Avançar para o conteúdo principal

A Herança de uma Família

“Filhos de Bill Gates orgulhosos por ficarem sem fortuna do pai”, era este o título da notícia que me deu a oportunidade de abordar um tema que me atrai: as heranças e as ligações humanas.
Quem ainda não observou o desmoronar de uma família por causa de uma herança? Não é preciso que alguém morra para que isso aconteça porque há quem, muito cedo, comece a trabalhar para que seja o único herdeiro, nem que para isso tenha que “trucidar” os adversários reais ou imaginários.
Quem não viu, ainda, pais fazerem vendas fictícias ou colocarem o dinheiro da venda dos bens nas mãos de um dos herdeiros deserdando, assim, o outro ou outros?
Legalmente ninguém pode deserdar um filho, mas todos sabemos que querer é poder, portanto, há sempre uma maneira de fugir às normas, nem sei para que elas existem, como dizem, quem não tem cão caça com gato, quando, numa família há um interesseiro calculista acaba sempre por haver uma ovelha ronhosa, é assim que o primeiro acaba por pintar o segundo para obter o que pretende. Quando o segundo acha que os pais também são dele e que, portanto, também tem direito à herança, por mais que o interesseiro o tente expulsar da família ou do pacote.  Começa, por estes motivos, banais para mim e relevantes para outros,  a guerra, guerra que já acabou algumas vezes, na morte de um e na prisão do outro.
O que é uma família afinal? É o que eu tive? Será que eu nasci numa família? Será que a dita herança vale mais que a minha paz de espírito? Abdicando dela não estarei eu a provar-lhes que os ronhosos são eles?
Seriam estas as perguntas que o deserdado devia fazer antes de partir para a guerra, no entanto, basta morrer um progenitor para as quezílias familiares começarem.
Há excepções e eu conheço algumas.
Há uns anos largos conheci uma família, uma família, tão unida, tão amiga que, ainda hoje, o irmão mais velho, com cerca de 70 anos e a cunhada (até a cunhada), continuam a tratar do irmão mais novo, com cerca de 60 anos, como se fossem os pais dele. Têm um herdeiro, mas o irmão mais novo, depois da partida do pai, há 50 anos, foi sempre protegido por eles e nunca deixaram de o apoiar incondicionalmente. Como diz o mais novo, o mais velho protege-o como um pai.
(Como um Pai? Quantos pais não se preocupam com os filhos?)
Há união, amor, preocupação com o seu bem-estar, apesar de ele ser completamente independente, ter uma profissão que lhe permite ter um vencimento acima da média.
Nesta família as partilhas foram feitas sem sobressaltos e a colaboração é dada sem pensar em mais nada do que o amor e a amizade que os une. Um exemplo, que eu costumo denominar como raro, para não dizer único. Não estamos a falar de ciganos, neles é que encontramos uniões fortíssimas entre familiares.  
Raro porque eu conheço muitos exemplos distintos deste, por completo.  
Uma família só existe se há, entre os seus membros, laços de amizade profundos, que nada nem ninguém conseguirá desatar. Laços materiais unem os sócios de uma empresa, não uma família.
Concordo plenamente com Benjamim Franklin:

Paz e harmonia é a verdadeira riqueza de uma família, acrescentaria, e as únicas razões para encetarmos uma guerra. 

Comentários

Janita disse…
Os interesses e a disputa entre familiares por heranças e afins tem sido a causa do desmoronar de muitas famílias.
Sabes, Mary? Por vezes, fico contente em pertencer a uma família humilde. Sei que me amam pelo que sou e não pelo que eventualmente poderia ter.

Beijinhos, boa semana.
Fê blue bird disse…
Amiga, infelizmente a maldade e o interesse sobrepõe-se muitas vezes à família.
Por isso os filhos de Bill Gates em vez de serem regra são excepção.
Como sou filha e nora única não tenho esse problema e ainda bem, pois seria muito triste para mim ver-me confrontada com essa situação.

Um beijinho
Brown Eyes disse…
Janita a simplicidade, a humildade evita muitos problemas na nossa vida. Há por aí tanta gente que não tem onde cair morto mas é imodesto. Beijinhos
Brown Eyes disse…
Amiga quem sabe pertencias a uma família que dá mais importância ao amor do que à fortuna! Mas há muito poucas que o fazem e tudo corre bem até ao dia em que os pais morrem, aí começa a guerra. Eu acho isto uma miséria. Beijinhos
Breathtaking disse…
Hello Brown Eyes!:) It's a crying shame that some families are torn apart by an inheritance. It would be preferable to try to sort things out whilst the parents are alive, but even then, I suppose there would be greed and petty grievances, but at least if this happened, perhaps the parents would decide to give their wealth to a charity instead, and bem feito I say!!:)
Brown Eyes disse…
Breathtaking

