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Surpreendida com rosas


Um dia, há uns anos largos, anos cinzentos, daqueles em que tudo se encrespa, entra pelo meu gabinete uma florista, que eu conhecia de vista, com um ramo enorme de rosas vermelhas e uma caixa com um laçarote dourado.
Ela: Mary Brown? São para si.
Eu: Sim, mas,… deve, deve haver aí um engano. Não faço anos hoje, nem conheço ninguém capaz de me fazer tal surpresa.
Ela: Não há não. Ligaram-me, deram-me o seu nome, local de trabalho, pediram-me que lhe trouxesse este ramos de flores, que lhe comprasse esta prenda e que não dissesse quem lhe fazia esta surpresa. Aliás, acrescentaram, ainda, que a Mary nem o conhece mas, ele conhece-a a si.
Eu: O quê? Está a brincar comigo, não? Não, não posso aceitar.
Fiquei tão surpreendida que nem sabia como agir, aliás, eu estava a gaguejar e, acreditem, não sou gaga.
Ela: Como?
Eu: Não posso aceitar. Não gosto muito de ser presenteada, prefiro presentear, muito menos por alguém que não conheço. Imagine!  Era só o que me faltava. Obrigada mas não vou mesmo aceitar.
Ela: Mary que vou eu fazer à prenda? Já está paga. Aceite. Já imaginou quantas mulheres gostariam de ter uma surpresa destas?
Entretanto só ouço a voz dos meus colegas, em coro: Aceita.
Bem, aquilo não me estava a agradar nada mas, que era uma cena digna de um filme de amor, de um amor louco, era. Mas que amor era aquele que eu nem conhecia o sujeito?
Será que ainda ia ter problemas por causa daquela surpresa? Não tinha opção. À minha frente tinha uma florista, não tinha o sujeito da dita surpresa.
Dentro da caixa havia um perfume, Tresor, da Lancôme, e um livro com frases  de amor, Palavras de Amor e Carinho, que ainda guardo mas, que nunca li, com uma dedicatória: Para ti que iluminas os meus dias.
Aceitei, nunca forcei a florista a dar-me o nome da pessoa, não queria mesmo saber quem era, fiquei à espera do próximo episódio, meio aterrorizada, confesso, cenas daquelas só mesmo de um louco, pensava eu, nunca chegaram, felizmente. A pessoa não devia pretender mais do que fazer-me feliz, inesperadamente, fazer brilhar o sol em dias de nevoeiro. Nunca soube quem era o anónimo, que me proporcionou a surpresa mais louca da minha vida.  Continuo surpreendida e incrédula.
Brown Eyes

