“Quando Deus criou o homem branco deu-lhe um relógio. Quando criou o homem negro deu-lhe tempo.”
A minha pele não é negra mas o meu coração, a minha mente é africana, cada vez mais. Andei anos, satisfeita, a correr contra o tempo mas, pensava que tinha tempo, tempo para fazer tudo o que desejava, tudo o que tinha planeado.
Hoje queria andar devagar para poder viver, para poder apreciar cada minuto que passa pela minha vida, para me poder dedicar totalmente ao que gosto.
Hoje sei que não tenho muito tempo e perdê-lo a olhar para o relógio, a cumprir horários, vivendo de obrigação em obrigação, sabendo que não é isto que quero vai, pouco a pouco, encurtando o meu tempo e a minha hipótese de viver para o tempo.
Hoje sei que é perder tempo pensar no futuro, prepararmo-nos para um amanhã que pode não passar de hoje. Foi uma perca de tempo o tempo que levei a ganhar dinheiro para comprar o sofá, a TV ou a aparelhagem que o tempo não me deixa usufruir. Perdi muito tempo com coisas que o futuro nulificou a importância mas, todo o tempo que perdi com as pessoas, mesmo que elas nunca tenham correspondido ao que eu imaginei delas ou até ao que eu lhes dediquei, foi ganho porque, afinal, aprendi que nada vale mais do que um amigo e é esse que nós escolhemos. Esses laços, os de amizade, aqueles que nos envolvem com carinho, para quem nós, mesmo errando, temos toda a importância, são os únicos eternos. Compreender isto leva tempo, tempo que acaba por nos faltar para viver.
Hoje, com menos horas disponíveis por semana, com um portátil a pedir reforma, uma internet que tem horas que resolve parar e esquecer que é paga para se mexer, o tempo não me chega para descansar, para me sentar num desses sofás que comprei em tempos, ligar a TV e ver aquele filme que me faz esquecer os problemas do dia a dia, ouvir aquela musica que me lembra um momento passado, tricotar aquele casaco que há muito planeei ou, ainda ler aquele livro que envelhece na estante.
Tudo está na prateleira porque o dia consome-se, as horas encurtam, o cansaço madruga, os ossos recalcitram mas o relógio, esse continua certo, tão certo que amanhã terei mais um horário a cumprir.
No entanto, a esperança permanece, se não é hoje, será amanhã que o tempo será só meu, que poderei então, dedica-lo a escrever, a ler, a seguir completamente o que gosto. (A Europa foi um erro. África é o canto que continua a encantar-me.)
Entretanto, espero ter tempo para aqui estar.
"God gave the white man a watch and gave the black man time"
Brown Eyes
Comentários
Mas que tenhamos tempo e esperanças sempre nem que seja pra ver o relógio passar... beijos,bom te ver!chica
Eu já escrevi várias vezes sobre o tempo e com o andar do tempo, cada vez mais raciocino como um "homem negro" em detrimento da terrível pressão sofrida pelo "homem branco".
Chegar a esse estado de realização leva o seu tempo e nem sempre o tempo espera por nós, não é verdade ?
Também tenho uma relação difícil com o tempo, será que ainda vou a tempo de a corrigir ?
beijinho
Fê
Beijinho
Bjos tenha um ótimo dia.
Anajá
Mais uma vez Deus não foi justo quando doou uma coisa diferente ao outro, tratamento desigual como aqueles que dizem representa-lo continua a fazer.
Vivemos o ontem para estarmos presente hoje, adivinhar é proibido, como tal não sabemos se estamos no amanhã, pensando assim, o melhor é viver intensamente o cada momento que o hoje oferece, correr atrás do tempo é um cansaço inútil, ele é muito rápido, não o conseguimos acompanhar.
Dia feliz
ag
http://momentosagomes-ag.blogspot.pt/
Obrigada
Bjus e bom começo de semana.
faz reflectir. Normalmente só a
partir de uma certa idade nos começamos a interrogar do que
fizemos do nosso tempo(porque já
passou algum e não saberemos quanto falta...) e nos interrogamos também, porque começamos a pôr em causa algumas
opções que fomos tomando ao longo
da vida.
Eu sinto muito este problema
sobre o que fiz, com parte do
meu tempo, e tento utilizar o
restante(que não sei se será
muito ou pouco) de uma forma
mais certa, mas também com dúvidas
sobre o que é o certo.
Estive 5 semanas na Irlanda e lá
tenho mais sossego que em Portugal.Andei imenso a pé,
vi muitos animais a pastar,
visitei catedrais belíssimas e
convivi com pessoas de várias
nacionalidades(numa festa de
aniversário)que estavam ali, porque se conheciam de diversos
sítios, e também estavam juntas,
porque lhes faltavam os seus familiares. Esta coisa de os povos
europeus andarem espalhados por
diversos países...Mas estou a fugir ao assunto, espero/desejo
que consiga se encontrar com o seu
tempo e eu vou tentar fazer o mesmo.
Bj.
Irene Alves
O tempo, como o percebemos, disse um dia um tal Einstein, que é relativo, e realmente, não é de agora que digo que antes, ele, tempo, era mais comprido, durava muito mais. Agora o tempo escasseia cada vez mais, e quando dou por mim, o tempo acabou e eu nem o vivi.
Aqui, http://doladodosol.blogspot.pt/2010/06/tempo-de-te-amar.html
- um de meus desabafos ao dar conta de que se me está a acabar o meu tempo.
Bjo amigo
Sending love and hugs.
Sandra Cristina de Carvalho deixou um novo comentário na sua mensagem "Tempo, Tempo, Tempo...":
Belo texto, bem contemporâneo, daqueles que nunca envelhecem.
Gostei muito de seu blog e de sua consciência enquanto cidadã. Parabéns!!!!
Agradeço a visita a opinião e os elogios. Obrigada
Bjus
Eu também tenho um blog, Peregrino E servo, se desejar fazer uma visita
Ficarei radiante,mas se desejar seguir, saiba que sempre retribuo seguido também o seu blog. Deixo os meus cumprimentos e saudações.
http://peregrinoeservoantoniobatalha.blogspot.pt/