Some families solve the problem while the parents are alive, make a fictitious sale to one of the children disinheriting the other. Or, they sell their possessions and give the money to one of the children.
It is a shame even to this and I do not call families.
Briseis disse…
Faz parte, Mary, a tensão no momento das partilhas... Os rancores, as desconfianças, a zanga e o cortar de relações, nos casos mais extremos. É bem triste que isso aconteça, que irmãos não consigam respeitar os direitos uns dos outros, para grande desgosto dos pais que, tantas vezes antes de morrerem percebem que o assunto vai gerar discórdia. Quando a própria discórdia não é semeada por eles... Enfim, como todas as relações humanas, também esta é feita de incompreensōes
Brown Eyes disse…
B muito triste. Todos devíamos saber que há muito poucas coisas que valham a pena que nos chateemos e as coisas materiais não merecem isso. Todos morremos e que eu saiba ninguém leva nada daqui para o outro mundo portanto...Será que as pessoas pensam que sim? O que vivemos sim, acompanha-nos pelo menos até morrermos e por isso há que aprender a viver bem e para mim viver bem é em paz. Beijinhos
C. disse…
É uma tristeza... heranças... parecem maluquinhos à luta.

Beijinhos,
O meu reino da noite ~ facebook ~ bloglovin'

Brown Eyes disse…
C uma enorme tristeza. Beijinhos
Anajá Schmitz disse…
É nestas horas que as pessoas mostram o que realmente são. Infelizmente.
Mas quero te desejar um feliz natal e um ótimo anos novo.
Bjos
Brown Eyes disse…
Nos momentos em que devia haver mais união, não é? Um feliz Natal para ti também e família.
Beijinhos
Márcia disse…
Bom dia amiga!
Penso que as vezes a culpa é dos pais!
Preferem um filho ao outro.
Um beijo e te desejo um feliz 2017 com muito amor e paz no coração.
Brown Eyes disse…
Márcia quando falamos de família há muito que dizer. Esse é um dos motivos, há pais que têm preferências e não as assumem, depois é natural que os filhos se vão afastando mas, está no sangue de cada um ser ou não materialista. Um beijinho para ti e um 2017 em Grande.
J disse…
Este comentário foi removido pelo autor.
J disse…
Minha querida Mary já há alguns anos que não escrevo por motivos enfim da vida, como podes imaginar, falta de saúde principalmente e outro tipo de problemas familiares também. Incomoda-me e sempre incomodou esta coisa das heranças como dizes e bem também já vi e em breve vou ver mais uma vez irmãos desavindos e famílias zangadas por causa de... coisas! Mas porque é que os pais são obrigados a deixar alguma coisa aos filhos? Não concordo nada. Para mim os pais são bons pais se ajudarem em vida e ponto final. Amor, carinho, alimentação cuidada, saúde, uma boa educação, memórias felizes... não chega isso como herança?
O meu pai dizia-nos a mim e à minha irmã (antes de a vida lhe pregar uma enorme partida) " não se preocupem que um dia vão ter um futuro garantido e não terão dificuldades" ... ai a sério! Como às vezes os pais querem ser bons e são tão imperfeitos eu sei que é muito difícil ser pai ou mãe. Eu não tenho filhos. Mas a resposta que tanto eu como a minha irmã lhe demos foi "Ó papá nós vamos trabalhar não estamos à espera de nada por isso é que estamos a estudar.. "
Já a mãe. A história é bem oposta. Enfim não vou lavar roupa suja mas não tem sentido maternal algum e nem em vida da filha mais nova soube ajudar muito a filha embora eu tenha de ser justa e dizer que nos providenciou uma boa educação (à mistura com muita pancada que hoje seria considerada violência doméstica... mas enfim... anos 70 e 80 éramos outra geração). Agora encontra-se afastada e muito de mal com a vida. Talvez consumida pela culpa, não sei. Vive mas podendo ser feliz não o sabe fazer. Não percebo esta mãe..só está bem no papel de vítima. E eu cansei-me. Não posso viver a vida dela e nem por ela. Mas fico triste.

