Avançar para o conteúdo principal

Vida

Ultimamente os assuntos não têm faltado, atropelam-se. Todos os dias há, pelo menos, um que me apetece abordar mas, a falta de tempo chama-me à razão. Tempo que pensava conquistar quando me reformasse mas, parece que, segundo o Orçamento do Estado para 2012, entre 2030 e 2035, as receitas da Segurança Social serão insuficientes para financiar as reformas e  a verba do Fundo de Estabilização da Segurança Social esgota em 2040.
Tenho estado alerta não vá perder, por estar desinformada, a devolução da quantia que descontei até hoje para as duas. Logo que a receba digo um sonoro Adeus à Função Pública e, finalmente, vou dedicar-me, cem por cento, à vida.
Tenho a nítida noção que o trabalho já trouxe felicidade e que hoje serve apenas para engordar os oportunistas. Dali não sei coelho nenhum por mais mágicos que sejamos.
Ofereço, de mão beijada, o meu lugar a um desses invejosos que teimam em dizer, à boca cheia, que somos beneficiados. Antes que caiam, quero avisá-los que só tínhamos direito ao subsídio de Férias e de Natal e como esses já se foram, foram e não foram só para quem ganha mil euros, como dizem por aí, tanta gente a ser mal informada por quem pertence ao governo, era para escrever por quem nos governa mas, aí, estaria eu a mentir. Os outros subsídios só mesmo os políticos os recebem e aí sim temos: subvenções mensais vitalícias (subsídio mensal, atribuído pela Caixa Geral de Aposentações, ao abrigo de legislação especial, por tempo de serviço prestado no exercício de certos cargos políticos), subsídio de alojamento (desde que residam a mais de 100 km da capital, os governantes têm direito, por lei, a um subsídio de alojamento que corresponde a 47 euros por dia. Ou seja, 1400 euros por mês), abono mensal de mais de 1900 euros para despesas de representação para os ministros ( juntem-lhe 4821 euros de vencimento) e de 1500 euros para os secretários de estado (vencimento base de 4450 euros), viaturas oficiais, Subsídio de reintegração (previsto como regime transitório na Lei 52-A/2005), dêem uma vista de olhos no  Estatuto Remuneratório dos Titulares de Cargos Políticos.
Falando em governantes lembrei-me das imagens brutais de Kadhafi. Espero que os culpados sejam punidos. Trata-se de um ser humano, um ser humano que merece ser tratado como tal. Troféus humanos? Inacreditável!  Não se esqueçam que hoje fizeram-lho a ele mas ninguém sabe quem será o próximo. Sim porque os ditadores e os crápulas são-no sempre que alguém os assim intitula, não porque eles assim se julguem.
Há uma grande revolta mundial que acabará por cair sobre a cabeça de alguém. Cuidado não vá cair em cima de quem programou esta.  Lá diz o ditado: Quem com ferros mata, com ferros morre.
Morre, morreu uma criança de dez anos, suicidou-se. Porque se suicida uma criança? Pelo mesmo motivo que uma sociedade humana se transforma numa sociedade de consumo, onde o ser foi anulado dando lugar ao ter. Ter que é cada vez mais difícil de manter, havendo, por conseguinte, de iniciar pequenas alterações que evitarão problemas futuros.
As pessoas viveram de aparências, aparências já que sustentaram o seu elevado nível de vida com empréstimos, empréstimos que as arruinaram. Estando as famílias arruinadas quem são as vítimas? As crianças, os adolescentes que aprenderam a ver e a ser vistas pelo que ostentavam ou viam ostentar, que viveram no País das maravilhas e que descobriram como marginalizar.  O chamado Bullying que surge de uma relação desigual de poder, leva ao suicídio, leva um ser humano a sentir-se nulo, incapaz, desnorteado e perdido.
Tomar medidas para impedir a ostentação de poder nas escolas é a solução.  Instituir o uso obrigatório de um uniforme diminuiria o problema. Dizer que todos temos direitos, todos somos iguais, haver uma constituição da república, só por si, nada resolve. Há que agir evitando a desigualdade, incutindo valores nos mais tenros.
Uma vida tem um valor incalculável e sempre que uma se perde por culpa de alguém, de uma sociedade há que reflectir, tomar decisões, reformar. 
A solução existe enquanto há vida e acaba com a morte. 
A palavra faz parte da vida e não há vida sem palavra por maiores que sejam os nossos Passos.
 Brown Eyes

Comentários

Helga Piçarra disse…
O mundo é realmente cada vez mais um lugar injusto e cruel. Que fazer para mudar isso? Não sei. Não sei se algum dia saberemos, de tão domesticados que estamos para seguir as regras que nos são impostas sem protestar. Haverá sim, alguém que nos sabe domesticar e fá-lo muito bem, mas nem para esses garanto melhor futuro.
Mais uma excelente reflexão que nos trazes.

