Esta é a história de uma mulher excepcional, com uma voz fabulosa, que nos fazia vibrar de emoção mas, com uma vida marcada, marcada pelo destino, uma vida fatal.Uma vida destruída pela droga e pelo álcool que, no fim da sua vida, conseguiu viver uma grande história de amor.
Nasceu em plena rua, debaixo de um candeeiro, a sua Mãe, cantora ambulante, não conseguiu chegar à maternidade. Sendo esta demasiado pobre entregou-a ao cuidado da avó materna que a alimentou com biberons de vinho que, segundo ela, diminuía os micróbios. Esta, mais tarde ,entregou-a ao Pai, acrobata de circo, quando ele estava de partida para a frente, na primeira guerra mundial que a entregou à avó paterna, dona de uma casa de prostituição. Foram as prostitutas que a criaram. Aos quatro anos foi vítima de meningite que a deixou cega. Recuperou a visão por milagre, da Santa Teresinha do Menino Jesus, em Lisieux.
A sua infância não foi fácil mas, a adolescência conseguiu ser ainda pior. Aos dez anos, com o Pai gravemente doente, começou a cantar pelas ruas, sozinha, recolhendo as moedas que os transeuntes atiravam para o chão. Quando o Pai voltou da guerra fizeram uma vida de artista ambulante miserável. Revela, nessa altura, o seu talento e mostra a sua excepcional voz nas canções populares que canta pela rua, como a sua Mãe tinha feito.
Teve uma filha com dezassete anos, com o seu amante, a Marcelle, que morreu de meningite com dois anos.
Ela não era bonita, tinha apenas 1,53 m de estatura mas, tinha um encanto especial, era uma femme fatal, os homens caíam-lhe rendidos aos pés. Pela sua vida passaram tanto pequenos rufias como homens famosos como Marlon Brando, Yves Montand, Charles Aznavour, Georges Moustaki, Marcel Cerdan e John Garfield. Ela deslumbrava-os, conquistava-os e abandonava-os. Marlene Dietrich ofereceu-lhe um diamante, de um quarto de carat, por uma noite de paixão. Ela seguia vivendo “La vie en rose" até que teve um acidente automobilístico, sofreu fracturas e o médico prescreveu-lhe morfina, para aliviar as dores, da qual ela se tornou, rapidamente, dependente. Diria ela sobre o assunto:
“Durante quatro anos vivi quase como um animal ou uma louca: nada existia para mim além do momento em que me era aplicada a minha injecção e sentia por fim o efeito da droga.”
Injectava-se, através da roupa, momentos antes de subir ao palco e a única vez que não o fez foi apupada pelo público, publico que a adorava, ela era o ícone do seu país, uma diva consagrada. No entanto, nem os amigos conseguiram impedi-la de caminhar para a destruição, bebia descontroladavelmente.
Sem dúvida, esta vida desenfreada que não a preenchia nem a fazia feliz, era a única que tinha e desfrutava-a, assumia-a e cada vez que cantava a viva voz a famosa canção, que a identificava perfeitamente, "Non, Je Ne Regrette Rien" (Não, não me arrependo de nada), enchiam-se-lhe os olhos de lágrimas.
Foi aos 46 anos que encontrou, de repente, o grande amor da sua vida. Surpreendeu o mundo ao enamorar-se, loucamente, por Théo Sarapo, um jovem grego com 26 anos. Casou com ele, um "gigolô", diziam as pessoas, que só queria aproveitar-se da sua fortuna. Quem acreditava naquele amor? Ninguém.
Um ano depois de casar morreu, com 47 anos, vítima de uma cirrose avançada e com as suas funções deterioradas devido à morfina. O grande amor da sua vida durou-lhe apenas um ano.
Théo foi o único herdeiro dela. Os direitos discográficos, de autor e cinematográficos foram parar à sua conta bancária. Isso confirmava as suspeitas de toda a gente. A imagem de “gigolô”, inescrupuloso e oportunista, estendeu-se por todo o mundo, enquanto que o silêncio do grego confirmava todas essas suspeitas.
Sete anos depois, Théo voltou a ser notícia de primeira página nos jornais. Tinha-se suicidado. Sobreviveu até esgotar a “fabulosa” herança recebida de sua mulher, quer dizer, uma lista interminável de dívidas.
A enfermidade e a dependência dela tinham-na deixado na bancarrota e com dívidas até ao pescoço. Ele, em silêncio, foi-as pagando, uma atrás de outra, até deixar totalmente limpo o sagrado nome da sua amada. Quando acabou de pagar o último cêntimo, terminou com a sua existência. Para que a queria, se não podia compartilhá-la com o único amor da sua vida?
Na sua mesa de cabeceira encontraram um bilhete que dizia:
"Pour toi, Edith, mon amour".
Foi enterrado junto dela. No fim estariam juntos outra vez, "À quoi ça sert l'amour" para cantar a duo desde o além.
Desta história de amor, da cantora francesa Edith Giovanna Gassion, conhecida por Edith Piaf ou Môme Piaf, podemos concluir que nunca é tarde para se ser feliz, que o verdadeiro amor existe, onde menos julgamos e esperamos.
..NON, JE NE REGRETTE RIEN
Não, nada de nada...
Não! Eu não lamento nada...
Está pago, varrido, esquecido
Não me importa o passado!
Com minhas lembranças
Acendi o fogo
Minhas mágoas, meus prazeres
Não preciso mais deles!
Varridos os amores
E todos os seus "trémulos"
Varridos para sempre
Recomeço do zero.
Não! Nada de nada...
