveram felizes, na terra que as viu nascer. Beijinho grande e obrigada pela visita.
Brown Eyes disse…
MZ foi a pensar nessas aldeias envelhecidas e nos velhinhos que lá vivem que escrevi esta história. Dói-me o coração ver aquelas aldeias, rodeadas de natureza, abandonadas. Não se vê um único jovem em muitas delas. Gostando eu tanto de viver no meio da natureza chamei a atenção, assim, para a beleza que lá existe, em cada rosto envelhecido.
Beijinho grande e obrigada
Mika disse…
Olá Brown
Estava a ler-te enquanto o Julio tocava Miradouro.
Abrandei o ritmo e pus a musica em loop.
...
E depois de ler-te...dizer mais do que isto seria regressar atrás uns minutos...e não me apetece. Quero saborear esta história aqui tão perto. E mais uma vez.
Abraço

Miguel
By Me disse…
BROWN EYES VIM UMA VEZ MAIS AGRADECER AS TUAS MENSAGENS...PODES DISCORDAR SEMPRE ...ISSO NÃO IMPEDE EM NADA QUE POSSAMOS NOS VISITAR...
E DEPOIS NÃO PODEMOS DISCORDAR SEMPRE,NEM CONCORDAR SEMPRE...

COM CARINHO

BEIJINHOS
Brown Eyes disse…
Mika obrigada por mais uma visita tua. Estou em falta contigo, mas espero que esta lufa lufa não seja muito longa. Beijinhos
Brown Eyes disse…
Pedrasnuas só discordo com quem vale a pena. Há pessoas que nem uma discórdia me conseguem tirar porque as ignoro completamente. Sabes que visito os teus cantinhos porque gosto e se discordamos uma com a outra é sinal que temos opinião própria, o que é óptimo. Dá uma pica uma discórdia, saudável, que não imaginas, arrebita-me. Ando um bocadinho para o chocho
Beijinho
Mika disse…
Atreva-se a miss Brown a pensar sequer que está em falta comigo... livre-se. E começo a cobrar portagem para os meus domínios blogueiros.
E já agora nós não a queremos chochinha pois não miss Nakedstones?

Abraço

Miguel
Brown Eyes disse…
Mika
ahahahaahah Nem eu me quero sentir chochinha mas.... acontece. O teu Embloglio é um espaço de frente para o mar que agrada visitar. Beijinhos e obrigada pela boa disposição que aqui deixaste.
Just me disse…
Olá!

Adorei o texto, cada palavra, cada sentimento que descreves!
Muito bonito mesmo!

Beijinho
A.S. disse…
Uma vida descrita com o coração de quem conhece o passar dos dias longe das grandes urbes.
Sobretudo com o realismo de uma história comum, que desperta todas as emoções...
Sublinho o belo estilo da escrita, que,aliás, já conheço!


Beijos...
AL
Brown Eyes disse…
Just me obrigada por teres visitado este cantinho e teres deixado a tua opinião. Beijinhos
Brown Eyes disse…
A.S. obrigada pelo elogio e incentivo que aqui deixaste. Beijinhos
Melga disse…
Linda e melodiosa homenagem a quem a merece e a quem habita naquelas regiões, Penedono, Pitões das Júnias,toda a zona do Barroso e os mistérios do Padre Fontes, em suma a quilo que defines como pureza, simplicidade e naturalidade...o que cada vez menos existe na nossa velhice....

Bjinhos***
Brown Eyes disse…
Melga esta região é magnífica, ainda bem que a conheces. Além de ter uma paisagem maravilhosa tem uma tradição mística. O mosteiro cisterciense de Pitões das Junias é lindo, pena que não se preserve o que vale a pena. E a história do duende que mora naquelas terras? Bem aquela zona apaixona, não admira que Maria estivesse perdidamente apaixonada por ela e pelo que ela significava.
Beijinhos
Lala disse…
;D Obrigada pela homenagem!!

És fantástica!

Beijinho grande**
Brown Eyes disse…
Lala um beijinho grande para ti.
Sena do Aragão disse…
O texto lembrou-me de minha avó. Uma Maria a viver por Ipecaetá. Não deserta, mas longe da movimentação da grande cidade.

Beijos
Demian disse…
Curioso, o sítio que escolheste... Conheço, e é realmente bela, toda aquela zona, nas barbas do Gerês... :)
De resto, as tuas descrições são bastante boas, o leitor consegue mesmo imaginar os cenários e as pessoas como os descreves, e para quem não conhece, fica decerto com vontade de visitar (neste caso, recomendo vivamente.) ;)
Beijo
Brown Eyes disse…
Sena obrigada pela visita. Beijinhos
Brown Eyes disse…
Gravepisser ainda bem que conheces a zona e as maravilhas que ela encerra. Sou uma apaixonada pelo Norte de Portugal, que muita gente desconhece mas, que é um autêntico paraíso. Obrigada pelo teu comentário. Beijinhos
Melga disse…
Brown,
a ponte de Misarela, tem uma lenda...
Anónimo disse…
Eis uma belíssima biografia de uma mulher com uma intensidade no olhar que até arrepia e que tão eloquentemente é descrita.

Gostei do texto.

