Quantas vezes já ouvimos esta frase? Não são dezoito, vinte e dois ou vinte e quatro, são vinte anos. Porquê vinte anos? Porquê voltar atrás? Será que o presente não cativa o suficiente para querermos permanecer por aqui?
Quantas vezes pensei nesta frase e quantas vezes conclui: Não quero voltar atrás. Estou mais velha, é certo, como também é certo que a saúde não é a mesma, assim como não é menos certo que não consigo mais passar pela noite a ver um filme ou até a ler mas não quero, mesmo assim, voltar atrás. Perdi juventude, é certo, mas ganhei tanta coisa. Ganhei experiência. Hoje é difícil que algo me tire o sono, caio na cama como uma pedra. Ganhei paz. Antigamente revoltava-me um simples mexerico, afinal se eu não falava de ninguém porque teimavam em falar de mim, era o suficiente para não dormir. Ninguém para mim era o suficientemente importante para que eu, nas costas dela, cobardemente, andasse com ditos e mexericos. Porque elas, são elas normalmente que mexem e remexem, não agiam como eu?
Quantas vezes pensei nesta frase e quantas vezes conclui: Não quero voltar atrás. Estou mais velha, é certo, como também é certo que a saúde não é a mesma, assim como não é menos certo que não consigo mais passar pela noite a ver um filme ou até a ler mas não quero, mesmo assim, voltar atrás. Perdi juventude, é certo, mas ganhei tanta coisa. Ganhei experiência. Hoje é difícil que algo me tire o sono, caio na cama como uma pedra. Ganhei paz. Antigamente revoltava-me um simples mexerico, afinal se eu não falava de ninguém porque teimavam em falar de mim, era o suficiente para não dormir. Ninguém para mim era o suficientemente importante para que eu, nas costas dela, cobardemente, andasse com ditos e mexericos. Porque elas, são elas normalmente que mexem e remexem, não agiam como eu?
Ai hoje, hoje não têm sequer o descaramento de me dizerem o que se diz, de mim ou de qualquer outra pessoa. Armei-me de tal forma que tudo que é ruim é destruído a duzentos metros. Não chega cá nada. Nada mesmo. Sempre fui selectiva, nunca me deixei acompanhar por qualquer pessoa, mas, ao longo dos anos, fui aprofundando essa qualidade. Por mais que analisemos as pessoas há sempre alguém que acaba por nos enganar e, por consequência, de trazer-nos problemas. Eles surgem muitas vezes por facilitarmos, por julgarmos os outros por nós, os outros não são como nós, ai não são mesmo. Há caloteiros, ladrões, assassinos, psicopatas, mentirosos, …. Então, se assim é, porque irei eu julgar os outros por mim? Pois é não julgo, julgo-os mesmo por eles próprios e atribuo-lhes os defeitos e qualidades que eles têm.
Que me interessa a mim a história da fulana que deixou o marido e anda com o vizinho? Nada. Se não interessa, nunca interessou, para que hei-de ouvi-la? Por simpatia? Ai não ouço mesmo. Nunca fui complexada nem ao ponto de achar que sou melhor, nem ao ponto de achar que sou pior, por corolário, não me interessa, não me faz feliz desacreditar ninguém. Depois aprendi com o ditado “Nunca digas desta água não beberei” que, não sei o que poderei amanhã ser capaz de fazer. Sendo assim, não sabendo o meu dia de amanhã, como posso eu criticar alguém? Amanhã se bater com a cabeça nas paredes quero ser motivo de boato? Se não, porque os alastro eu hoje?
Esta tem sido a minha máxima ao longo da vida, máxima aprofundada com a idade. Há ainda outra, ser optimista. Quantas vezes na minha vida passei noites sem dormir porque tinha um problema, que me parecia a mim, insolúvel. Por mais voltas que desse não havia solução para aquilo. Desta vez tinha-se acabado, eu não iria conseguir resolver aquela dificuldade. Ai meu Deus que seria de mim? E, noite após noite, eu ia ficando cada vez mais esgotada e, claro, cada vez tinha menos capacidade para discorrer e, em consequência, o problema, que afinal não era tão volumoso como isso, ia-se avultando. Quanto mais me preocupava mais se agigantava. Perdia a confiança em mim, completamente. Deixava de sorrir, de comer, afundava. Mas, chegava sempre um dia, um bendito dia, que se fazia luz. Eu, aqui a Mary Brown, já no fundo do poço, como por magia, recuperava a confiança em mim e via um clarão que se aproximava velozmente. Estava ali a resposta, a solução de tantas noites mal dormidas.