Não! Não lamento nada...!
Nem o bem que me fizeram
Nem o mal, isso tudo me é bem igual!
Não! Nada de nada...
Não! Não lamento nada...
Pois, minha vida, pois, minhas alegrias
Hoje, começam com você!
Escrita para Fábrica de Letras, Tema Livre
Brown Eyes
Comentários
Estava a trilhar por outra paragem e resolvi visitar ...
Concordo com vc
e concordo muito mais ainda com ela o suficiente pra dizer que trato minha vida da mesma forma, digo na emoção, no amor, enfim nas escolhas, tomo decisão acreditando nelas, tal qual me relaciono com as pessoas e não me arrependo de nada.
Eu conduzo a direção cabe a eu escolher nadar contra a maré ou deslizar sobre as ondas, todas as duas me preenchem a alma.
Bjs e uma boa semana a vc
alem da postagem extremamente comovente!
Adoramos seu blog.
Gostariamos de ter a honra de te-la como seguidora no nosso!!
bjs
lula & Sol
Beijinhos
Beijinhos
Beijinhos
O teu texto, mais uma vez me deixou arrepiada. Adorei. Adoro a veracidade com que nos transmites e ensinas as coisas!
Beijinhos**
Uma belissima historia de vida, que deve ter sido bem dolorosa de carregar.
Eu tenho os meus arrependimentos, acho que todos temos, mesmo ela os tinha, as palavras que se dizem, ou cantam sao uma coisa, e os caminhos tortuosos da vida sao outra bem diferente.
Mas, sim, Mary, tamb´´em vivo com a convicçao de que nunca e tarde...mesmo que por vezes pareça.
Beijo
Mais um gosto em comum, fiz um post em 17/10/O9, sobre ela, assim:
"Nascida Edith Giovanna Gassion, apelidada Môme Piaf, eternizada como Edith Piaf.
Todos nós temos uma canção que nos "arrepia" , apesar de eu não ter muito "ouvido" para a música, há no entanto um grupo reduzido de cantores e compositores que me marcaram ao longo da vida, é o caso de Edith Piaf uma mulher de personalidade marcante e uma desafiadora de costumes que aqui homenageio modestamente." seguia-se um vídeo com esta linda canção e letra da mesma.
Já agora aproveito para lhe recomendar o filme sobre a vida dela, não sei se já o viu, se não espreite aqui,porque vale a pena:
http://cine-estrelas.blogspot.com/2010/01/la-vie-en-rose.html
Beijinhos
Mais um gosto em comum, fiz um post em 17/10/O9, sobre ela, assim:
"Nascida Edith Giovanna Gassion, apelidada Môme Piaf, eternizada como Edith Piaf.
Todos nós temos uma canção que nos "arrepia" , apesar de eu não ter muito "ouvido" para a música, há no entanto um grupo reduzido de cantores e compositores que me marcaram ao longo da vida, é o caso de Edith Piaf uma mulher de personalidade marcante e uma desafiadora de costumes que aqui homenageio modestamente." seguia-se um vídeo com esta linda canção e letra da mesma.
Já agora aproveito para lhe recomendar o filme sobre a vida dela, não sei se já o viu, se não espreite aqui,porque vale a pena:
http://cine-estrelas.blogspot.com/2010/01/la-vie-en-rose.html
Beijinhos
http://sotepeco5minutos.blogspot.com/2009/10/non-je-ne-regrette-rien.html
FOI UMA MULHER MUITO INFELIZ,COITADA...UMA MULHER QUE TINHA AINDA MUITO PARA DAR.....
NÃO É FÁCIL SER ESTRELA...NEM EXISTEM CONTOS DE FADAS...
MARY BROWN...DEIXO-TE O MEU BEIJINHO COM GRANDE AFECTO
Adorei a história que, por acaso já conhecia, mas é sempre bom recordar uma vida com um grande amor.
Beijinho
Caldeira
Para mim Edith foi uma mulher excepcional, como cantora, como pessoa, sempre me emocionam as suas canções, documentários, filmes em que ela aparece e tão pequenina se torna grande, imensa!
Sobre o arrependimento, sei que errei, mas não vale a pena arrependimentos o importante foi tirar ilações e avançar.
Beijinhos,
Manuela
PENSO EU,ATENÇÃO,EU ...QUE ELA PARA CONTINUAR A VIVER PREFERIU ACREDITAR NAS SUAS PRÓPRIAS PALAVRAS...FOI UMA FORMA DE SOBREVIVER Á SUA PRÓPRIA CATÁSTROFE...
MAS SEM DÚVIDA UMA VOZ PODEROSA E INIMITÁVEL
BEIJOS MIL
blogue e seus comentários.Estou
limitada no tempo que posso estar
ao PC daí que não vá tendo possibi-
lidade de visitar todos os meus
seguidores no tempo adequado.
Um beijinho/Irene
Claro que sim, que ela para ter forças acreditava nas suas próprias palavras. Não é fácil ter um azar imagina ter tantos. Ela na infância andou de um lado para o outro, parecia que ninguém a queria. Isso marcou-a e ela acabou por fazer o mesmo aos homens que passaram pela vida dela. A pessoa forte não é a que não sente é a que consegue encontrar uma maneira de esquecer, aparentemente, e ir em frente. Encontrar uma carapaça é essêncial para se continuar a viver. Um beijinho grande.
"Non, je ne regrette rien". E parece que não se arrependeu mesmo.
Beijo :)
Beijinhos
beijinhos
bjinho Ƹ̵̡Ӝ̵̨̄Ʒ