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Democraticamente Acorrentados

Democrático e livre é assim que os portugueses acham que é o seu país.  Julgam que vivem: em democracia e em liberdade.
Vivemos numa pseudo democracia e temos a percepção que somos livres. Alguém se lembrou de apelidar este regime de democrático só porque o povo elege o governo*. Governo que após as eleições não respeita quem o escolheu nem, tão pouco, as condições em que foi eleito. Faz o que quer até às eleições seguintes. Durante quatro anos dita e “faz cumprir” o que lhe apetece e a quem lhe apetece, reina, tira proveito. Não interessa que não volte a ser eleito porque sabe, de antemão, que mais ano menos ano volta a estar no poder.
Em Portugal os partidos são eleitos por ciclos, cai o Ps entra o PSD e vice-versa, não há mudanças. O povo não tem nenhuma influência na maneira como o seu país é governado. Qual a diferença de chamar este regime de democrático e chamarem outros de ditadores? Não serão estes governos tão déspotas e autoritários como numa ditadura? Todos os direitos que tem o povo são, apenas, ilusórios, aparentes e falsos. Todos sabemos que a justiça está, dia para dia, menos equitativa que o povo deixou de poder contar com ela.  Que interessa termos direitos se, depois, não podemos goza-los? Se podemos, até, ser punidos por termos usufruído de um deles (caso do pessoal que após fazer greve é despedido ou posto de lado). Qual é a diferença em termos direitos e não podermos desfruta-los ou sabermos, de antemão, que não os temos?Pode, ou não, um ditador ser justo?
É tudo perfeito, somos todos iguais, temos todos os direitos, no papel, mas a realidade é bem diferente e, como eu vivo no mundo real, não me iludo com palavras pomposas. Que adiantaria? Um dia a verdade afluiria.
Liberdade? Que liberdade quando tenho que seguir à risca imposições descabidas que limitam a minha vida, os meus gostos, as minhas opções? Que liberdade se pago para fazer cumprir os meus direitos? Que liberdade se estou constantemente a ser vigiada? Que liberdade se me impõem deveres diariamente sem contrapartida? Que liberdade se me obrigam a pagar as dividas que os outros contraíram? Que liberdade se não sou ouvida na aplicação dos contribuições que me são impostas? Que liberdade se  me tratam pior que um delinquente? Que liberdade se não me deixam usufruir do produto do meu trabalho? Que liberdade se me impõem até o tipo de alimentação que devo fazer? (Ao imputarem aos produtos alimentares diferentes taxas estão a escolher, por mim, os produtos que eu posso adquirir). Estará  a liberdade ligada à obrigação? Que me interessa ser alegadamente livre, poder teoricamente falar, ter falsos direitos e viver num país onde a justiça não passa de teoria, onde a minha voz não é ouvida?
Nada. 
Somos os modernos escravos, com grilhões fiscais, cevados com coacções impostas pelos amos, consequência da sua pérfida administração e da sua desmedida ambição.
(*se o povo escolhe o Primeiro Ministro está, portanto, a escolher o governo) 
Brown Eyes

Comentários

João Roque disse…
Obrigatório ler, para depois reflectir.
Sou anti-ditador por natureza, mas cada vez menos acredito na democracia, pelo menos naquela em que vivo.
Brown Eyes disse…
pinguim também não acredito nela e admiro cada vez mais o Salazar. Pode parecer estranho mas, à medida que o tempo for passando os portugueses sentirão a sua falta. Estas facilidades democráticas não passam de utopia. O povo vive infeliz, com a corda ao pescoço e são tratados como verbos de encher. Beijinhos
Eva Gonçalves disse…
Mais um texto interessantíssmo. Eu acredito que até ver... não se inventou regime melhor que a democracia... no sentido de sermos nós a escolher quem nos governa... nós é que somos demasiado passivos e não reclamamos o cumprimento de promessas. Não obrigamos os governos a estar mais acessível ao povo e vice-versa. Não controlamos o que o governo faz. porque eles é que trabalham para nós... mas esquecemo-nos disso e eles também! Não adiantam manifestações pacíficas e ordeiras... se não temos organismos próprios de controle de como se gasta o nosso dinheiro e não podemos obrigar quem usurpa desse dinheiro, a pagar consequências... todo o poder está invertido...delegamos para não nos chatearmos mais até às próximas eleições... e reclamamos... mas as instituições continuam a ser as mesmas e o funcionamento do Estado é o mesmo... em relação à Europa é uma desgraça total... tornamo-nos subservientes e de mãos atadas... ninguém é verdadeiramente livre neste mundo globalizado... ainda assim, prefiro viver aqui, do que em lugares piores... e olha, que ainda há muitos piores. Beijo
AC disse…
Um texto muito lúcido, Mary, parabéns!