Comentários

Poetic Girl disse…
Querida Brown Eyes sempre contas-te aqui este episódio tão fantástico... :) realmente deve ser algo que te deves perguntar várias vezes, quem será que mandou o ramo? Ainda por cima com tão bom gosto em perfumes? até eu estou curiosa... bjs
Brown Eyes disse…
Bela acreditas que se não fosse o teu post eu já não me lembrava? Pois é tu foste a primeira a conhecer esta história. Esta surpresa foi tão fantástica e tão incrédula que ainda hoje não tenho explicação. Quem seria capaz de algo assim? Sem depois querer tirar dividendos? Ainda há pessoas capazes de actos incríveis. Já fui várias vezes à florista, depois disto mas, nunca lhe falei no assunto. Prefiro que tudo fique assim. Imagina que sei quem é e, detesto a pessoa, é que entretanto posso tê-la conhecido, acreditando que não a conhecia. A surpresa vai perder a beleza, não é? Se a cena tivesse sido filmada ias ver como fiquei embaraçada, não sabia que fazer, nem que dizer, era impossível estar preparada para isto. É daquelas coisas que estão a acontecer mas tu não acreditas que é real. Ainda por cima um perfume que eu gostava, pois é, e rosas vermelhas, as minhas flores preferidas. Pode? Que a surpresa me demonstrou que pode haver pessoas que gostem de nós e nem as conhecemos e, que num terramoto pode aparecer um raio de sol. Beijinhos
meldevespas disse…
Olha que bonito!
Mesmo sem saberes a precedência, calculo que seja pelo menos revigorante saber que alguém te aprecia ao ponto de se dar ao trabalho de uma surpresa dessas sebando de antemão que não vai receber nada em troca. Hoje em dia não é fácil dar e/ou receber, sem o peso do reciproco. É um bocado triste, mas é uma coisa que nos corta a liberdade que às vezes pensamos ter. O dar e o receber devariam ser sempre assim, livres de impostos e taxas como essa surpresa louca, sim, mas muito bonita!
Beijinho
Olhos Dourados disse…
Que cena, e nunca mias apareceu? Eu ficava curiosa o resto da vida!
Brown Eyes disse…
Pois é Mel, devia ser sempre assim. Mas como não estamos habituadas a este tipo de atitudes, imagina o que me passava pela cabeça enquanto tinha a florista à minha frente com um farfalhudo ramo e uma caixa toda embrulhadinha e vistosa? Além de surpreendida estava com medo do que poderia vir a seguir. Pois é, não veio nada e ficou esta surpresa linda. Sabes que já tive surpresas ao contrário? Ah pois já. Fulanos completamente loucos que me fizeram a vida negra. Tive um que me seguiu durante anos de casa, estava casada na altura, ele era meu vizinho, para o serviço e nas voltinhas que eu dava. Bem vou ficar por aqui, quem sabe ainda me apeteça contar esta história, no blog. Este devia ser mesmo um anjo, um anjo que me quis demonstrar que na vida também há cores, nem tudo é negro. Beijinhos
Brown Eyes disse…
Olhos Dourados nunca mais apareceu e, acho que foi esse facto que tornou esta surpresa ainda mais maravilhosa. A pessoa em causa, planeou uma surpresa inegualável, algo tão lindo que é impossível que venha a ter outra situação destas na minha vida, fê-lo sem interesse.
Beijinhos e obrigada.
Mulher a 1000/h disse…
Sniff, sniff... também quero! Adoro receber flores! Por surpresas então sou louca! E por mistérios... txiii... Concerteza que fizeste por merecer! ;)
Brown Eyes disse…
Que alegria Sílvia, já estava com saudades tuas. Estava habituada a ler-te todos os dias. A vida mudou, com o mestrado as coisas ficaram mais dificeis, não é?
Nem sequer sei se merecia mas, duvido! Bem o que é certo é que elas chegaram, como dizes, surpreendemente e misteriosamente.
Beijinhos
Johnny disse…
Pronto. Acho que agora já não há problema se disser que fui... Não, não fui eu.

Mas é um gesto bonito, ligeiramente à stalker, mas bonito.
Brown Eyes disse…
ahahahah. Ligeiramente à stalker, pois foi o que pensei na altura. Mas, passado anos, já posso dizer que foi apenas um gesto bonito.
Luiz Ramos disse…
Uma crônica de um sonho de amor.
Lindo.
Luiz Ramos
Brown Eyes disse…
Obrigada Luiz pelo comentário. Nunca conseguiria sonhar algo assim, excedeu o sonho.
Ginger disse…
Mary, foi mesmo o johnny. É um romântico incurável... não há nada a fazer.

Olha... isso foi mesmo muito giro. Tipo, com o Tresor lá dentro e tudo!! :o
Caramba... o mais estranho é nunca mais te ter dito nada... eu, com o feitio que tenho, ia pensar que ele tinha morrido atropelado ou assim. eh eh eh .. mas isso sou eu, que como tu sabes, não bato bem. ^^

kiss*
Brown Eyes disse…
ahahahahah Ginger quem sabe? Sabes que nunca tinha pensado nessa hipótese? Pode muito bem ter morrido. Beijinhos
chica disse…
Vim ler e adorei!Puxa e que coisa ,fica a imaginação funcionando.Quem seria? beijos,aqui,à espera que passe logo essa noite pois amanhã chega o Gordo! beijos,chica
Brown Eyes disse…
Chica não sei. Foi uma surpresa que ainda hoje está por explicar. Imagino as saudades que tens do teu filhote. Beijinhos

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