Beijinho
Brown Eyes disse…
Helga o nosso problema, de alguns, felizmente ainda não é o meu, é termos deixado de lutar e os motivos são vários. Ainda não é o meu mas não sei se um dia não me cansarei, sim porque se não és igual acabas por ter que andar numa luta constante. Quantas vezes paras e perguntas: Vale a pena? Domesticada ou não acabas por ter que arcar com as consequências dos actos dos domesticados e dos domesticadores. Aí está o problema. Beijinhos
Fê blue bird disse…
Minha amiga:
Este teu desabo justo e sentido dava um grande e útil debate.
Já algum tempo cheguei à conclusão que o materialismo destruiu por completo a sociedade e as famílias.
Tudo se desmoronou, a ostentação e as aparências são a nova moral instituída.
As televisões mostram a que nível chegámos com a exibição de espectáculos degradantes, como o caso da morte do Kadhafi.
Infelizmente paga sempre o justo pelo pecador, e custa sentir que quem viveu com alguma contenção e distanciamento agora seja alvo destas injustiças.
De vez em quando a minha chama ainda se reacende, mas confesso-te que estou a ficar mesmo muito cansada e deprimida com isto tudo.
Fazes muito bem em seguir os teus objectivos e viver como gostas e mereces.

beijinhos
Johnny disse…
Concordo plenamente com a necessidade de incutir "nos mais tenros" os valores que nos regem enquanto cidadãos. De pequenino é que se torce o pepino e são esses mais tenros mal-educados (no sentido mais lato e restrito do termo) que originam maus trabalhadores, seja no público ou no privado.
Brown Eyes disse…
Fê sem duvida que destruiu tudo. Há um assunto que nunca aqui abordei, a emancipação da mulher, que contribuiu bastante para que se perdesse a família mas infelizmente o vencimento do marido deixou de ser suficiente. Ela pensou que ganhou alguma coisa mas só perdeu. Perdeu tempo, liberdade e o sossego para olhar pela família e estar presente. Esta sociedade é uma correria que não leva a lado nenhum. Kadhafi, um espectáculo que repugna mas já li, num blog aí da praça, que ele merecia. Parei de seguir o dito blog. Pena que as pessoas nunca se consigam pôr no lugar das outras, não é? É que a injustiça existe e todos nós estamos sujeitos a ela. Matar alguém, como ele foi morto, não é humano. Um animal não faria o que lhe fizeram. Fê não te deixes reprimir, tem "FÊ". Imaginas o que estas medidas têm custado na minha vida? Lembra-te que tenho uma vida que me leva a gastar muito dinheiro, só em viagens, duas casas, etc. No entanto, mesmo tendo que contar os trocos, tendo que ter deixado alguns luxos de parte como as idas à cabeleireira semanalmente, andar a poupar todos os dias, continuo a acreditar que um dia vamos acordar e tudo isto passou. Acredita amiga. Sempre me dei bem a acreditar, tudo se resolveu. Beijinhos e vamos lá ter FÊ
Brown Eyes disse…
Johnny maus trabalhadores tanto existem no público como no privado, tens toda a razão. Já entrei em lojas apenas uma vez porque não gostei da maneira como fui tratada. Como sou sempre sincera, mesmo que não seja compreendida, muita gente precisa de viver a situação para compreender os outros, eu hoje no trabalho cumpro apenas a minha obrigação e mais nada. Não daria um minuto ao serviço e sinto-me roubada diariamente. Hoje não ganho para estar presente e tudo o que recebo é-me roubado. Os velhos chefes fazem muita falta, esses sim tinham a noção do que era chefiar. Estes fulanos agora pensam que estão a lidar com gado e a verdade é que há muito gado que só guiado consegue fazer alguma coisa. Destruíram tudo, incentivos não há. Antigamente podíamos não ser bem pagos mas o nosso mérito era reconhecido pelo chefe hoje nem isso. Quero o dinheiro que dei até hoje para a Caixa Geral de Aposentações e Segurança Social e ir-me embora. É difícil alguém que tanto se esforçou para estar formada e informada viver no meio de gente nula, ser chefiado por chulos, ser roubada constantemente e chegar ao fim do mês com o dinheiro contado e sem poder fazer-se a ele próprio um mimo. Faltam os ditos valores que parece que surgem no berço.
Beijinhos.
Janita disse…
Olá
Quem tem olhos castanhos ( leais) só poderia falar com esta frontalidade e clareza de espírito!

