Os animais além de serem seres
vivos que me fascinam são seres que respeito, que admiro, que preenchem muitos
momentos da minha vida. Seres indefesos que jamais nos abandonam. No entanto,
são abandonados, maltratados e mortos pelo homem, por aqueles a quem tanto
carinho dedicam.
Recordo-me, não há muito
tempo, ter lido, no
correio da manhã, que um casal do Texas, Warren, tinha decidido pôr a sua
casa à venda para poder gratificar quem encontrasse o seu cão, com 50 mil
dólares (38 mil euros). A sua vida nunca mais seria a mesma sem o seu amigo e
companheiro Sir, um labrador. Acredito que não. Acredito, ainda, que aquele
animal tinha para eles mais valor que a sua casa e não me admirou a atitude
deles. Admirar-me-ia que quem pudesse vir a encontrar o cão se aproveitasse da
situação e aceitasse a oferta. Não sei
como terminou a história, nunca mais consegui encontrar nada sobre a mesma.
Muito temos lido sobre as
consequências da crise em que vivemos e alguns animais acabam vítimas dela ou
pelo menos as pessoas é com ela que se desculpam. O abandono de animais
domésticos aumentou. Em Portugal abandonar um animal não dá cadeia, ao contrário
do que acontece no Brasil onde pode dar até quatro anos de prisão. Dá multa que
vai de 250 a 3740 euros. Hoje não só é obrigatório ter os animais licenciados
como o é, também, atribuir-lhe um chip ao qual está ligado o nome do dono o
que, pensamos nós, impediria abandonos e maus tratos. Estamos enganados, são
abandonados e maltratados.
Ter um animal requer ter
disponibilidade monetária, fazer sacrifícios, ter um lugar adequado para que
ele possa viver feliz e o mais livre possível. Tudo que é pequenino cresce, tudo
que tem vida precisa de atenção, adoece, envelhece e exige que façamos
alterações na nossa vida. Pensar nestes pormenores antes evita dissabores
posteriores para os animais. Eles não são descartáveis. Onde há vida há
sentimentos e um abandono traz, sempre, repercussões negativas na vida de um
animal. Que tal pesarmos antes nos prós e nos contras antes de dar um passo tão
importante?
Em Vilar Real, um cão foi
arrastado por uma carrinha e posteriormente abandonado no parque de
estacionamento do Lidl muito ferido, noticia dada pelo Jornal
de Noticias. O acto foi presenciado por estudantes da Universidade de
Trás-os-Montes, que além de fixarem a matrícula do automóvel pediram ajuda a
uma enfermeira que o levou ao Hospital Veterinário da UTAD e criou, no
Facebook, uma onda de solidariedade que permitiria pagar as despesas do Sparky
(nome que ela deu ao cão). Ele já foi adoptado, está recuperado e a PSP já sabe
quem foi o condutor capaz de um acto tão repugnante. Esperemos que ele seja
fortemente punido.
Portugal devia repensar as
punições que atribui a quem maltrata e abandona os animais, uma multa é
insuficiente. Se um cão morder a alguém com gravidade o cão é executado, é um
animal irracional, mas se um homem maltrata um animal, muitas vezes
causando-lhe a morte é punido com uma multa, sendo ele um animal, dito, racional.
Há aqui uma grande disparidade.
Quem nunca ouviu falar do Capitan,
um cão que dorme na sepultura do dono desde que este faleceu? O cão é fiel
mesmo nos momentos difíceis. Os cães são usados na recuperação física e psicológica de crianças e adultos,
como guias, como detectores de drogas, de armas, de produtos químicos mortais,
de vida em caso de derrocadas. O cão é amigo, companheiro e nunca discrimina,
nem pela cor, nem pelo sexo, nem pela posição social ou religião.
Os cães são o reflexo do dono. Cesar Millan diz que os animais se comunicam pela energia reflectindo, portanto, o estado de espírito dos seus donos. No ambiente natural não há animais com problemas comportamentais. Não há animais maus, há donos maus que devem ser responsabilizados pelas atitudes dos seus animais já que foram eles que lhes ensinaram uma conduta negativa e os criaram como uma arma pronta a disparar. Um animal para que seja saudável necessita de carinho, exercício físico, disciplina e higiene. Viver numa varanda vinte e quatro horas por dia vai leva-lo a ser doente física e psicologicamente.