Um beijinho.
Escreverei mais vezes

Obrigada por ainda estares aí. Voltarei ;-)

Uma ressalva. Hoje em dia também os filhos não têm o respeito nem o cuidado, nem a gratidão aos pais como nós antigamente. Pelo menos muitos dos filhos que vejo... Não sei . Vivo só há já 7 anos talvez seja o isolamento que também não me permite ver tudo, tudo... Também há com certeza o oposto filhos bons e bem formados e carinhosos e maravilhosos, não falo de crianças que essas claro são o melhor do Mundo, estou a falar de filhos já crescidos e criados.
Brown Eyes disse…
J subscrevo tudo o que escreveste mesmo em relação aos filhos actuais. Antigamente os filhos levavam grandes tareias, o meu caso, e achavam que tudo era permitido aos pais e que os filhos nunca se podiam revoltar contra eles. Hoje os filhos acham que os pais têm obrigação de tudo e eles nenhuma. Nunca tive nem pais nem família porque fui obrigada, desde pequena, a desenrascar-me e a desenrasca-los. Sempre tive obrigações e nunca apoio. Com os anos cheguei à conclusão de que o que tive foi bem pior do que nunca ter conhecido os meus pais. Tive uma irmã, se é que se pode chamar assim, que tudo fez para ser a única herdeira. Conseguiu-o. Muita gente admira-se por eu não ter lutado pela herança e eu pergunto para quê? Se não tive o que sempre quis ter, amor de pais, para que me servem os tostões? Uma família faz muita falta e quanto mais vivemos mais falta sentimos dela. É diferente a vida de alguém que teve uma família daquela que nunca a teve. Muito diferente.
J fiquei feliz por te saber ainda por aqui. Beijinhos e tudo de bom para ti

Mensagens populares deste blogue

A droga da fama

Ao longo da minha vida fui tirando conclusões que vou comparando com os acontecimentos do dia a dia. Muito cedo descobri que ser famoso, ser conhecido, ou até mesmo ter a infelicidade de dar nas vistas, mesmo sem nada fazer para e por isso, era prejudicial, despertava inveja e esta, por sua vez, tecia as mais incríveis teias. Todos, algum dia, foram vítimas de um boato. Todos descobrimos a dificuldade em o desfazer, em detectar a sua origem mas, todos, sabemos qual o seu objectivo: ceifar alguém. Porque surge ? Alguém está com medo, medo de que alguém, que considera superior, se o visse igual ou inferior não se sentiria barricado, lhe possa, de alguma maneira, fazer sombra. Como a frontalidade é apanágio apenas de alguns e porque, a maior parte das vezes, tudo não passa de imaginação, não se podendo interpelar ninguém com base nela, não havendo indícios de nada apenas inveja parte-se, de imediato, para o boato. Assim, tendo como culpado ninguém, porque é sempre alguém que ouviu...

Carnaval de Vermes

Vermes, quem são? Aqueles que jogam sujo, aqueles que não medem meios para chegarem a um fim, aqueles que prejudicam deliberadamente, aqueles a quem eu afogaria à nascença e sou contra à justiça feita pelas próprias mãos mas, afogava-os, com todo o prazer.  Não merecem viver,  muito menos relacionarem-se com gente. Vocês acham que sou condescendente só porque o verme é vizinho, conhecido, amigo ou familiar? Não. É verme e  como tal não lhe permito sequer que respire o mesmo ar que eu.  Se todos pensam assim? Não. Há quem pense que temos que aceitar certo tipo de vermes, que há vermes especiais,  os   do mesmo sangue, porque fica bem haver harmonia no lar ou até porque … sei lá porquê, não interessa.   Não sei? Não será porque têm medo de serem avaliados negativamente, pela sociedade, se houver um verme na família, se tomarem uma decisão radical para com esse verme? Se for filho têm medo que o seu papel como progenitores seja posto em causa, que i...

Surpreendida com rosas

Um dia, há uns anos largos, anos cinzentos, daqueles em que tudo se encrespa, entra pelo meu gabinete uma florista, que eu conhecia de vista, com um ramo enorme de rosas vermelhas e uma caixa com um laçarote dourado. Ela: Mary Brown? São para si. Eu: Sim, mas,… deve, deve haver aí um engano. Não faço anos hoje, nem conheço ninguém capaz de me fazer tal surpresa. Ela: Não há não. Ligaram-me, deram-me o seu nome, local de trabalho, pediram-me que lhe trouxesse este ramos de flores, que lhe comprasse esta prenda e que não dissesse quem lhe fazia esta surpresa. Aliás, acrescentaram, ainda, que a Mary nem o conhece mas, ele conhece-a a si. Eu: O quê? Está a brincar comigo, não? Não, não posso aceitar. Fiquei tão surpreendida que nem sabia como agir, aliás, eu estava a gaguejar e, acreditem, não sou gaga. Ela: Como? Eu: Não posso aceitar. Não gosto muito de ser presenteada, prefiro presentear, muito menos por alguém que não conheço. Imagine!  Era só o que me faltava. Obrigad...