Beijo :)
Brown Eyes disse…
Eva não há união, cada um vive para si, é, portanto, impossível fazer cumprir seja o que for. Tens visto as manifestações que tem havido em outros países europeus, que estão melhor que nós, no nosso não há nenhuma. Os lutadores parece que morreram todos, hoje luta-se solitariamente pelo tacho e quanto mais dificuldades mais mansinhos ficam os portugueses. Este é um povo de cobardes. Que faz alguém só? Só e sabendo que a justiça, como o governo não é para todos nem de todos? Só te digo que eu sempre preferi os professores e chefes que os outros chamavam ditadores, exigiam mas davam e nem permitiam abusos, abusos que a mim sempre me incomodaram. Permitiam um ambiente de paz. Estes exigem, nada dão, não há organização, não há segurança, não há nada, apenas muitos oportunistas.
Beijinhos
Brown Eyes disse…
AC obrigada. Este texto é o reflexo de alguém que está farto de hipocrisias e sacrifícios.
Beijinhos
Anónimo disse…
Olá amiga Brown Eyes!

Já tinha saudades... bem vinda!

Como diz, e muito bem, estamos cada vez mais longe da prometida democracia, da qual sou defensora, mas que deve ser real e não esta farsa.
A actual situação mais se vais assemelhando a uma ditadura, ora mais camuflada ora mais explícita.
O povo está demasiado letárgico e a juventude irreverente e constestária de sempre, está agora amorfa, viciada em dependências consumistas e pouco mais.
Têm tudo de mão beijada e vão parasitando até idades inconcebíveis nos próprios pais.

Este tema sempre me deixa alterada, mas a verdade deve ser dito claramente.

A culpa é de todos.

De PS para PSD nunca mais vamos a lado nenhum, já todos vimos que não, mas quando será que O POVO abre os olhos?????????

Já aqui disse uma vez, sou a favor de um Governo de Salvação Nacional, um Governo com mão de ferro, que obrigue à devolução de tudo o que nos foi roubado e que taxe quem até agora delapidou o país.

Escravatura é o tema do meu post, e não foi por acaso que o escolhi.

Beijinhos amiga.
Brown Eyes disse…
Ná já passei por lá, está excelente. Hoje arranjei uns minutos, que acabam por ser horas, para visitar os blogs das pessoas que sigo. Este tema também me revolta, principalmente ver que este povo continua a dormir, a achar que vive em democracia e é livre. Será que eles sabem o que é liberdade? Não e nunca saberão, assim como não saberiam usufruir dela. Têm o direito ao voto e insistem sempre no mesmo erro. Beijinhos
Anónimo disse…
Como ninguém "corrigiu" nem o disse... vou eu escrever:

O Povo, tcp MANADA, não escolhe GOVERNOS... limita-se a escolher entre os escolhidos, e apenas os candidatos a Primeiro-Ministro.

As listas de deputados são tão voláteis como o éter!

A democracia com este formato não é coisa que valha muito... mas não me apetece agora esticar muito mais este comentário...
Brown Eyes disse…
voz a 0 db de qualquer maneira obrigado pelo que foi acrescentado. Como escolhemos apenas o cabecilha acabamos por ficar nas mãos do bando. Nunca sabemos quem o vai acompanhar, portanto é sempre arriscado. Diz-me com quem andas...Depois também teriamos que acrescentar o bando europeu e outros bandos que andam por aí e que servem apenas para acrescentar as correntes.
Unknown disse…
Boa noite, Brown Eyes!
Aplaudo de pé o seu texto. Há muito que venho dizendo que vivemos uma falsa democracia, não com textos tão completos como este, mas através da minha poesia. Somos sim, os "escravos modernos com grilhões fiscais, cevados com coações impostas pelos amos..." e iremos continuar a sê-lo enquanto os Portugueses forem assim obedientes e acomodados. Não estou a falar de violência, mas sim de uma revolta unânime que mostre claramente a quem nos governa o nosso descontentamento. Quando ouço nos órgãos de comunicação, que cada Português deve não sei quanto ao estado, fico completamente furiosa, porque eu, não devo ao estado rigorosamente nada, e que saiba também não contraí qualquer divida.

Este assunto, tira-me do sério e daria pano para mangas, mas hoje, fico-me por aqui.

Grata pela sua visita.