Tão certo tudo o que disse. Vivemos tempos conturbados e injustos. A notícia da morte dessa criança deixou-me mais amedrontada do que as terríveis medidas de austeridade - segundo eles-que só vão afectar aqueles cujas vidas já eram suficientemente austeras.
Como avó de dois rapazes temo pelo que lhe poderá acontecer ou que eles possam fazer.
Sabe? Não gosto nem nunca gostei de me alhear da realidade, mas por vezes sinto necessidade de fugir e refugiar-me num local onde o sonho ainda possa estar ao meu alcance. Esse local é o meu blog.
Gostei muito de a ler e agradeço a sua visita. Gostaria muito de continuar a partilhar ideias e opiniões consigo.
Um beijo.
Janita
Brown Eyes disse…
Janita eu sou peixes e como sabe vivemos num mundo de sonho, andamos sempre na lua, a sonhar. Conheço demasiado deste mundo para não precisar de fugir dele, recuperar forças dentro do meu, onde tudo é diferente, onde continuo a acreditar no ser humano e na sua capacidade para recuperar tudo o que tem perdido. A realidade por mais crua que seja nunca deve conseguir vencer-nos, há que criar algo que nos proteja, um blog, a natureza, um animal, o nosso pensamento...Continuaremos decerto a partilhar as nossas ideias, opiniões e afinidades. Beijinhos e obrigada. Sempre que tiver oportunidade visitarei o seu blog.
Vivian disse…
Olá,Brown!!

Mesmos problemas, em países diferentes!! A injustiça não tem fronteiras!é triste, mas cada vez mais as pessoas estão se acomodando...e só reclamam...na hora de fazer alguma coisa, poucos aparecem!!
Mas mantenho a fé, de que um dia mude,minha parte como mãe, estou fazendo, educo meus filhos para que eles também saibam exigir seus direitos(e principalmente cumprir seus deveres!), se todos fizessem isso, a sociedade do futuro com certeza seria melhor!
Beijos querida!!
Bom final de semana!!
Brown Eyes disse…
Vivian o problema está mesmo aí nem todos fazem e os que fazem acabam por pagar uma dura factura. Beijinhos
Bom fim de semana
Minha querida e estimada amiga, li
com a atenção de sempre o seu
comentário, que muito agradeço.
Irei reflectir muito nele, preciso
mesmo de pensar a sério um pouco
mais em mim, perante a impotência
que às vezes sinto no que fazer
por quem já tanto fiz.
Agradeço do coração as suas sábias
palavras.
Um beijinho
Irene
Bom fim de semana
Anónimo disse…
Volto amiga, para ler cuidadosamente o teu post, que sempre merece toda a minha atenção.
Agora deixo só um beijinho e votos de bom fim de semana.


* Na outra casa
Kruzes Kanhoto disse…
O sentimento de inveja, e até de algum ódio, que muitos dos que trabalham no sector privado têm aos funcionários públicos é estimula pelo poder politico. Sócrates, como Coelho, usam-no para impor a TODOS condições de vida cada vez piores e mais terceiro-mundistas. Lamentavelmente há ainda quem não perceba a golpada, embarque na cantilena e leve a vida a injuriar quem trabalha para o Estado. Podia dizer que são estúpidos mas limito-me a ter pena da sua ignorância
Anónimo disse…
Há uma panela de pressão que está há demasiado tempo ao lume. Um destes dias rebenta...
mz disse…
OS temas são muitos, de facto, é um atropelo de situações dentro e fora do nosso país. É imperioso falar, comentar, estar alerta e principalmente saber ESCUTAR as palavras e os silêncios.

MAs minha amiga, reaveres tudo o que descontaste? Isso é surreal... imagina se todas as pessoas decidirem fizer o mesmo...

