Somos insaciáveis, queremos porque queremos conhecer. Conhecer o desconhecido, conhecer o futuro. Perdemos tempo e dinheiro, perdemos a beleza da surpresa, a beleza do mistério. Ele fascina-nos mas, quando se fala de velhice, tudo começa a ficar turvo e não há enigma que alicie. Ela chegará, passo a passo, devagarinho, mudando a cor do cabelo, a força dos membros, o poder da vista, a dureza dos ossos. Olharei para ela, de frente, cara a cara e sorrirei. Ela é minha e como minha amá-la-ei. Amá-la-ei e respeitá-la-ei como, sempre, me amei e respeitei. Medo? De quê? Já caminhámos tanto, já desviámos tantas pedras juntas, já transpusemos tantas vedações, nunca desistimos. Vamos fazê-lo agora? Com esta idade? Não. Vou enfrentá-la. Enfrentá-la com a mesma força que enfrentei a primeira queda, o nascimento do primeiro dente, o primeiro dia de aulas ou, até, o primeiro beijo. A mudança nunca me assustou. Vou agora renunciar a tudo? Deixar-me vencer por uma realidade que se tem vindo a anu...
Ao lerem este blogue, por mais real que pareça tudo o que aqui será publicado, não o imaginem vivido por mim. É uma vida de alguém ou de muitos. Alegrias e sofrimentos que têm apenas intenção de provocar reflexão.