Beijinho,
Ana Martins
Brown Eyes disse…
Ana este assunto está ainda muito incompleto, nós sabemos que muito mais há para dizer mas,ficará para outra altura. Tal como a si também me revolta. Fui uma pessoa que vivi apenas do fruto do meu trabalho, nunca comprei nada que não pudesse pagar, nunca contrai dívidas, queria ser livre, sem ter o peso de um empréstimo às costas, tudo o que tenho saiu-me do corpo, nunca usei uma cunha, nem para ir ao médico e agora, de repente, vejo-me obrigada a acarretar com o peso das dívidas dos outros só porque neste país anda há anos sem rei nem roque. Há anos que não tenho um aumento de vencimento, porque estamos em crise e agora esqueceram-se de me perguntar quanto gasto para viver e diminuem-me o ordenado de dia para dia. Quem paga as minhas contas? Onde estão à espera que os trabalhadores vão buscar o dinheiro? Sim porque nós somos os únicos que vivemos do fruto do nosso trabalho e a nós ninguém nos dá nada, nem queremos. Não estamos habituados a pedir, nem a roubar e muito menos a desviar.
Sempre que poder irei visita-la. Beijinhos e obrigada.
Minha querida amiga, fiquei muito
sensibilizada com este seu texto
o qual subscrevo totalmente.Eu
ate não acredito que os "resultados
eleitorais sejam verdadeiros, isto é,
que sejam a soma dos votos reais
colocados pelos votantes nas urnas".
Não o posso provar, mas acho mtº.
estranho "a conveniência dos
resultados" dar sempre certo.
Eu ando imensamente revoltada com
tudo o que este Governo está a fazer, e pela "aparente apatia"
dos portugueses...Manifestações
só para Outubro, mas aí já as
medidas a favor da MORTE e contra
a SAÚDE estarão todas tomadas e
tudo o resto que vão decidindo a
cada dia...
E o Cavaco agora está sempre
conivente com o Governo e aprova
tudo...
Realmente tem razão minha amiga,
que nos interessa esta democracia?
Passos Coelho já veio dizer que
não tolera actos incendiários...
(para ele uma manifestação é isso?)
então porque não tem a coragem de
proibir maniestações?
E muito sorriem eles? De que sorrirão?
É realmente triste ver o nosso
país a ser governado(????)desta
forma e o povo devia ser menos
submisso...parece que está
anestesiado...Não percebo!!!
Um grande beijinho,e este seu
texto devia saltar para os jornais,
para tudo o que pudesse dar a
possibilidade de ser lido por
mais pessoas.
Vou colocar no meu blogue uma
chamada de atenção para este
seu post, para que mais pessoas
o possam vir ler.
Beijinhos, amiga.
Irene
Petra disse…
Vivemos numa hipocrisia, onde ainda muitos acham que são livres....
*** Cris *** disse…
Olá,td bem?
Cada vez mais encontramos pseudo democracia e o pior é que a maioria se acomoda com essa situação.
Bjs!
*** Cris *** disse…
Olá,td bem?
Cada vez mais encontramos pseudo democracia e o pior é que a maioria se acomoda com essa situação.
Bjs!
Brown Eyes disse…
Irene espero que haja neste país mais pessoas que chamem os bois pelo nome. Chega de fazerem de nós animais irracionais. Este regime não nos interessa porque é liderado por gente sem escrúpulos que vivem à nossa custa. Cavaco Silva, Mário Soares deviam calar-se porque têm muita culpa do estado do país. Palpites não precisamos. Precisamos é de gente digna e honesta. Beijinhos
Brown Eyes disse…
Petra pois é, vivem num mundo que eu não vejo. Beijinhos
Brown Eyes disse…
Cris o problema é esse: acomodarem-se mas, esse comodismo foi-nos incutido, tiraram-nos completamente a força de agir. Os subsídios foram um dos elementos para nos paralisarem. Quem prefere viver de subsídios do que do trabalho, quem não quer ter uma sociedade justa? Se ela fosse justa teríamos trabalho já que não haveria tachos distribuídos, vários até pela mesma pessoa. Beijinhos
Vivian disse…
Olá!