Hoje, são muitos anos de história, anos que me deram experiência, que me ensinaram que nunca devo perder a confiança em mim. É ela que me dá força para derrubar todos os muros, para não deixar que se amontoem pedregulhos na estrada da minha vida. As noites mal dormidas há muito que acabaram, hoje não demoro cinco minutos a fechar os olhos, haja o que houver sei que o amanhã resolverá, se me mantiver serena. É serena que espero o dia seguinte porque aprendi que só não há solução para a morte, que o que hoje nos parece um abismo pode amanhã parecer-nos uma montanha coberta de flores.
Não quero voltar aos vinte anos. Eles podiam-me dar juventude mas não me dariam esta paz que hoje sinto, esta maturidade que cultivei. Que é mais importante? A paz sem dúvida. A certeza de sabermos quem somos, a certeza de sabermos o que queremos, a certeza de sabermos quem queremos, a certeza de sabermos para onde queremos ir, a certeza de sabermos o que nos faz feliz.
Porque será que querem voltar aos vinte e não aos dezoito ou vinte e dois? Talvez porque, há uns anos atrás só se saia de casa aos dezoito, quando se adquiria a maior idade, e aos vinte já se teria, em princípio, uma estabilidade financeira. Será? Não sei. Só sei que eu, pessoalmente, não quero negar um passado que tanta importância teve para mim, um passado que me ajudou a ler o presente, um passado que fez de mim o que sou, um passado que me deu a estabilidade que hoje tenho, um passado do qual, apesar de ter cometido muitos erros, me orgulho. Estar a nega-lo seria o mesmo que estar a negar-me e fui eu que consegui a felicidade que hoje sinto. Amanhã? Como será o amanhã? Quando lá chegar saberei. Até lá vou viver o presente.
Brown Eyes
Comentários
Hoje dou comigo muitas vezes a pensar como será quando tiver 65 e estiver reformado. Será que chego lá? Como vou estar? Que vida vou ter?
É angustiante, se pensar muito...
Como dizes, e bem, o melhor mesmo é (tentar) viver o presente.
O que não é NADA fácil.
Bom fim-de-semana!
Obrigado pelo lindo comentário no meu blog! Estou te seguindo! É tudo muito bom por aqui!
Um abração!
Pedro Antônio
Gosto mais de mim agora do que alguma vez gostei. Comecei a conseguir separar o trigo do joio de olhos fechados... aprendi a usar a diplomacia, aprendi que ter uma opinião diferente de todos os outros, não nos remete para um canto... mas sim nos torna "originais".
E mais importante de tudo... aprendi que não se deve ligar muito ao socialmente aceitável, e que desde que não se prejudique ninguém, cada um deve levar a sua vida como bem entende.
Bonito texto Mary...
Kiss*
Cumps.
Há quem diga que é preferível existirem pessoas de má cara, mas de bom carácter em vez de pessoas sorridentes que revelam mau carácter.
Mas como ser assim, detectando as más energias a 200 metros (parafraseando o texto), evitar cusquices, mesmo sendo optimista sem ser amarga e cínico, nem que o sejam aos olhos dos outros?
Mais uma vez digo que há pessoas que parecem e são amargas num mundo de falsas aparências. Ser amargo num mundo como este que tão bem críticas é uma virtude e uma constatação do óbvio quando se trata de pessoas inteligentes e decentes... ou não, mas é o que eu penso.
(ultimamente, poderá ter sido o Paulo Portas a utilizar aquela frase do bom carácter... o que não abona muito a favor da frase)
Não tenho vergonha de dizer não, de dizer o que penso, de dizer não gosto, não quero, desde que seja prejudicada. Não tenho. Não quero dizer sim, por vergonha, sem vontade, estaria a trair-me e a trair a pessoa a quem disse sim. A minha vida foi uma procura, e é, da verdade, uma crença cega que só a verdade é válida, que só ela nos pode ajudar. Se assim é, posso eu ser a primeira a mentir? Não.
O que as pessoas chamam amargas para mim são pessoas verdadeiras. São essas pessoas com quem gosto de lidar porque sei que se eu errar mo dizem directamente e nem que me mandem para algum sítio sei que é da boca para fora. Essas pessoas têm o coração na boca mas, não são más e, acredita, que se te insultam é de momento, passa e não fica mágoa nem outro sentimento ruim. As outras, muito simpáticas, que parecem que te metem no coração...cuidado se te apanham pelas costas desfazem-te. Basta olhares para os olhos de uma pessoa para saberes com quem lidas. Os olhos são mesmo o espelho da alma e não é por acaso que neste blog está lá o meu olhar. A única coisa que interessa conhecer de alguém para sabermos o que vive dentro dela.
Espero que tenhas ficado a conhecer a Mary mais um bocadito, com este post, que como dizes deu-te a certeza do que pensavas.
Beijinhos e, obrigada por mais esta visita e pelo comentário.