Bjnhs
Brown Eyes disse…
Irene pensa e decide-te por ti. Ninguém o fará por ti. Beijinhos
Brown Eyes disse…
Ná volta quando puderes. Este blog estará sempre aberto para ti. Beijinhos
Brown Eyes disse…
Kruzes Kanhoto deixei de ter pena desse tipo de ignorantes. Pena tenho dos ignorantes que têm a humildade de assumir a sua ignorância. Como humildade é raríssima neste país....Obrigada
Beijinhos
Brown Eyes disse…
Carlos maldita panela que nunca mais rebenta. Começo a acreditar que nada poderá provocar a explosão.
Beijinhos
Brown Eyes disse…
MZ surreal é tu estares a descontar balurdios para algo de que nunca irás usufruir, não? Se houvesse justiça neste país era assim que se resolveria o futuro de quem está a descontar. Sim porque com o que te tiram mensalmente é possível encontrares uma solução, já não há dinheiro e não te esqueças que a envelhece pode até impedir-te de e mexeres. Quem te sustentará depois? Morrerás debaixo de uma ponte? Sim porque os lares são para quem tem dinheiro. Não podendo trabalhar como viverá um velho a quem lhe roubaram a reforma. MZ vês alguém pensar nos outros? Vês quem recebe hoje 2 e 3 reformas pensar em ti? Mulher tu não existes. Escutar escutamos nós muita coisa mas, depois, sai tudo ao contrário e as boas intenções não saem do pensamento para o papel.
Beijinhos
Petra disse…
Por concordar tanto com tudo que dizes, é que por vezes me apetece por a andar para uma ilha deserta..... Acredita...
Brown Eyes disse…
Acredito Petra. O ser humano hoje move-se apenas pelo interesse e para alguém que é HUMANO dói conviver diariamente com "COISAS" dessas. Coisas porque não podemos chamar gente. Beijinhos e bom fim de semana.

Mensagens populares deste blogue

A droga da fama

Ao longo da minha vida fui tirando conclusões que vou comparando com os acontecimentos do dia a dia. Muito cedo descobri que ser famoso, ser conhecido, ou até mesmo ter a infelicidade de dar nas vistas, mesmo sem nada fazer para e por isso, era prejudicial, despertava inveja e esta, por sua vez, tecia as mais incríveis teias. Todos, algum dia, foram vítimas de um boato. Todos descobrimos a dificuldade em o desfazer, em detectar a sua origem mas, todos, sabemos qual o seu objectivo: ceifar alguém. Porque surge ? Alguém está com medo, medo de que alguém, que considera superior, se o visse igual ou inferior não se sentiria barricado, lhe possa, de alguma maneira, fazer sombra. Como a frontalidade é apanágio apenas de alguns e porque, a maior parte das vezes, tudo não passa de imaginação, não se podendo interpelar ninguém com base nela, não havendo indícios de nada apenas inveja parte-se, de imediato, para o boato. Assim, tendo como culpado ninguém, porque é sempre alguém que ouviu

Carnaval de Vermes

Vermes, quem são? Aqueles que jogam sujo, aqueles que não medem meios para chegarem a um fim, aqueles que prejudicam deliberadamente, aqueles a quem eu afogaria à nascença e sou contra à justiça feita pelas próprias mãos mas, afogava-os, com todo o prazer.  Não merecem viver,  muito menos relacionarem-se com gente. Vocês acham que sou condescendente só porque o verme é vizinho, conhecido, amigo ou familiar? Não. É verme e  como tal não lhe permito sequer que respire o mesmo ar que eu.  Se todos pensam assim? Não. Há quem pense que temos que aceitar certo tipo de vermes, que há vermes especiais,  os   do mesmo sangue, porque fica bem haver harmonia no lar ou até porque … sei lá porquê, não interessa.   Não sei? Não será porque têm medo de serem avaliados negativamente, pela sociedade, se houver um verme na família, se tomarem uma decisão radical para com esse verme? Se for filho têm medo que o seu papel como progenitores seja posto em causa, que isso demonstre que falharam, que  

Surpreendida com rosas

Um dia, há uns anos largos, anos cinzentos, daqueles em que tudo se encrespa, entra pelo meu gabinete uma florista, que eu conhecia de vista, com um ramo enorme de rosas vermelhas e uma caixa com um laçarote dourado. Ela: Mary Brown? São para si. Eu: Sim, mas,… deve, deve haver aí um engano. Não faço anos hoje, nem conheço ninguém capaz de me fazer tal surpresa. Ela: Não há não. Ligaram-me, deram-me o seu nome, local de trabalho, pediram-me que lhe trouxesse este ramos de flores, que lhe comprasse esta prenda e que não dissesse quem lhe fazia esta surpresa. Aliás, acrescentaram, ainda, que a Mary nem o conhece mas, ele conhece-a a si. Eu: O quê? Está a brincar comigo, não? Não, não posso aceitar. Fiquei tão surpreendida que nem sabia como agir, aliás, eu estava a gaguejar e, acreditem, não sou gaga. Ela: Como? Eu: Não posso aceitar. Não gosto muito de ser presenteada, prefiro presentear, muito menos por alguém que não conheço. Imagine!  Era só o que me faltava. Obrigada mas não