Aprender a pôr-se no lugar do animal levará a evitar maus tratos e abandonos. Imagem-se a serem deitados num caixote do lixo ou ainda a serem abandonados num ermo qualquer só porque têm uma doença de pele, obrigados a morrerem aos poucos porque perderam a beleza de infância e a saúde com que nasceram. Dói e dói ainda mais se for um amigo a fazer-nos passar por todo esse inferno.
Os animais nunca nos censuram mas não esperam que façamos cair sobre eles a nossa irresponsabilidade ou imaturidade.
Brown Eyes
Comentários
Venho da leitura de um post
Que diz ter a mortalidade infantil
crescido 18%!
Existem os selvagens - tenho medo!
Existem os de que me alimento - sobrevivência porque não sou vegetariana.
Existem os domesticados - muitos campeões treinados para um sem nº de coisas.
Existem aqueles que nem nos lembramos que existem e vivem connosco todos os dias.
Existem os de companhia, e é destes que o teu post nos leva a reflectir.
Aqui onde eu vivo, existem pessoas que se chocam apenas por cães estarem acorrentados. O que nas aldeias é um hábito comum. Nas aldeias, por sua vez, as pessoas chocam-se por saber de animais nas varandas o dia todo... enfim.
Tirando os maus tratos e o abandono de animais de companhia que deveria de ser punido, sem dúvida alguma, é tudo uma Torre Babel.
Deveria de haver mais lei efectivamente.
Bjs
Claro que uma criança é muito mais importante que um animal, mas aqui neste caso, não se trata de conflito de interesses, e não é por se ficar chocado, legitimamente, com um drama humano, que deixa de se lamentar o acto selvagem de VR.
A lei devia ser modificada; ninguém obriga ninguém a ter um animal doméstico, mas se o tem, deve tratá-lo de uma forma digna e não como um brinquedo do qual se deixou de gostar e então deita-se fora.
Lamentável.
Para responder a uma pergunta que me fez há uns tempos no meu blogue... Quando fui a Portugal, em Setembro, meu deus! Fiquei estarrecida. Não precisei de ir muito longe, bastou-me ver as mudanças que houve na minha casa desde que o meu pai ficou desempregado e nós nunca vivemos "bem", quem diz "bem" descreve-o como o que mostra a televisão, aquelas famílias que vão almoçar fora todos os dias, ou o café todos os dias, ou o cabeleireiro todas as semanas. E não estou a criticar quem vive ou viveu assim e teve que deixar de o fazer, mas estou a dizer que a realidade que mostram como má é boa, porque há tanta miséria em Portugal... acho que 80% dos meus amigos estão desempregados. Ainda agora arranjei trabalho para três amigas aqui em Inglaterra, que não tem nada a ver com a área em que estudaram. Mas o que é que isso interessa? A área em que estudámos? As pessoas em Portugal querem é sobreviver! O que eu vi em Portugal foram preços de bens essenciais ao nível de Inglaterra e aqui ganha-se mais de 2x mais! Vi o comércio tradicional às moscas e a morrer. Vi pessoas que continuam a viver acima das suas possibilidades e não querem saber. Enfim, juro que quando cheguei não consegui dormir a noite toda só a pensar no estado em que os meus pais estão a viver... Enchi-lhes a despensa, comprei-lhes uma máquina de lavar roupa e paguei três prestações da casa. E pergunto-me o que seria de nós, deles, se eu não me tivesse posto a andar desse país? E porque nunca me disseram nada sobre isso. E o meu pai com 48 anos está naquela história do ser velho para trabalhar e novo para a reforma (que acho que não vai chegar a ter) e a situação de Portugal é uma bola de neve que vai ter que rebentar. Com revolução ou com o que quer que for, vai ter que rebentar.
Lady espero que consigas por aí tudo a que tens direito, que sejas muito feliz. Como dizes e bem Portugal não tem futuro. Por mais optimistas que sejamos sabemos isso. Num país em que quem governa só pensa no próprio proveito e não se preocupa com os necessitados, com os seres humanos que aqui vivem não tem futuro. Beijinhos Linda e FORÇA
Toda a violência sobre seres indefesos é a mais vil prova de cobardia.
Penso que é uma questão moral, são pessoas que não respeitam nada nem ninguém, e a desculpa da crise não serve para os encobrir.
A minha avó era uma defensora acérrima dos animais, especialmente cães e até lhe partiram um braço por defender um de ser maltratado. Cresci a respeitar e a defender estes seres que só nos dão bons exemplos.
beijinhos
Beijinhos
Grande abraço querida amiga,
Manuela
Acho que não preciso dizer mais nada.