Saudações
Brown Eyes disse…
Melga tem duas: A que diz que as mulheres que não conseguem levar a gravidez a bom termo, dirigem-se para a ponte e esperam que passe o primeiro homem e pedem-lhe para baptizar o feto que trazem no ventre. Havendo sucesso na gravidez, se nascer rapaz chamar-se-á Gervásio, se for rapariga terá o nome de Senhorinha.
A da construção da ponte que dizem ter sido o diabo, primeiro para passar um fugitivo, que ao chegar ali deu a alma ao diabo para que o pusesse na outra margem mas, após a passagem deste o diabo destruiu a ponte. Este ao morrer confessou isto a um padre. O padre ludibriou o diabo e quando ia a meio da ponte deita-lhe água benta, faz o sinal da cruz e pronuncia a oração do exorcismo. O diabo rebentou e lá ficou a ponte. Lendas que nos fascinam. Beijinhos e obrigada
Brown Eyes disse…
JPD o olhar dela transcreve a felicidade que sente. Obrigada. Beijinhos
By Me disse…
EYES, MUITO OBRIGADA PELA TUA PARTICIPAÇÃO ACTIVA NOS MEUS BLOGUES. É SEMPRE UM PRAZER
LER-TE!!!

BEIJINHOS E BOA SEMANA
Brown Eyes disse…
Pedrasnuas não tens que agradecer, é com todo o prazer. Mesmo havendo pouco tempo há sempre algum para apreciar o teu trabalho. Beijinhos
Patricia Silva disse…
Ola Mary, vim dizer Olá e agradecer os teus comentários e as tuas palavras que são tão importantes para mim. Obrigada.
E estou à espera de mais um texto fantástico que tu sabes escrever e que nos ajuda a crescer e a aprender mais um bocadinho.
Bjocas
Patty
Brown Eyes disse…
Patty sabes que é um prazer para mim passar no teu cantinho. Penso que me comecei a habituar tanto a ler os vossos blogs que só isso me satisfaz. Às vezes temos tantas ideias que acabam por nos bloquear. Há tanta coisa que me desagrada que não me apetece falar de nada rssss. Ando numa de observadora. Beijinhos e obrigada Linda.
Melga disse…
Obrigada por me recordares as lendas, estive lá há alguns anos e gostei da paisagem selvagem e agreste, algo assustadora pela profundidade que tem...
Fia disse…
ainda bem que a velhice é uma coisa boa!
Lindo, lindo texto
De uma pureza poética que muito admiro.
Deixo aqui meus parabéns

=)

Beijo
Brown Eyes disse…
Melga eu é que tenho que te agradecer. Beijinho
Brown Eyes disse…
Fia pode ser uma coisa boa, depende muito de como encaramos a vida. Beijinhos
Brown Eyes disse…
Ana Cristina obrigada pelo teu comentário. Beijinhos
Lala disse…
Helloooooo! Princesinhaaaaaaaa! Andas por aí, ou nem por isso?? Vejo qu tens estado atenta aos posts de quem segues... mas e os teus??
Preguiça? Trabalho? Falta de inspiração? Ou isto tudo e muito mais?

Beijinho**
Brown Eyes disse…
Lala minha Linda, isso tudo. Muito trabalho, pouco tempo e esse tempo aproveito para vos ler. Sabe-me tão bem ler-vos! É tão verdade que já vi que há novidades no teu blog, vou já voar para lá. Beijinho grande grande.
Anónimo disse…
Tão real... isso acontece tanto no interior do nosso país!
Brown Eyes disse…
Hyndra pois acontece, muito mesmo. Beijinho e obrigada.
Lady Me disse…
Adorei este texto por demais. Lindo. Parabéns.

Beijinhos*
Brown Eyes disse…
Lady Me obrigada pela tua visita e pelo comentário. Beijinhos

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Vermes, quem são? Aqueles que jogam sujo, aqueles que não medem meios para chegarem a um fim, aqueles que prejudicam deliberadamente, aqueles a quem eu afogaria à nascença e sou contra à justiça feita pelas próprias mãos mas, afogava-os, com todo o prazer.  Não merecem viver,  muito menos relacionarem-se com gente. Vocês acham que sou condescendente só porque o verme é vizinho, conhecido, amigo ou familiar? Não. É verme e  como tal não lhe permito sequer que respire o mesmo ar que eu.  Se todos pensam assim? Não. Há quem pense que temos que aceitar certo tipo de vermes, que há vermes especiais,  os   do mesmo sangue, porque fica bem haver harmonia no lar ou até porque … sei lá porquê, não interessa.   Não sei? Não será porque têm medo de serem avaliados negativamente, pela sociedade, se houver um verme na família, se tomarem uma decisão radical para com esse verme? Se for filho têm medo que o seu papel como progenitores seja posto em causa, que i...

Surpreendida com rosas

Um dia, há uns anos largos, anos cinzentos, daqueles em que tudo se encrespa, entra pelo meu gabinete uma florista, que eu conhecia de vista, com um ramo enorme de rosas vermelhas e uma caixa com um laçarote dourado. Ela: Mary Brown? São para si. Eu: Sim, mas,… deve, deve haver aí um engano. Não faço anos hoje, nem conheço ninguém capaz de me fazer tal surpresa. Ela: Não há não. Ligaram-me, deram-me o seu nome, local de trabalho, pediram-me que lhe trouxesse este ramos de flores, que lhe comprasse esta prenda e que não dissesse quem lhe fazia esta surpresa. Aliás, acrescentaram, ainda, que a Mary nem o conhece mas, ele conhece-a a si. Eu: O quê? Está a brincar comigo, não? Não, não posso aceitar. Fiquei tão surpreendida que nem sabia como agir, aliás, eu estava a gaguejar e, acreditem, não sou gaga. Ela: Como? Eu: Não posso aceitar. Não gosto muito de ser presenteada, prefiro presentear, muito menos por alguém que não conheço. Imagine!  Era só o que me faltava. Obrigad...