Vim do blog da Irene!
Impressionante seu texto, principalmente porque falas da situação de Portugal, e vi muitas semelhanças com a do Brasil!!Concordo com seu texto, estamos nos iludindo achando que vivemos em democracia!!
Parabéns pela lucides do texto!
Beijos!
Brown Eyes disse…
Vivian obrigada pelo comentário. A Irene maravilhosa e preocupada com o futuro do país e do mundo. Muito tem contribuído nesta blogsfera para nos informar. Este assunto já há algum tempo que me traz pensativa talvez porque eu tenha sido, toda a vida, uma pessoa preocupada com a liberdade e capaz de lutar por ela. Agora sinto-me, a cada dia que passa, cada vez mais presa, sem opção de escolha o que faz de mim uma pessoa revoltada. No Brasil passasse o mesmo, claro que sim. Houve várias causas a nível mundial que contribuíram para isto, uma delas foi a globalização que acentuou o desrespeito pelo ser humano e transformou muitos de nós em seres materialistas, deixamos de ser humanos.
Beijinhos
Excelente texto...
Cumprimentos
Democracia
é uma palavra usada e abusada que já não corresponde a nada!...

Começamos por ser escravos de nós
próprios.
Escravos do pc
escravos dos hábitos
escravos das canseiras
escravos do ambiente
escravos da nossa miséria.

E sonhamos (quem tem sonhos, eu os perdi) que somos livres...mas não
somos nem nunca seremos...mas não
acreditamos e continuamos na mesma
canseira de sempre.

Muito bom o teu texto!Muito ignorado o que escrevo. Nasci no tempo errado e escrevo poesia para
uma dúzia de amigos...mas entender o que escrevo?
Cada um dá o que pode...eu dou, ou penso que dou, mas quem entende este meu trabalho? E me interessa saber? Não me interessa!Odeio!
Um dia não volto e fica tudo arrumado!

Um beijo,

Mª. Luísa
By Me disse…
Fantástico!!! Tudo dito!!! Somos efectivamente os modernos escravos...destaco todo o último parágrafo do texto!!!

Brilhante como sempre!!!!

Beijoca!!!!
Lady Me disse…
Subscrevo! É que é mesmo isto! Infelizmente!


Beijinhos*
mz disse…
Por enquanto e ainda antes este estado democrático e de liberdade do que uma ditadura que os nossos pais e avós viveram.

Eu vivo em liberdade de expressão, credo e liberdade política. Tu não?
Brown Eyes disse…
Maria Luísa Espero que consigas novamente sonhar, podemos perder tudo mas a esperança nunca, esperança que está interligada com os sonhos. Conhecer a realidade não significa perder a esperança, eu ainda tenho a esperança que o Homem volte a ser valorizado.
Volta sempre, estarei sempre à tua espera. Não te revoltes contra a vida que ela tem sempre uma surpresa, boa, para nós, felizmente.
Beijinho
Brown Eyes disse…
Pedras obrigada. Beijinho Grande.
Brown Eyes disse…
Lady Me obrigada pelo comentário. Beijinhos
Brown Eyes disse…
MZ não, nem eu nem milhões de Portugueses. Tudo depende se a tua opinião é igual ou não à de quem te dirige. A minha não pode ser. Enquanto houver injustiça não posso estar de acordo com os dirigentes deste país. Também vivi nesse regime, já tenho uns anitos e convivia com muita gente que sentia feliz. Hoje não vejo o povo português feliz, tu vês? Beijinhos
Manuela Freitas disse…
Olá querida Mary,
O teu texto está brilhante...toca em todas as feridas da democracia, que realmente tem uma liberdade e uma justiça muito condicionadas, além de tudo o mais que dizes de uma forma muita lúcida.
Parabéns e beijinhos!
Manu
Brown Eyes disse…
Manu obrigada. Não seria difícil modifica-la mas, quem o quer fazer não tem poder e quem o tem... Beijinho
Johnny disse…
As iludências aparudem, de facto... mas como alguém disse, vai-se pelo menor mal... tentando que as liberdades cortadas nos afectem o menos possível, fazendo o máximo por depender menos deles todos.... cambada de chupistas!!!
lunatiK disse…
Viva Brown
A liberdade apregoada pela democracia (minúsculas propositadas ;) ) não é nada mais de que uma ditadura capitalista, onde julgamos ser livres, mas somos na realidade escravos do consumo e do dinheiro. A questão é simples se o problema é dinheiro, e o dinheiro é papel, porque não se imprime mais?
Se distribuíssem o dinheiro que recebemos do fmi (minúsculas propositadas novamente ;) ) cada Português ficava com cerca de 7 milhões de euros aproximadamente, ora como não nos vão dar um chavo, imaginem quanto deve cada um de nós...
Bj
Brown Eyes disse…
johnny desculpa lá mas este passou-me. Bijinhos
Brown Eyes disse…
lunatic a nossa divida aumenta de dia para dia e por mais que nos tirem para a pagar nunca estará paga. Beijinhos

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