A sociedade é definida como um conjunto de pessoas que compartilham propósitos, gostos, preocupações e costumes e que interagem entre si constituindo uma comunidade organizada. Concluímos que as sociedades foram criadas para compartir e ajudar. Não podemos apelidar um aglomerado de pessoas de sociedade. Em Portugal a maioria dos seus habitantes vive para satisfazer os seus próprios interesses e é por eles que luta. Não há defesa dos interesses sociais e comuns ou, quando há, é uma luta perdida que, mais tarde ou mais cedo, acaba por levar ao desespero. São os governantes (aqueles que deviam incutir na mentalidade da população que o bem-estar cívico é primazia e o único objectivo a alcançar, unindo a força individual) os primeiros a dividir e a perseguirem interesses pessoais.
O Português nasce num berço instável, considerando que deve ajoelhar-se ao poder para ganhar estabilidade, que deve ser cego quando a injustiça bate à porta do vizinho (afinal a sua parece intocável), que deve manter-se aninhado no aconchego do seu ninho (enquanto o vizinho está a morrer de fome), que deve deixar-se escravizar sempre que o dinheiro lhe dê notoriedade, que deve apontar os funcionários públicos como culpados, mesmo que nunca tenha contribuído para o Estado, mesmo que fuja constantemente aos impostos. Continuará a querer igualdade sabendo que ele é o primeiro a procurar ser desigual, sempre que saia beneficiado.
Não vivendo nós em sociedade, havendo vários grupos com interesses particulares e só alguns com interesses comuns, eu, farta de contribuir para um estado que não protege todos, farta de ser roubada e atacada decidi agir. Decidi lutar com uma das únicas armas que me resta, o voto. Não vou votar e vou pertencer ao número daqueles que "eles" mais temem: as abstenções, por solidariedade com todos aqueles que têm sido prejudicados com esta crise e contra todos aqueles que a criaram e que recebem por cada voto que têm (leiam o DN, referente às eleições legislativas passadas e ficarão a conhecer o montante que os partidos receberam. Leiam, também, a lei do financiamento partidário). Espero que mais se unam a mim. Vamos responsabilizá-los à força já que não podemos responsabilizá-los judicialmente, a justiça é demorada, dispendiosa e parcial. Como a união faz a força, quem sabe conseguimos uma abstenção maioritária?
O A. João Soares sugeriu, no comentário que fez, que visitasse os seus blogs para ler a sua posição sobre este assunto. Visitei três deles e encontrei o vídeo que publicarei a seguir, no blog A Voz do Povo, no post "Porque razão os contribuintes ainda votam e pactuam", que esclarece os mais cépticos sobre a importância e o valor do seu voto neste sistema, a que chamam democrático. Como não pactuo abstenho-me.
Brown Eyes
Comentários
Sobre este tema há muita coisa publicada no Do Miradouro.
Deixo os três útimos posts:
CONVERSA DE DOIS AMIGOS NO DIA 30
INCERTEZAS PARA A PRÓXIMA SEMANA
CORTES MAIS CORTES ATÉ...
Beijo
João
Obrigada pela visita e pela informação.
Bjs.
Irene Alves
Se não voto, não protesto contra este desmando e entrego aos outros a possibilidade de cotinuarem a gobernar mal ou ainda pior.
Se estava dividida entre votar em banco ou não votar, este vídeo e as tuas palavras, esclareceram-me completamente.
Votar para quê, se somos simples marionetas de uma peça de teatro à muito planeada.
Aliás peço-te autorização para levar a imagem e o vídeo,se me esclareceu não posso deixar de o divulgar.
É muito triste chegarmos a uma fase da vida em que tudo é posto em causa, sem nada termos feito para que assim acontecesse.
um grande beijinho amigo
Fê
Só que , desculpará, penso que não votar é deixar o meu destino e o do país em mãos alheias e isso não dá para mim. E, para cúmulo, fico sem direito moral a abrir a boca para criticar, já que nada fiz para impedir que assim fosse.
Sempre acreditei, como Miguel Torga, que a heroicidade está na resistência, ainda que antecipadamente saiba da derrota: nunca entregarei de mão beijada o meu país a quem quer que seja!
Cordiais saudações
ficou triste de ver o que maus homens fazem como nosso representantes, mas temos que nos rebelar contra qualquer fato que prejudique uma população.
Tenha um ótimo fim de semana e desejo que consigam seu intento.
Concordo com alguns pontos que referes no teu texto, Mary e Respeito a tua opinião. Mas eu jamais abdicaria do meu voto e acho que a abstenção não nos leva a caminho algum.
Não consigo abrir o vídeo.
Bjs
Amanhã, pela primeira vez, vou ser mais uma abstenção. O meu voto é precioso demais para ser desperdiçado. E se todos fizessem o mesmo, hein?
Obrigada pelo carinho!
Tudo de bom.
Bjus
Beijinhos
Justa indignação!
Infelizmente aqui no Brasil vejo o mesmo problema. Não vivemos em sociedade mas sim em meio a grupos que cuidam dos seus próprios interesses!Onde anda o BEM COMUM??! O PENSAR NO PRÓXIMO?!
Quando algum novo sobe ao poder e pensamos que agora sim, vai pensar realmente no povo, nos espantamos com a falta de consideração e indiferença! Cuidam sim dos próprios interesses!
Até tivemos uns movimentos em julho, mas foram fogo de palha. E tudo continua na mesma...
Beijos!
Anajá
No entanto, também acho que quem não vai votar, i.e. se abstém, também está a dizer alguma coisa, não me revendo nas leituras e explicações relacionadas com a preguiça, desinteresse e oportunidades de lazer que,alegadamente, seduzem os/as eleitores/as, segundo algumas leituras que se costumam fazer por ocasião dos atos eleitorais.
Concordo que se deveriam retirar leituras mais sérias acerca do nível de abstenção - que é elevadíssimo - e que tem vindo a aumentar. Sim, também acho que a abstenção pode ser um ato de resistência e, sobretudo, um manifesto, uma recusa em participar ou colaborar no sistema eleitoral democrático tal como está concebido e a funcionar atualmente.
Não obstante o exposto, sempre que alguém se abstém esse não voto beneficia os partidos mais votados (ainda que sejam votados por uma minoria). Veja-se o caso do atual governo: qualquer um dos partidos não teve uma votação magnífica que permitisse fazer a leitura que se faz que é a que o governo foi eleito democraticamente e escolhido pelos/as eleitores/as. Isso não é de todo verdade. O PS, p.e. teve muito mais votos que o CDS, no entanto, é este último que faz parte da coligação governamental. O PSD sozinho, i.e. com os votos que teve não teria condições para governar. E quase 40% das pessoas abstiveram-se. Não se revêm em nenhuma das forças políticas. No entanto, se votassem (em qualquer um dos partidos menos votados, p.e.) contribuiriam para uma maior equlíbrio de forças, isto é, para que a abstenção não funcione contabilisticamente como voto para os partidos mais votados [ainda que não sejam particularmente votados].
Apenas concebo o sistema político em democracia, com eleições e com partidos ou pessoas associadas (em grupos não partidários, p.e.) e embora respeite a decisão de quem se abstém, admito que, neste momento, parece-me urgente mudar de força política e, infelizmente, isso só se faz com eleições e com as pessoas a votar e a exigir outras soluções para a eleição dos deputados para o parlamento.
Beijinhos